Elson Araújo
“Mulher na vida, mulher da vida, mulher de vida, mulher da lida.
Bendita sejas tu, ó criatura divina, que do fel extrai o mel que adoça a vida das vidas que te cercam”.
A luta das mulheres por igualdade, respeito e contra a discriminação é milenar. Ao longo dos séculos muitas perderam a vida para que algumas conquistas estejam atualmente presentes no mundo ocidental sendo comemoradas.
Acompanha-se todos os dias as lutas por direitos das mulheres, daqui desse lado do Planeta e até no fechado oriente médio. Quem ainda não ouviu a história da estudante paquistanesa Malala Yousafzai, conhecida e reconhecida internacionalmente como ativista pelos direitos à educação e o direito das mulheres? Na última terça-feira, numa audiência pública realizada pela Câmara Municipal para comemorar a Semana da Mulher, a trajetória de Malala, bem como de outras bravas, como Joana D’Arc e Anita Garibaldi, foi lembrada por uma das homenageadas, a médica e secretária de Saúde do município, Conceição Madeira.
Da fala de Conceição, a conclusão de que a luta por igualdade de gênero, mercado de trabalho, espaço político, respeito e contra a discriminação, não é nova; tem sido intermitente e pelo menos numa banda do Planeta o resultado dessas tem redundado em inúmeras conquistas.
De fato, as mulheres atualmente ocupam postos máximos de comando político e corporativo. Ângela Merkel, Michele Bachelet e Dilma, uma na Europa e as outras na América do Sul se elegeram, pela segunda vez, respectivamente, para os comandos da Alemanha, do Chile e do Brasil.
Em se tratando de Brasil, esses direitos conquistados acabaram positivados na Constituição e nas leis infraconstitucionais. Também já tivemos uma mulher no comando do Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta corte da justiça pátria. Ainda falta uma mulher na presidência da Câmara ou do Senado, mas é só uma questão de tempo. O Judiciário do Maranhão tem mulheres, uma mulher no comando. No âmbito municipal, o que não faltam são elas em postos gerenciais, sendo ainda o município pioneiro na criação de uma Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres. Exemplos não faltam aqui na cidade, no Estado e no mundo a fora.
Não é à toa, portanto, que por toda essa trajetória de luta, e por vezes de sofrimento, as mulheres, entre as muitas datas comemorativas ganharam um dia que também não foi escolhido por acaso: numa data como a de hoje, em 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, em Nova Iorque (EUA), promoviam uma grande greve por melhores condições de trabalho sendo, naquela ocasião, o movimento reprimido com muita violência. Foram trancadas dentro da fábrica onde trabalhavam e queimadas. 130 tecelãs morreram carbonizadas.
Em 1910, num evento na Dinamarca, ao se relembrar o caso de Nova Iorque, consagrou-se o oito de março como o Dia Internacional da Mulher.
Merece respeito e admiração a luta da mulher por igualdade de gênero, mercado de trabalho, espaço político, respeito e contra a discriminação; e como foi dito aqui, já se vão muitos avanços.
A data de hoje tem um tom profundamente reflexivo. No entanto, com o passar dos anos, ganhou aspecto mais comemorativo, o que fez surgir uma substancial mudança de foco. Uns certamente vão comemorar com flores, presente, café da manhã na cama, uma ida ao motel ou mesmo uma viagem; outros vão seguir o rito inicial de tirar o dia para refletir, celebrar conquistas e defender novas bandeiras.
“Pelo que representamos hoje na sociedade, deveríamos ser homenageadas todos os dias. Não só com presentes, mas com respeito e mais companheirismo”, disse-me ontem à tarde uma amiga numa alusão à sua jornada diária plural de mãe, esposa, dona de casa e mulher de negócio.
“A melhor maneira de vocês, homens, nos homenagearem é serem mais presentes e dividir conosco o peso dessa jornada, que ainda executamos de salto alto”, completou a bem humorada amiga.
Por coincidência, ouvi, com palavras diferentes, a mesma observação de quase todas as mulheres que conversei na tarde de ontem.
Uma colega de trabalho, ao comentar sobre o tema, radicalizou: disse que a mulher, seja esposa, filha, irmã ou amiga, “não é escrava do sexo masculino e não veio ao mundo somente para servir”. “Assim como meu pai e meu esposo, trabalho fora, ajudo igualmente nas despesas, estudo e ainda cuido da casa e da educação dos filhos sozinha”.
A quantidade de depoimentos foi pequena para uma conclusão mais abalizada sobre o assunto, contudo das conversas mantidas com elas extraí pelo menos uma dica importante pra nós homens: refletir é bom, comemorar conquistas e dar presentes, ótimo; levantar novas bandeiras, melhor ainda; no entanto, estar ali bem perto delas e com elas dividir o peso da grande jornada trará às comemorações um novo sabor.
Parabéns, mulheres de Imperatriz, do Brasil e do mundo!
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