Abril é um mês emblemático para a minha memória recente. Foi em abril que o “Mestre Zuza”, meu pai, morreu. Faria 84 anos dia 11. Pelo homem que foi, pelo pai de família, pelo legado moral que deixou, imortalizou-se. Em abril, também foi o mês que o Maranhão perdeu um dos seus mais nobres filhos, um homem que morreu do jeito que viveu, um dos poucos políticos do Maranhão que vivia o que pregava e que ouso afirmar que, ao longo da vida simples de médico, professor e político, não tinha do que se envergonhar. Jackson Kléper Lago combateu, até o fim, o bom combate e guardou a fé num Maranhão melhor. A biografia de um homem de quem os maranhenses não devem esquecer, assim como eu e meus irmãos jamais esqueceremos nosso  pai.
Não tive o privilégio de conviver de forma mais amiúde com o médico, professor e político, mas não são poucos os testemunhos de pessoas que com frequência tratavam com ele como correligionário, outras como amigo e até mesmo na condição de  prestador de serviço, que chegam a se emocionar quando falam sobre ele. O Dr. Jackson era um  homem descente. Um conciliador de alma inquieta. Uma biografia que resistiu a todo tipo de artimanhas usadas para manchar seu nome.
A inquietação de Jackson Lago ao longo de sua vida sempre foi altruísta. Esquecia-se do eu e defendia o nós. Foi assim no movimento classista, foi assim quando na década de 1960 ingressou na política partidária, foi assim quando foi pras ruas protestar contra a ditadura militar, foi assim quando ao lado de Brizola, em 1979, ajudou a fundar o PDT, partido que ficou até a morte.
Deputado estadual (1975-1979), prefeito três vezes da capital (1989-1992, 1997-2000 e de 2001 a 2002), quando renunciou para disputar o governo do Estado, naquela ocasião sendo derrotado pelo ex-governador José Reinaldo, de quem em 2006 tornou-se aliado e que, com seu apoio, se elegeu governador; cargo ocupado por apenas cinco meses. A chapa Jackson Lago/Pastor Porto foi cassada pelo TSE num dos casos mais controversos da história daquela corte.
Não é segredo que o processo de cassação e o que dele se derivou abalaram profundamente um já idoso  e cansado Jackson Lago, que ainda voltou a ser candidato na eleição seguinte, mas que no curso da campanha foi sujeito de todo tipo de sabotagem, tanto por parte dos adversários tradicionais quanto do chamado “fogo amigo”. Foi demais para o velho combatente de guerra, que logo caiu doente e nos deixou em 4 de abril de 2011.
Por mais que fujamos, existe sempre um SE, no sentido de “caso”, nos rodeando. Se não fosse isso ou aquilo, a coisa ou a história poderia ser diferente.  Essa conjunção condicional SE, no sentido de “caso”, se aplicaria direitinho a Imperatriz caso  Jackson Lago não tivesse sido afastado do governo do Estado. O então governador vivia um caso de amor com a cidade a ponto de no dia do anúncio do resultado da eleição ter vindo à cidade a convite do prefeito Madeira e assumido, num memorável comício na Praça de Fátima, vários compromissos que começou a cumprir um por um. Pouco antes do afastamento, o governador assinou convênio de mais de 60 milhões de reais com a Prefeitura que transformaria Imperatriz num canteiro de obras, como chegou a declarar. A verba chegou a ser depositada, mas com decisão do TSE acabou sendo estornada ao cofres do Estado.
Cinco anos já se passaram desde a morte de Jackson Lago, mas seu nome permanece vivo na memória dos imperatrizenses como o governador do Maranhão que mais amou nossa cidade, tanto que, conforme me revelou na semana passada um de seus amigos, em determinado momento da sua caminhada chegou a cogitar a possibilidade de morar aqui.

Elson Mesquita de Araújo, jornalista.