Domingos Cezar
O Brasil relembra nesta quarta-feira (28) o dia em que fiscais da Delegacia Regional do Trabalho de Minas Gerais foram barbaramente assassinados quando fiscalizavam uma fazenda na região de Unaí, no estado de Minas Gerais. Desde então, ficou oficializado o 28 de janeiro como o “Dia Nacional do Combate ao Trabalho Escravo”, uma vez que os fiscais se encontravam em plena missão de combate.
Visando combater essa prática lamentável que ainda perdura pelos dias atuais, a CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, realiza em Imperatriz, em parceria com a FETAEMA – Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado do Maranhão e OIT – Organização Internacional do Trabalho, a Oficina de Formação de Multiplicadores contra o Trabalho Escravo.
O evento foi aberto, oficialmente, na manhã dessa terça-feira (27), no New Anápolis Hotel, e prossegue até o meio dia de sexta-feira (30), com a seguinte metodologia: I – Trabalho e direitos, II – O que é trabalho escravo? III – Quem são os trabalhadores submetidos à escravidão? IV – Por que o trabalho escravo acontece? V – Como o trabalho escravo é enfrentado no Brasil? VI – Como quebrar o ciclo do trabalho escravo?
Na solenidade de abertura, antes de ministrar a primeira palestra, Luís Machado, representante da OIT, disse que a Oficina de Imperatriz era a primeira de uma série com o objetivo de preparar multiplicadores para fiscalizar e encaminhar denúncias ao Ministério do Trabalho. Da Oficina participam dirigentes sindicais de regionais como a Tocantina, Munin, Cocais, Baixada Maranhense, Baixo Parnaíba e Centro Maranhense.
Responsável pela editoração do Caderno de Formação, Carolina Falcão Motoki, lembrou que esta região é marcada pelo trabalho escravo. Ela observou, ainda, que a Oficina de Formação visa eliminar de vez essa vergonha nacional, ressaltando que o estado do Maranhão é o que mais “exporta” trabalhadores para outras unidades da federação e é o segundo na utilização dessa prática.
O diretor-presidente do Instituto Carvão Cidadão, Ornedson Carneiro, afirmou que os diretores das siderúrgicas do polo Carajás deram um importante passo no combate ao trabalho escravo criando o Instituto. Desde então, os produtores de carvão começaram a ser fiscalizados e cobrados, “uma vez que exigimos assinatura da carteira dos trabalhadores e assim pudemos reduzir essa incidência de trabalho escravo”.
Elias D’Ângelo Borges, representante da CONTAG, afirmou que a atenção desses órgãos está voltada para o Maranhão, porque desse estado sai uma grande leva de trabalhadores para serem escravizados em outras unidades da federação. “Em terras distantes ele sofrem ainda com a ausência da família, da mulher e dos filhos”, observa D’Ângelo, ressaltando que a maioria absoluta da classe trabalhadora rural se encontra na informalidade.
Por sua vez, a diretora da FETAEMA, Ana Maria de Oliveira, apresentou as delegações de todas as regionais, afirmando que a FETAEMA se sente prestigiada em participar dessa parceria com a CONTAG e OIT. “Elegemos Imperatriz e região tocantina para essa importante Oficina porque estamos cercados de grandes projetos e também constatamos grandes focos de trabalho escravo”, afirmou a sindicalista.
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