Francimar Moreira

Mais uma vez, um bichinho invisível a olho nu, que não escolhe etnia nem respeita os que não possuem resistência à sua deletéria ação infecciosa, ou não são submetidos a tratamentos sólidos, coloca a espécie humana em pânico. Seu potencial destrutivo tem se revelado catastrófico e deixado a todos, inclusive os que imaginavam que os avanços científicos e tecnológicos, somados às suas fortunas pessoaIs seriam suficientes para repelir quaisquer ameaças - simplesmente em quase desespero.  
De repente, o mundo foi surpreendido pela notícia de que uma pandemia de proporções imprevisíveis, causada pelo "2019 - nCoV (sigla inglesa, para Corona Vírus Disease 2019); ameaça a espécie humana com a probabilidade de ocorrerem MILHÕES DE ÓBITOS, além de um iminente golpe contra a economia do planeta - causando uma hecatombe nas finanças mundiais de graves proporções. 
Sabe-se que as viroses se proliferam com maior velocidade em ambientes insalubres, onde as condições sanitárias não oferecem segurança profilática aos seres humanos. Também é certo que atingem, com maior grau de letalidade, pessoas fragilizadas por causas diversas, principalmente a subnutrição e condições habitacionais insatisfatórias. Então, uma boa receita para amenizar a propagação e os danos do bicho está pronta: boa alimentação e condições de moradia adequadas. 
É certo que a economia e as finanças do mundo dependem de trabalho, conhecimento, criatividade e investimento. É inegável, contudo, que o poder da expectativa seja o agente imaterial que estimula os mercados e aciona os motores. E não há dúvida de que uma PANDEMIA infecciosa de proporções planetária abalará os fatores de produção dos quais a humanidade, para continuar existindo, não pode prescindir. Uma vez que, a moléstia aniquila a condição de trabalho do indivíduo e abate a autoestima coletiva.  
Ninguém ignora que o mundo detém conhecimento, tecnologia e recursos financeiros para prevenir proliferação de agentes infectocontagiosos, e que, embora se trate de um vírus de ação devastadora, já era conhecido da Ciência. O que é um fato evidente é que as lideranças políticas mundiais, infelizmente, priorizaram avanços bélicos e projetos faraônicos a ações ALIMENTARES, SANITÁRIAS E PROFILÁTICAS, que produziriam o bem-estar geral das populações humanas mundiais. 
As razões pelas quais o mundo já não fez da vida humana e da felicidade geral dos indivíduos sua CAUSA PÉTREA precisam ser debatidas em profundidade. Afinal, ou a vida humana tem sentido transcendental, e o direito à sua preservação e o pleno gozo de felicidade das pessoas são reconhecidos como um direito universal inviolável, com imposição ao poder público de provê-las a todos, ou, então, não tem mais sentido do que a vida dos vírus - e, neste caso, aceitemos nos misturar a eles em saladas de defuntos. 
É chocante e causa profunda indignação a permissividade que quase todas as nações, primitivamente, ainda adotam para a concentração de renda e o aniquilamento moral, intelectual e psicológico da esmagadora maioria de suas populações. É um acinte o esbanjamento da opulência praticado por uns poucos, em flagrante menosprezo à grande maioria da população mundial, que vive em condições humilhantes.
E, além de afrontosa, a opulência de uma minoria causa uma profunda indignação aos que se sentem humilhados por ela, fato que, por si só, estimula o recrudescimento da violência e a convicção dos que decidem responder à selvageria da concentração de renda com mais agressão, de que devem unir-se em organizações criminosas. O resultado é uma tragédia de mais de SESSENTA MIL ASSASSINATOS por ano só no Brasil - o que, no mínimo, é uma catástrofe humana.  
É repulsiva a jactância imbecil dos que acham que suas fortunas, a maioria delas adquiridas de forma ardilosa (que os diga a LAVA-JATO), lhes permitem tripudiar sobre os despossuídos, usando de forma humilhante e criminosa o poder que detêm para catapultar contingentes humanos rumo à sarjeta. Fazem isso de várias formas, sobretudo em conluios criminosos com políticos, ao definir loteamentos e povoações em lugares insalubres - habitat de vírus, fungos, bactérias e outros agentes peçonhentos. 
É espantoso como esses escravos do ego e da ignorância destroem a perspectiva de uma sociedade humana mais próspera, comprometendo com isso o bem-estar da humanidade, além de suas fortunas pessoais e as próprias vidas. 
Quando a humanidade compreenderá que desta vida somente levamos o que deixamos?!... E que, em assim sendo, o que de mais valioso se pode deixar, se não obras de caráter permanente: como a contribuição à evolução dos seres humanos; a melhoria do padrão de vida, por meio de uma melhor consciência coletiva; uma família consolidada dentro dos princípios da ética; trabalhos científicos, artísticos e literários; além, é claro - de um exemplo de vida que dignifique e honre a espécie humana?!... 
Mas é claro que, ao contrário do que apontam os requesitos elencados acima, os que detêm melhores condições socioeconômicas e aparentam ter mais condições de compreender o caos social em que a humanidade está se imiscuindo, conspiram, por todos os meios, para assegurar cada vez mais privilégios. É surpreendente a falta de CARÁTER, o grau de CINISMO, de CRETINISMO e a ausência de SENSIBILIDADE para compreender a necessidade de uma convivência harmoniosa entre os povos. Aliás, a busca por essa convivência harmônica devia nortear, sobretudo, os atos das elites e dos governantes. 
É lamentável que os que detêm mais clareza de raciocínio e, por conseguinte, mais facilidade para compreender o que significa a complexidade do ajuntamento de mais de SETE BILHÕES de criaturas humanas sobre o planeta Terra não contribuam para criar melhorias para todos e se enclausurem em suas redomas, focando suas antenas egoísticas somente para o próprio umbigo. Ou será que ignoram que, quando tangem milhões de famílias para as periferias insalubres, estão produzindo endemias e violência?!... 
É uma infâmia que as elites dominantes, no mundo inteiro, não se dêem conta de que o planeta Terra é uma aldeia única, e que tudo o que for contagioso às espécies vivas (animais e vegetais) pode contaminar a todos os seres humanos. É intolerável, pois, que não tenhamos sido capazes de erradicar a miséria absoluta e que ainda tenhamos, em quase todo o mundo, de conviver, insanamente, com os denominados "moradores de ruas". Aliás, mais do que uma desonra e uma chaga, tudo isso é, de fato, uma tragédia humanitária. 
E o que dizer sobre muitos que se encontram no exercício de cargos públicos, seja como concursados, contratados, ou como políticos eleitos, sobretudo neste Brasil, que a LAVA-JATO vem revelando para o mundo, ser um dos Países mais corruptos e lenientes do planeta Terra?!...
E como avaliar os que se acham os príncipes do universo, aqueles que acreditam que causam inveja aos menos favorecidos pela fortuna, ao lhes fazerem supor que, nos condutos intestinais dos invejados correm ouro, diamante, esmeraldas e perfumes das melhores fragrâncias e não dejetos putrificados?!...  
Não há dúvidas de que muitos dos que exercem cargos públicos agem como verdadeiros vampiros e gângsteres, invertendo o papel que deveriam desempenhar, que seria o de servir à coletividade, formulando LEIS e construindo infraestrutura que estimule a organização da sociedade, priorizando o sentido da Justiça social e da igualdade, e não como facínoras ladrões, que furtam do povo até a esperança.   
E, o pior, apesar de grandes gatunos estarem sendo presos, é preciso modernizar e endurecer as leis, para facilitar mais prisões e confiscos de bens dos ladrões do Erário. Pois se rouba acintosamente e com o mais deslavado cinismo que o mundo já conheceu. Aos grandes larápios faltam desconfiarem de que estão sendo vistos pela maioria da população como crápulas, cínicos, ladrões, vermes, vampiros, vagabundos. 
Na verdade, falta aos que chegam ao poder e furtam até a merenda das crianças, a percepção de que é impossível a construção de uma comunidade humana venturosa, enquanto prevalecer o egoísmo de uns poucos sobre as prementes necessidades da maioria do povo. Mas os grandes gatunos que se cuidem, pois o povo está começando a receber vigaristas opulentos com insultos e pedradas e não com inveja.