Raimundo Primeiro entrevista médico Pedro Júlio
Pedro Júlio, durante apresentação sobre a hanseníase no Rotary Club Imperatriz

O entrevistado desta quinta-feira, 21 de novembro, do Programa "Nossa Gente", a ser veiculado pela TV PROGRESSO WEB, às 11h e às 22h, é o médico Pedro Júlio Gonçalves. 
Residente em Imperatriz há 26 anos, Pedro Júlio, como é mais conhecido o clínico geral, com formação em Clínica Médica, Dermatologia e Medicina do Trabalho, é natural de Ubá (Minas Gerais), atualmente trabalha na Secretaria de Saúde do Município (Semus), lotado no setor de conscientização e combate a hanseníase, doença causada pelo Bacilo de Hansen. 
Membro do Rotary Club Imperatriz, Pedro Júlio desenvolverá, por meio de apoio da Diocese de Imperatriz, trabalho de esclarecimento sobre os riscos da hanseníase em Imperatriz. Material informativo será distribuído nas igrejas. O objetivo é disseminar junto a população os cuidados que a mesma deve ter no que se refere a hanseníase.
O Projeto Hanseníase vai envolver os Rotary Clubs Imperatriz, Entroncamento e Acailândia. Sinais de alerta: Dor nos nervos e juntas, sensação de choque nos nervos e juntas. 
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil registrou 26.875 casos novos de hanseníase, em 2017. A transmissão ocorre por meio de contato com pacientes não tratados. 
Pedro Júlio alerta, ainda, sobre o registro de novos casos da doença em Imperatriz.
Confira, a seguir, trechos da entrevista.


TV PROGRESSO WEB - Quem é Pedro Júlio? 

PEDRO JÚLIO - Sou um cidadão, migrante das Minas Gerais, de uma cidadezinha da Zona da Mata mineira, chamada Ubá. Em 1975, comecei minhas andanças e fui estudar medicina em Juiz de Fora, também localizada na Zona da mata. Concluído o curso, fui buscar aprofundamento em Brasília (DF), onde fique durante três anos, "atrás da nossa especificação", trabalhando no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Depois, retornei para o interior de Minas. 
Após seis anos por lá, recebi convite para trabalhar em Imperatriz. Cheguei aqui no final de março de 1993, começando a nossa trajetória. Gostei, fui firmando raízes. Estamos aqui, portanto, há 26 anos, ajudando a construir, colocando um tijolinho na "obra" desta grande e maravilhosa cidade.

TV PROGRESSO WEB - Já veio casado?
PEDRO JÚLIO
- Sim. A minha esposa, Áurea Maria, também é de Ubá. Nosso primeiro filho, é de lá. Já o segundo filho, nasceu aqui, em 1993. Quando chegamos a Imperatriz, o nosso segundo filho, também chegou. Ele nasceu aqui.

TV PROGRESSO WEB - Como era a medicina naquela época em Imperatriz?  
PEDRO JÚLIO
- Deparei-me com uma situação um pouco inusitada. Você sabe que o grande carro-chefe da Saúde ainda é o Governo, através do Sistema Único de Saúde (SUS). Naquela ocasião, a gente tinha uma quantidade enorme de hospitais na cidade e todos atendiam pelo SUS, fazendo medicina curativa, não medicina primária. Só que tínhamos muitos hospitais, chegando ao ponto, de, a cada dia da semana, a gente ter um hospital de plantão. A medicina, entretanto, foi se transformando. 
O trabalho feito aqui em Imperatriz, porém, não tinha muita importância, na minha visão. Ouvia muito a população dizer que, naquela época, tínhamos uma conexão aérea feita via Varig. Ou seja, o melhor hospital, o melhor serviço de saúde, era praticado pela empresa aérea. Quem não tinha condição de pegar esse voo, tinha de recorrer a Teresina (Piauí). Portanto, ao longo dos 26 anos, ocorreu uma mudança técnica na medicina de Imperatriz, aportando na cidade vários colegas, especialistas em diversas modalidades. Hoje, quem é daquela época, observa uma transformação extraordinária. 
Temos medicina de ponta, fazendo praticamente todos os serviços da área. Já dispomos de apoio diagnóstico em todas as áreas. Nossa medicina é de vanguarda, evoluiu muito. O que falo pode ser facilmente constatado. 
Mudanças verificadas em virtude da iniciativa dos médicos, que acreditaram no potencial da região. 

TV PROGRESSO WEB - Quais eram os seus principais desafios?
PEDRO JÚLIOR
- Chegamos aqui com muitos desafios, inclusive de capacitação. Fui fazer pós-graduações, entre as quais nas áreas de Dermatologia e Medicina do Trabalho. Continuo estudando até hoje a melhoria do atendimento a hanseníase em Imperatriz. 

TV PROGRESSO WEB - Início do trabalho com a hanseníase?
PEDRO JÚLIO
- Recebi a missão da Secretaria de Saúde do Município para trabalhar na área da hanseníase. Aceitei o desafio. Estamos na batalha até hoje. Tempos depois, fui aprovado em Concurso Público. 
O Governo deveria investir mais na medicina preventiva. Eu diria, que o nosso trabalho, apesar de pequeno, já teve avanços em relação ao combate a hanseníase. 
A população tem melhor nível conscientização e informação. Conseguimos fazer um diagnóstico precoce. O que já observamos, ao longo dos 26 anos de atuação na área, é que nós não estamos diagnosticando tardiamente a doença. Ainda temos alta taxa de incidência. O que melhorou foi a forma como o doente tem chegado até ao ambulatório. Não estamos mais recebendo, digamos assim, o doente já todo deformado. Mudou, sim, um pouco a face da doença em nossa cidade. (Entrevista produzida pelo jornalista Raimundo Primeiro)

NÚMEROS DA DOENÇA

"Evidentemente, quanto mais cedo descobrir a doença, e tratá-la precocemente, evita-se sequelas (defeitos). É uma doença crónica, de evolução lenta. Caso não se dê conta do problema, ficam deformidades para sempre. 
A melhor maneira de evitar o avanço da doença, é descobri-la o mais cedo possível e tratá-la adequadamente, vacinando os contatos (quem vive com o doente). 
E para isso, é ficar atento e sempre bem informado. O Brasil é o 22º país no mundo em casos (12º é a Índia). 
No Brasil, a situação é crítica no Piauí, no Maranhão, no Tocantins e no Pará. No Maranhão, a capital, São Luís, Timon, Açailândia e Imperatriz, os casos são alarmantes. 
A doença atinge homens e mulheres, todas as classes sociais, e acomete mais a faixa etária economicamente produtiva, dos 15 aos 45 anos. 

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