Em sua edição de nº 1139, que circulou no início do mês de junho do corrente ano, a revista Exame trouxe uma excelente entrevista com o historiador americano Francis Fukuyama, focada na crise, sobretudo de ordem moral-institucional, pela qual o nosso país vem passando (págs. 102/103).
A certa altura, o ilustre entrevistado, respeitado professor de ciência política da Universidade Stanford, ao responder a determinada pergunta, vai ao âmago da questão: “É preciso desalojar os velhos atores e dar lugar a novos. Sistemas corruptos não se consertam sozinhos. O Brasil precisa de uma nova geração de políticos que não esteja atrelada ao velho jeito de fazer as coisas e empenhada em agir de modo diferente. Não acho que isso seja impossível, mas exige tempo”.
Fukuyama, brilhante como sempre, fez o diagnóstico correto, preciso. Mas atenção: como ele próprio deixa bem claro, essa corrupção endêmica não desaparecerá espontaneamente. Ou seja, é absolutamente imprescindível que a sociedade civil, fazendo a sua parte, reaja, pressione, bote a boca no trombone; se for o caso, que tome as ruas tantas vezes quantas se façam necessárias.
A Ordem dos Advogados do Brasil tem sido implacável no combate aos desmandos noticiados, sendo intransigente defensora, por exemplo, da Operação Lava-Jato. Essa postura da OAB, por sinal, tem se revelado fundamental para que as investigações não sofram solução de continuidade ou coisa parecida, doam onde doerem, doam a quem doer.
Justamente por estar falando dessas coisas, aproveito o ensejo, credenciado pelo fato de não ocupar qualquer cargo no governo atual, para fazer um registro óbvio: a nau do nosso velho e sofrido Maranhão tem experimentado novos e promissores ventos. Evidentemente, há muito por fazer, mas é preciso reconhecer que muito tem sido feito. Tomara que esses bons ventos durem por muito tempo.
A quem quiser se dar ao trabalho de comparar o Maranhão de outrora com o Maranhão de agora, sugiro que antes leia Memórias Póstumas de Brás Cubas, do grande Machado de Assis. Lá pelo capítulo LXXVII, meio que perdida, tem essa pérola: “Grande coisa é haver recebido do céu uma partícula de sabedoria, o dom de achar as relações das coisas, a faculdade de as comparar e o talento de concluir!”.
Este artigo é dedicado a Jonílson Almeida Viana, advogado dos melhores que temos por aqui e cujo exemplo de retidão deve ser seguido pelas novas gerações.
Até a próxima.
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