Por Raimundo Primeiro

O que dizer sobre o incêndio que deixou dez mortos e três feridos no Ninho do Urubu, o Centro de Treinamentos (CT) do Flamengo?

Por enquanto, obviamente, que a Direção do time deveria ter dispensado maior atenção para o local onde os garotos estavam alojados.

Sucessivas tragédias têm sido registradas no Brasil. Portanto, já passa do momento de um repensar sobre o que tem acontecido em nosso país.

Vidas são ceifadas. Outras, quando escapam, ficam com sequelas. 

Parece que os fatos, as cenas que temos vistos, principalmente ao longo dos últimos tempos em virtude das diversas tragédias ocorridas no Brasil, não estão servindo de exemplos.

Parafraseando Oscar Wilde, “as nossas tragédias são sempre de uma profunda banalidade para os outros”.

Que o fato verificado no CT do Flamengo, reforce a necessidade de um olhar constante e minucioso sobre as construções erguidas em solo brasileiro.

Não quero dizer aqui que as mortes dos garotos tenham sido resultado de negligência. Só que é preciso haver mais atenção. 

Muitos sonhos se foram. Sonhos alimentados por garotos, que, no futebol, vislumbravam mudanças de vidas. Para eles e seus familiares.

Pais e mães ficaram sem seus filhos. Choram a ida súbita dos filhos que saíram de suas casas e, igualmente, do afago daqueles que os amavam. Foram em busca da concretização de um projeto.

Jogavam futebol. Queriam entrar em campo profissionalmente.

O brasileiro é apaixonado por futebol. 

Em Imperatriz também temos muitos garotos almejando por um espaço no futebol profissional. Alguns, inclusive, já saíram das terras dos freis Manoel Procópio e Epifânio. Brilham em outras plagas.

Já dizia Carlos Drummond de Andrade que “futebol se joga no estádio, futebol se joga na praia, futebol se joga na rua, futebol se joga na alma”.

Não importa o time. Se Cavalo de Aço de Imperatriz, o nosso Imperatriz, clube da nossa cidade...

Seja flamenguista, vascaíno, botofaguense, fluminensista, atleticano, palmeirense, etc... todos os brasileiros estão de lutos hoje.

Uma sexta-feira diferente. Um vazio nos estádios para os amantes da redondinha.

Garotos do Flamengo, vocês se foram. Noutro plano estão e, com certeza, vão jogar um bolão.

Os estádios lembram de vocês. Os torcedores oram.

Foi o escritor argelino Albert Camus quem afirmou que “o conhecimento da alma humana passa por um campo de futebol”.

Adeus, garotos do Flamengo!