"O atendimento médico público de emergência vai funcionar normalmente em Imperatriz", tranquiliza a população a médica Conceição Madeira, secretária municipal de Saúde, ao se referir ao Socorrão, hospital de emergência de referência na região que atende pacientes do Maranhão, Pará e ainda de parte do Tocantins.
A declaração da secretária foi dada ontem pela manhã logo após se reunir com o prefeito Sebastião Madeira e lideranças da área da saúde no município para juntos avaliarem o movimento grevista da categoria em nível federal e ao mesmo tempo traçarem diretrizes acerca da manifestação marcada para esta quarta-feira (03) em Imperatriz.
"Queremos anunciar o clamor social em favor da saúde da população e, com isso, Imperatriz faz a sua parte, cumprindo seu papel social com responsabilidade e mesmo integrando-se ao movimento nacional, não haverá paralisação da classe", observa o vice-presidente do CRM do Maranhão, médico José Carlos Fernandes.
De acordo com o prefeito Sebastião Madeira, "todas as categorias têm direito a procurar melhorias de trabalho. A classe médica tem uma grande responsabilidade nos serviços de urgência e emergência, que, ressalvadas, ela tem todo o direito de se manifestar".
Sobre o movimento desta quarta-feira, Madeira reiterou a importância da paralisação. "Motivos para reivindicação não faltam. A Constituição brasileira dá direito universal ao cidadão brasileiro ao acesso à saúde. Infelizmente, o financiamento do governo federal não é na mesma proporção. Por fim, o médico é a primeira barreira, pois é nele que a população chega primeiro, tanto nos hospitais públicos, nos consultórios particulares e nos convênios. É o médico quem recebe o maior impacto".
Redução de recursos federais - A secretária de Saúde, Conceição Madeira, lembrou que "por conta da gestão federal, cerca de 17 milhões de reais deixaram de ser investidos na saúde de Imperatriz". Isso é um reflexo das desigualdades sociais entre as regiões brasileiras. Embora o número e a proporção de médicos por habitantes no Brasil aumentem a cada ano, a distribuição dos profissionais ao redor do país continua sendo um problema.
Segundo ela, a grande verdade é que "no Brasil, não há nenhuma vontade política em levar médicos para o interior ou para as regiões Norte e Nordeste. O governo fala em criar cursos de medicina nessas regiões, em trazer médicos do exterior, mas não fala em política de recursos humanos para garantir uma boa carreira ao médico nessas cidades. De concreto mesmo, apenas medidas para maquiar a situação".
Também presente ao encontro, o médico Alisson Mota de Aguiar, diretor geral do Hospital Municipal de Imperatriz, afirmou que desde 2009 a prefeitura de Imperatriz vem lutando muito por recursos necessários para gerir o sistema, que é bastante complexo: "Com o aumento do número de leitos no Socorrão, conseguimos ampliar o recurso destinado à saúde do município. Isso é apenas parte de um conjunto. Problemas como a falta de médicos não vão ser solucionados como quer o governo federal, pagando 8 mil reais aos médicos portugueses".
Entretanto, segundo Alisson Mota, depois das manifestações pelo país, a verdade veio à tona e "todos descobriram que os recursos federais para a área da saúde existem de fato. O problema é que, quando a população grita por saúde, ela enxerga apenas o médico, esquecendo de enxergar a má gestão dos recursos por parte do governo".
Importação de médicos - Segundo o prefeito Madeira, o governo federal está tomando medidas equivocadas, entre elas trazer milhares de médicos sem o necessário controle, sem curso de revalidação de diploma, que é o normal.
"Agindo assim, a saúde do povo brasileiro será colocada em risco, porque todos nós sabemos que para formar médicos em países como a Bolívia e Cuba, os critérios são extremamente elásticos". Apenas 4% dos médicos cubanos que fazem o Revalida no Brasil são aprovados. "Imagine abrir totalmente as portas para estas pessoas exercerem a medicina em nosso país. Isso é colocar em risco a vida da nossa população. Para nós, o mais importante é a proteção à saúde da população".
José Carlos Fernandes disse na oportunidade que não só o CRM do Maranhão, mas também o Conselho Federal e a Associação Médica Brasileira são contra a importação de médicos sem a avaliação do diploma: "Nós não sabemos que médicos são esses que chegarão aqui e muito menos a qualificação deles. Fora isso, se eles entendem e falam a língua portuguesa, é um aspecto muito importante a ser observado. Além disso, antes não haviam recursos para a saúde e, de repente, este recurso apareceu. Será que o problema é só a falta de médico ou será que é também a falta de estrutura e de hospitais?", ressaltou o vice-presidente. [Lídio Almeida - ASCOM]