Raimundo Primeiro
14 de agosto de 2016. Dia dos Pais. O domingo amanheceu. Despertei-me, levanto. Saio da cama; antes, porém, oro. Agradecendo, pedindo para mim e um significativo, quase que um infinitivo número de pessoas – familiares, amigos, colegas. Gente do trabalho. Outras, não. Quero o bem, o melhor para todos.
Antes de sair da cama, entretanto, ligo a televisão, como costumeiramente ocorre, principalmente durante as primeiras horas das manhãs, para assistir ao noticiário, notadamente o econômico, ao qual estou intrinsecamente ligado diariamente. Por razões óbvias: trabalho.
Maioria das pessoas, aqui em Imperatriz, também, prepara-se para o almoço em comemoração ao Dia dos Pais. Algumas delas, ainda, com os pais vivos. Graças a Deus. Os lares, assim, estarão em festa. O domingo para mim, meus irmãos e a dona Dina, minha mãe, não será como dantes. Sentiremos saudades, notadamente dos remotos tempos de criança, correndo pelos quatro cantos de nossa casa, na Rua Sergipe, aqui mesmo, em nossa inspiradora Imperatriz.
Já não temos mais entre nós o “seu” Raimundo, nosso pai. Mais conhecido por Raimundo Agrimensor, aqui desbravou, fez história na área em que atuou. Foi agrimensor e topógrafo, contribuindo em muito com o processo de desenvolvimento da cidade, trabalhando em importantes projetos, entre os quais, os de terraplanagem.
Por meio de seus serviços, estradas foram abertas, carros passaram. Ou seja, abriu passagem para o progresso em âmbito regional. O Tocantins avançou. Ele veio de Belém (PA), a convite do pecuarista Juraci Baiano, pioneiro, chegou a Imperatriz durante a vinda da primeira leva de baianos, assim como o meu avô, Napoleão. Homens, no melhor sentido da palavra. Lembro-me (como se fosse hoje) de alguns de seus feitos. Ações em prol da cidade.
O Dia dos Pais não será mais como aqueles de criança, sobretudo quando tinha, eu, uns seis anos. Ganhei um carro de brinquedo, um jipe, vermelho. O presente do “seu” Raimundo marcou. Chegava do colégio desejoso por brincar, correr pelo corredor, inclusive da casa de minha avó, Ana, na Avenida Getúlio Vargas.
O jipinho saltitava, para minha alegria, livre, leve e solto. O piso da residência era vermelho. Límpido, sempre brilhando, frio, esperava por mim. Quando chegava à casa da vovó, claro, pura alegria. Peraltices, entretanto, sadias, para todos os lados.
Nesta época, minha tia, Damiana, morava com ela. Solteira, ajudava na administração do casarão, com um pé de cajá na área da frente, com jardim. No quintal, uma frondosa árvore, um gigantesco pé de tamarindo.
Que tempos, bons tempos, que não voltam mais! Mas foram marcantes, tendo em vista as inúmeras brincadeiras das quais participei, com primos e vizinhos. O jipezinho quebrou, certa vez. Até hoje, recordo dos reparos caprichosos e duradouros feitos nele por um dos meus tios, o Otacílio, caçula de dona Ana.
São reminiscências. Entrecortes que faço, lembrando dos meus inapagáveis tempos de criança, quando a metrópole Imperatriz de hoje, ainda principiava o desenvolvimento por que passa atualmente. Não faz muito tempo. A cidade cresceu efetivamente de uns 40 anos para cá. A inauguração da Rodovia Belém-Brasília é a protagonista de tudo o que estamos observando agora.
Um crescimento cada vez mais forte e irreversível. Alegria dos pioneiros, timoneiros de um município que soube aproveitar as suas potencialidades. Mas é sempre bom lembrar que a cidade cresce por sua força, sua pujança e por meio do trabalho da sua gente, sempre hospitaleira.
O Dia dos Pais, apesar de tudo, será marcante, pois estaremos, lá em casa, ao lado da dona Dina, nossa mãe, imbuídos em torno de um só propósito: o fortalecimento dos laços familiares. Hoje, a tríade perseverança, determinação e confiança movimentam-nos, mas, sobretudo, encorajam-nos. Assim, continuaremos nossa estrada. O domingo não será como antes, quando corríamos inocentes e tranquilamente dentro e também no quintal de nossa casa.
As ações da meninada predominavam. Faz-se necessário ressaltar Provérbios 22:6, lembrando: “educa a criança no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele”. Não temos mais nosso pai entre nós. Dona Dina, nossa mãe, entretanto, não o substituindo, é nossa PÃE, ou seja, MÃE e PAI. Ela soube e continua sabendo encaminhar-nos para os melhores lugares. PÃE.
O educador Rubem Alves diz que “mãe é o lugar onde se pode chorar sem sentir vergonha”. A dona Dina é filósofa, sem ser filósofa; pedagoga, sem ser pedagoga; administradora, sem ser administradora. Ser mãe, uma dádiva de Deus. Portanto, não necessita de nenhum curso, pois recebera o endosso, as bênçãos do Senhor.
O Pai a escolheu por saber da sua competência, e, sobretudo, do seu carinho, do envolvimento real que teria com a nossa criação, a nossa preparação para a vida. Mãe é, antes de tudo, ter sido uma filha exemplar. Acredite: a senhora foi e continua sendo – com os seus irmãos e conosco –, auxiliando nos momentos que se fazem necessários.
Concluindo: somos família, organismo de um mesmo corpo, parte de um todo.
MÃE é a junção, o coletivo de tudo de bom que Deus deixou nos deixou. Amor mais verdadeiro e leal não existe. Dona Dina, o domingo, também, é seu dia. Parabéns, por tudo!
*(Artigo escrito na véspera do Dia dos Pais 2016. Uma homenagem aos pais e às mães da cidade e região)
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