Esta semana fiz, da tribuna do Senado, uma análise da conjuntura política em nosso país, destacando dois pontos em que falhamos como projeto de Nação, nos últimos anos.
Dizia eu que nos faltou investir basicamente em duas áreas, a Infraestrutura e a inovação tecnológica. Falhamos ao negligenciar a necessidade de termos malhas estruturais de mobilidade e processamento de produtos. Temos rodovias de segunda qualidade, ferrovias de terceira e portos de quarta categoria, comparados ao que há de mais moderno no planeta.
Construímos aeroportos de qualidade, apenas recentemente, para servir a dois eventos efêmeros e não a um projeto de desenvolvimento. O país que guarda a maior quantidade de água doce e as maiores bacias hidrográficas da biosfera não tem uma mínima rede de hidrovias em funcionamento.
Ao mesmo tempo, temos um outro Brasil que dá certo e que é fruto do investimento no conhecimento. O maior produtor agrícola do mundo deve essa condição à decisão de criar, há 45 anos, a Embrapa, que no fundo é uma usina de conhecimento que tirou o Brasil da lavoura para a agricultura moderna.
Noutra área, da engenharia aeronáutica, a Embraer é filha do Instituto de Tecnologia da Aeronáutica-ITA, criado há 67 anos. O caminho do sucesso é penoso e árduo e exige a formação de centros de conhecimento avançado. Do resto, se encarregará a inteligência e a criatividade dos brasileiros.
Perdemos a chance de ouro para investirmos no futuro quando a conjuntura econômica internacional, com o desabrochar da China, garantia preços atraentes para os nossos produtos. O Brasil montou um modelo de crescimento baseado no consumo, ao invés da produção, proporcionando assim um período fugaz de crescimento.
Infelizmente, quando o consumo chegou ao seu limite, o país entrou na UTI, com desonerações que estrangularam a capacidade produtiva e mergulharam os municípios na maior crise de sua história.
Vivemos hoje um verdadeiro tormento político por conta de decisões erradas, por falta de visão de futuro. Nossos vizinhos continentais ostentam índices de crescimento de nos fazer inveja. E vejam que são países governados à direita e à esquerda. Eles aprenderam a lição maior de que não há atalhos para o desenvolvimento. É preciso investir em conhecimento, na produção, na infraestrutura, com responsabilidade ambiental, social e fiscal.
Discute-se hoje, na política, em tornos de nomes. Pouco se fala, seja para o Brasil, seja para o Maranhão, em projetos de Estado. O que fazer para mudar a curva do crescimento? Como criar uma dinâmica virtuosa para a Economia, destampando a capacidade empreendedora de nosso povo?
Essa é a agenda que devemos discutir, se não quisermos permanecer condenados a parasitar a riqueza alheia. Nosso calendário de desenvolvimento tem que ser geracional, e não eleitoral. Que a crise, ao menos, sirva para que façamos uma autocrítica como Nação.
Senador Roberto Rocha
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