O estômago e as lágrimas costumam mudar e determinar a rota das coisas. A história tem demonstrado isso. Nações inteiras já vieram abaixo e outras erguidas e reerguidas pela força das lágrimas e do ronco dos estômagos.
Pelas lágrimas e pelo estômago surgiram e se sedimentaram ideias, ideais e ideologias. Por elas vieram o fundamentalismo e as guerras. A força das lágrimas e do estômago gerou vida, mas também mortes.
Por vezes as lágrimas ganham mais importância do que o estômago. Não importa o fato gerador; se falsas ou verdadeiras, lágrimas costumam provocar reações diversas, seja individual ou coletivamente.
O Brasil acaba de testemunhar mais uma vez a capacidade das lágrimas de mudarem o rumo das coisas, no caso em questão, a disputa pela Presidência da República. Os milhões de litros de lágrimas que irrigaram o túmulo de Eduardo Campos, morto no dia 13 de agosto, num desastre aéreo, deram forças para o renascimento do projeto de Marina Silva virar presidente. Por enquanto, ela aparece como a provável adversária da presidente Dilma num cada vez mais presente segundo turno.
Sem querer tirar os méritos de Marina, as lágrimas pela morte de Campos foram determinantes para que ela saísse do camarim e viesse para o palco e aparecesse como alternativa para um Brasil em recessão técnica “crescimento negativo”, emperrado na burocrática e ineficiente máquina estatal, como explicam os economistas. Uma alternativa que num primeiro momento soa mais como uma nova experiência para um Brasil cansado de arranjos e experimentos.
Atendo-me mais às lágrimas, o grande problema é que elas podem nos enganar {os marqueteiros sabem disso} e motivar às escolhas que redundem em mais lágrimas lá na frente. Não lágrimas de alegria, mas de arrependimento. No atual momento nacional não podemos nos “entregar ao luxo” de permitir que a emoção sufoque a razão.
Não resta dúvida de que há um preço alto demais a se pagar, hoje e amanhã, por uma escolha ruim quando a questão é o destino do Brasil dos próximos anos.
Embora tenhamos mais de 500 anos, somos muito frágeis. Nossa economia ainda é dominada pelo capital volátil e nossa jovem democracia é ameaçada o tempo todo. Diria que diante de outras nações ainda andamos segurando nas paredes e isso é preocupante.
O País precisa deixar de se segurar nas paredes. Mudar, isso é um fato, é preciso, mas não motivados pelas lágrimas que podem facilmente nos induzir a erro, ou por aquelas geradas das pranchetas dos criativos marqueteiros com a dirigida intenção de nos enganar.
O momento é o da razão se sobrepor à emoção e nesse pensamento vejo o já experimentado e testado Aécio Neves como o timoneiro que reúne as condições necessárias para conduzir um projeto real de nação.
* Elson Mesquita de Araújo, jornalista
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