Por Raimundo Primeiro

Apesar de ele continuar o mesmo, só que com um grande diferencial: uma voz cada vez mais apurada, melhor de se escutar; quem o ouve, nos shows normais – ou durante apresentações especiais – passa logo a admirá-lo. Não há meios termos.
Refiro-me ao principal ícone da música imperatrizense nos dias atuais, o compositor, músico e cantor Erasmo Dibel. O sarará é mesmo multifacetado. Mostrou, para aqueles que ainda não o conheciam, ter talento e, sobretudo, empatia. Um jeito diferenciado de atrair o público, conversando, transmitindo calor humano. De ser e gostar de gente, da nossa gente!
Na apresentação que fez no lançamento da 19ª Feira do Comércio e Indústria de Imperatriz (Fecoimp), Erasmo Dibel foi, além de genial, interpretando canções autorais e de consagrados nomes da Música Popular Brasileira (MPB), de um carisma além do imaginado por muitas das pessoas que ali estiveram. E ouviram-no. 
Assim, pois, mostrou ser também um artista antenado com as novidades surgidas no âmbito musical. Internacional e nacional. Antes de tudo, uma pessoa imbuída de repassar para o público a melhor das imagens no que concerne ao cenário artístico-musical brasileiro. “Visitando” o maranhense também.
Dibel “surfou” no melhor do que o país tem musicalmente. De Raimundo Fagner, com seus “canteiros”, a Papete, outro extraordinário artista maranhense. Mais ainda: trouxe à baila [recebendo efusivos aplausos] sucessos de Belchior, segundo ele, o “maior dos maiores” compositores das terras descobertas por Cabral.
A exemplo do que fazia noutros tempos, era de uma remota Imperatriz que não volta mais, lá pelas beiras do Tocantins, rio que muito o inspirou [e ainda inspira], inclusive fazendo surgir trabalhos reconhecidos além-fronteiras, Dibel cantou, embalou e encantou. Um artista nato. Um cara cujos olhares dos deuses da música estão sempre a guiá-lo, trazendo a sua mente criações que marcam. 
Os tempos passaram. O jeito Dibel de ser, permanece imutável, reafirmando a máxima de que a melhor maneira de ser grande é fazer-se entender pelos pequenos. Cantando aqui, ali e/ou acolá, ele consegue ser entendido por todos, pois suas apresentações proporcionam sinergia junto ao público, entendendo o que ele transmite, inclusive por meio de suas próprias canções. Um linguajar acessível, de todos compreensível.
Talento, Dibel mostrou ter desde pequeno. Musicalmente falando, principalmente, estudando, aprimorando e, assim, aumentando a sua gama de conhecimentos. Lapidando-se. Os tempos estão mostrando o seu crescimento profissional. Uma dimensão maior ainda para quem admira o seu trabalho.
Foi no saudoso Festival Aberto Balneário Estância do Recreio (Faber), lá pelos idos de 1990, entretanto, que Dibel surgiu profissionalmente para o mundo da música. Cantou no mesmo palco nos quais se apresentaram “monstros” da MPB. Em Imperatriz e importantes regiões. Parcerias com outros destacados talentos firmou.
Sua apresentação na solenidade de lançamento da Fecoimp 2019, quarta-feira à noite (24/04), foi apenas um “aperitivo”, pois Dibel tem muito ainda para mostrar. Seus fãs conhecem suas qualidades musicais e o quanto ele é possível crescer quando entra em cena, sobe no palco. O empresário Atenágoras Reis Batista valoriza a nossa “prata da casa”. Teta tem ciência do potencial musical de Dibel.
Um artista nato. Com o correr dos anos, obviamente, Dibel conseguiu alçar voos. Grandes voos, percorrendo distintas regiões e, igualmente, aumentando sua gama de conhecimentos e, ao mesmo tempo, fazendo amizades e parcerias, criando elo entre Imperatriz e outros cantos brasileiros. Cidades e pessoas que conheceram e também gostaram do trabalho e da performance do Sarará das terras descobertas pelo Frei Manoel Procópio. Solo que inspira e transpira cultura. Nas suas diversas áreas.
Tons, entretons... um cantor-músico que percorre facilmente pelos vários caminhos da música. Dibel faz-se envolver quando surge. Detrás da coxia aparece um artista que surpreende, mas, sobretudo, consegue interagir-se, envolvendo o público. Uns cantarolam, pois conhecem suas letras. Todos, enfim, dançam.
Uma apresentação simplesmente fascinante! Momento ímpar e de (re)encontro com a nossa boa música maranhense, especialmente Imperatriz, em local aprazível e nas proximidades da principal inspiração de artistas e intelectuais – o rio Tocantins. Indivisível, portanto, o amor de Dibel para com a nossa terra, a nossa gente, as nossas coisas e lousas. Entrelaçamento que faz bem.
Dibel é assim: simples, fácil de ser compreendido; inteligente, criador, conseguindo falar fácil com as pessoas. Entendível e audível. Dalai Lama diz que “a arte de escutar é como uma luz que dissipa a escuridão da ignorância. Se você é capaz de manter sua mente constantemente rica através da arte de escutar, não tem o que temer”. 
O cantor transmite o melhor de si antes, durante e após suas apresentações. Há, sim, um feedback e tanto! Dibel é escutador contumaz, querendo saber do que as pessoas gostam musicalmente falando. Minha constatação ante ao que tenho visto, assistindo-o por diversas e inesquecíveis vezes, inclusive no Centro de Convenções de Imperatriz, durante uma das edições da Fecoimp, evento criado com o objetivo de fomentar o que de melhor a nossa cidade e região possuem.
Isso aí, Dibel, parafraseando Gonzaguinha, quando ele diz que “meu coração não mente quanto canta e diz faço exatamente o que sempre quis e é muito importante que eu seja feliz”, não pare. “Navegue” pelos rios do bem, seguindo o exemplo do grifo, figura lendária, que lembra a águia, sempre em sentinela, defendendo-nos, sendo o “embaixador” da nossa cultura.

Valeu, Sarará, arretado!
Dibel, sempre!