Carlos Brandão
ODACY FERREIRA COSTA nasceu no povoado de Fortuna, próximo a Sucupira do Norte-MA, mas se considera maranhense de Colinas. “Foi lá que meus pais me registraram”. Logo cedo, despertou na mãe, D. Marcelina, o interesse de colocar a filha para aprender a costurar e bordar com 16 anos. “Fui morar em Colinas para aprender a costurar com a Olga Brandão”. Lembra que morou muitos anos em Imperatriz e depois foi para Brasília. Odacy também foi professora em Graça Aranha-MA, indicada por Jofre Torres.
Nos anos 50, na companhia de seus pais, veio morar em Imperatriz, já como costureira. “Trabalhei com minha irmã Oneide, que foi vizinha do Mário e da Maria Luiza, na Rua Simplício Moreira”, relembrando com uma riqueza de detalhes que me impressionou. “Como não tinha máquina de costurar, sempre trabalhei na residência de pessoas amigas que confiavam a mim suas encomendas. Lembrei-me agora da Conceição Bastos. Fiz muitos vestidos para ela e foi através dela que me tornei conhecida, ao fazer um vestido para sua filha Neide. Daí pra frente, só cresci como costureira”.
Amiga de muita gente, Odacy não esqueceu de lembrar de fatos e pessoas importantes que lhe ajudaram. “Considero minha primeira grande amiga aqui em Imperatriz a Hilda Cortez. Costurei muito pra ela”. E fez uma revelação muito engraçada: “Naquele tempo, não tinha, como hoje, revistas especializadas para que eu costurasse, conforme os figurinos, os vestidos da moda. Então, a Hilda Cortez me convidou para toda quinta-feira nós irmos até o aeroporto observar as mulheres que desembarcavam e as que continuavam o voo. Elas desciam por algumas horas e eu mesma de longe aproveitava e desenhava os vestidos que estavam na moda e depois era sentar na máquina de costura...”.
Devido ao seu inegável talento como costureira, Odacy foi conquistando a cada dia novas freguesas, mas faltava o principal, sua própria máquina de costura. E então... “A convite da Lourdes Ribeiro, esposa do Mundico, filho do Sr. Jonas Ribeiro, fui costurar algumas roupas para ela. Passei muitos dias na casa deles e um dia fui surpreendida pelo Mundico, que me disse: ‘Odacy, você já costura há tanto tempo e até hoje não comprou sua máquina? Aguarde que o papai já fez um novo pedido e daqui alguns dias vai chegar uma carga de máquinas de costura e eu vou fazer questão que o papai te venda uma’. Dito e feito. Quando cheguei nas Casas Ribeiro, o Mundico já havia providenciado a montagem da máquina. Só deu tempo eu entregar o dinheiro da entrada e ele chamar o carroceiro e pedir que ele fizesse a entrega da minha máquina de costura na minha casa. Quando fui saindo, ‘seu’ Jonas me chamou e me deu uma boa quantia em dinheiro para que eu comprasse material e começasse a trabalhar por conta própria. E me disse: ‘Esse valor vai ser abatido nas prestações que faltam, não se preocupe, você merece e esse é o meu presente para você’”.
Exímia costureira e admirada por todos, fez mais uma revelação: “As roupas que eu costurava não precisavam ser provadas, era me entregar o tecido, o modelo e o resto era comigo (risos)”. Fez muitos vestidos de noiva. “Minha amiga Hilda Cortez casou-se com um vestido feito por mim, até hoje me lembro desse momento”. E comentou: “Sabia que eu também fui costureira de mortalha? Fiz uma para a esposa do Sr. João Paraibano e outra para a mãe da Prof. Francila, que hoje mora em Açailândia e sempre que pode me visita”.
Odacy fala com orgulho de profissional. “Fiz o enxoval completo para muitas noivas, sou muito grata a todas até hoje. Era muita confiança, mas sempre dei conta do recado, graça a Deus”. De sua mãe, D. Marcelina, se emocionou ao lembrar. “Era parteira, nunca morreu uma mulher de parto em suas mãos. Sei de 2 ou 3 crianças que já nasceram mortas e aí não havia jeito. Minha mãe trouxe muita gente ao mundo e ainda hoje sou reconhecida por muitos; quando me encontram, é uma festa”.
Como ninguém é de ferro, Odacy também aproveitou, e bem, seus tempos de juventude. “Frequentei muitas festas junto a Edelvira Marques. Era minha grande amiga nos clubes Tocantins, Juçara e no clube que funcionava ao lado do Cine Muiraquitã. E de bailes de carnaval, viu? (risos)”.
Ao longo de sua vida como profissional, Odacy fez muitas amizades com as famílias Barros, Bastos, Cortez, Milhomem e Moreira. “Costurei para todas elas e pra muitas outras pessoas que agora, depois de tanto tempo, as guardo no meu coração. Elas sabem disso”.
Hoje é muito feliz e durante nosso encontro, como os demais, sorriu bastante, se emocionou ao falar de grandes amigos, como Toná, Geraldinho, Zé Matias, Ivan Assunção e dos irmãos Licínio, Guiomar, Mário e Marcílio Cortez. “Mãe do Coração” de Jandira, Edna, Marcelino e Taiane, finalizou: “Faria tudo de novo, se preciso fosse, tudinho” .
Taí mais um encontro, mais emoções vividas e revividas ao lado de uma pessoa tão especial e querida. Receba, estimada amiga, o reconhecimento por tudo que você representa para nós. Beijo no seu coração.
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