Mesmo sem rigor científico, é possível perceber as tendências, ou reações positivas ou negativas das pessoas diante de um fato, um acontecimento presente, do passado e do futuro. Essa capacidade perceptiva ganha mais força com a velocidade impressa hoje na veiculação da informação que faz com que as opiniões individuais rapidamente se colecionem e formem o que aprendemos a chamar de opinião pública, no meu entender, o “dínamo” das sociedades livres.
Deparamo-nos com a força da Opinião Pública do amanhecer ao anoitecer, sendo essa um importante vetor do dito controle social.
Não é forçoso, nem redundante, falar que a nossa Constituição garante que utilizemos livremente a manifestação do pensamento, seja nas praças, reuniões públicas e privadas; ou por intermédio dos livros, revistas, jornais, redes sociais. Sem dúvida, um privilégio da nossa democracia.
Em que pese a importância e a influência do fenômeno da opinião pública na sociedade, verificamos no processo de sua formação o que chamo de as frágeis, porém perigosas, “opiniões fast food”; que são aquelas que, embora, de consumo rápido, são capazes de em questão de minutos transformar heróis em bandidos e bandidos em heróis; com o detalhe real de que nem sempre o bandido é um herói, nem o herói é um bandido. É para tal fenômeno que na coluna de hoje chamo a atenção: “as cascas de banana” que nos são impostas todos os dias pela opinião pública.
Poderosa, a opinião pública nos joga contra a parede quase o tempo todo, uma vez que nos é apresentado um vasto cardápio de coisas e loisas para nosso nem sempre preparado julgamento.
Sobre uma marca de carro ou carne, o escândalo nacional da hora ou mesmo o assunto, neste instante, mais presente na vida nacional: as eleições, ela, a opinião pública, se manifesta dentro e fora dos nossos domicílios. Chega como uma onda avassaladora sem que, às vezes, tenhamos tempo de recepcioná-la criticamente.
Para continuar o assunto aqui eu peço socorro a algumas personalidades históricas que em algum momento se manifestaram sobre o fenômeno da opinião pública, termo que teria sido inaugurado pelo francês Jean Jacques Rousseau, no século XVIII. Sobre o tema, teria ele escrito certa vez que “quem quer que se dedique à tarefa de legislar para um povo deve saber como manejar as opiniões, e através delas governar as paixões dos homens”.
Jeremy Bentham, citado num artigo do jornalista Harwood L. Childs (O que é opinião pública?), teria sido o primeiro a sublinhar a importância da opinião pública como meio de controle social a discutir sua relação com a legislação e a examinar o papel desempenhado pela imprensa na sua formação. Afirmava ele que a opinião pública era necessariamente parte integrante de qualquer teoria democrática do Estado. O problema fundamental, raciocinava o autor, era “salientar a retidão das decisões por ela tomadas”.
Também citado por Harwood L. Childs, James Bryce, de forma simples define opinião pública como “qualquer ponto de vista ou conjunto de pontos de vista aceitos por uma aparente maioria dos cidadãos”.
E de fato é a pouca ou falta de retidão da opinião pública, facilmente induzida a erro e manipulada pelas “opiniões fast food”, ou pelo que ouso chamar de “verdades engarrafadas”, o grande problema. Um simples, e calculado, boato depositado no “grande banco da opinião pública” é capaz de mudar o rumo de uma história, de um negócio; destruir reputações, gerar conflitos e até mesmo quebrar um País.
O assunto é amplo, chato, porém importante, já que existe a necessidade premente de nós, como seres sociais, aprendermos a lidar com esse “dragão social” que nos rodeia.
Ao concluir, pode-se dizer que diante desse aspecto nocivo da formação da opinião pública, exige-se de pronto um cidadão, e consequentemente uma sociedade, mais crítica, atenta e perceptível ao jogo oculto por trás do xadrez da sua formação, uma vez que nem sempre essa tem razão.
* Elson Mesquita de Araújo, jornalista
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