Hemerson Pinto
Tudo começou com a mudança de destino na rodoviária de Timon. Francisco vendeu uma passagem para São Paulo, para onde disse que iria quando saiu de casa, e comprou uma para Imperatriz. Foi um risco, não sabia o que encontraria pela frente, mas para quem aos dez anos já trabalhava na roça e vendia laranja aos finais de semana, o que viesse era apenas mais um desafio.
Era 21 de outubro de 1989, Francisco das Chagas Silva deixou a casa dos pais em Teresina-PI. A família estava na capital piauiense desde 1983, ano em que saiu do município de Altos-PI, onde Francisco nasceu em 01 de maio de 1968. Os pais, dona Maria José da Conceição Silva e seu Pedro Cardoso da Silva, tiveram cinco filhos. Nosso personagem foi o terceiro a nascer.
As laranjas vendidas na estação do trem de passageiros, ainda em Altos, e o peso da enxada nos braços do pequeno menino deram a Francisco a coragem necessária para, tão cedo, deixar o ambiente familiar e buscar ‘no mundo’ a realização dos sonhos de infância. Quando mudou o pensamento minutos antes de entrar no ônibus para São Paulo, o jovem de 21 anos acreditou (por acreditar) que Imperatriz deveria ser o novo destino.
Fez certo. Talvez a experiência da vida, apesar da pouca idade, foi decisiva em questão de minutos. Jornaleiro em um farol na cidade de Teresina, vendedor de geladinho e salgadinho no 25º Batalhão de Caçadores, na mesma capital, e vigia de carros no supermercado São Gonçalo. Entre os anos de 1985 e 1986, a conquista do primeiro emprego: garçom no restaurante Sabor, na Avenida Frei Serafim. Depois, até o ano 1988, trabalhou na construtura Recol, dos mesmos proprietários do restaurante.
A chegada em Imperatriz foi no dia 22 de outubro de 1989. Às 6h30 desembarcou na cidade, na parada de ônibus próxima ao setor da antiga rodoviária. Seguiu em um ônibus coletivo até o bairro Vila Davi, hoje Davinópolis. Foi orientado a voltar à região central da cidade. Morou em quatro bairros até conquistar endereço fixo: Rua Bom Futuro e Rua Minas Gerais (Maranhão Novo), Floriano Peixoto (Nova Imperatriz) e por último o Conjunto Planalto, onde reside até os dias de hoje com a esposa Carmem e os filhos Pedro, Rebeca, Alisson e Regia.
Na cidade conhecida como ‘Princesa do Tocantins’, Francisco exerceu outras tantas profissões e funções: servente de pedreiro, lavador de peças em auto elétrica, cobrador de ônibus, assessor parlamentar na Câmara Municipal, assessor de Gabinete na Secretaria Municipal de Saúde, coordenador do Centro de Saúde dos Três Poderes, coordenador da Central 192, diretor do posto de saúde do bairro Planalto e nos últimos quatro anos, superintendente da Defesa Civil de Imperatriz.
Chico - O ‘Chico do Planalto’, como ficou conhecido, devido ao trabalho desenvolvido na Associação de Moradores da Comunidade Planalto I e II (primeiro presidente), ficou à frente da entidade que representa o bairro por quatro mandatos consecutivos e mais dois. Um total de seis. Participou de vários movimentos representado os dois bairros. Um deles foi o que culminou com a cassação do ex-prefeito Salvador Rodrigues.
“A delegacia da Polícia Federal teve a nossa participação efetiva na ida do mesmo pra nossa comunidade Planaltina”, afirma Francisco das Chagas.
Na luta pela quitação dos imóveis das comunidades Planalto I e II, por valores simbólicos, Francisco chegou a ser preso pelo Polícia Federal e responder processo na Justiça Federal, depois de coordenar a ocupação da Caixa Econômica Federal na Praça Brasil. Em duas disputas pelo cargo de vereador, Francisco obteve 689 votos em 2004 e 1017 em 2008.
Com o vasto currículo, Francisco das Chagas será presenteado no final do ano com o Título de Cidadão Imperatrizense. A justificativa dada pelo autor do projeto (vereador Buzuca) que nomeará o homenageado como um cidadão de Imperatriz, “é pelos relevantes serviços prestados na cidade de Imperatriz. Como líder comunitário do Conjunto Planalto, ele conseguiu vários benefícios para o bairro, por exemplo: posto de saúde, gabinete odontológico, escola infantil e um ginásio esportivo. Coisas que nós vereadores lutamos e não conseguimos conquistar. Hoje faz um trabalho excelente à frente da Defesa Civil e lida com muitas pessoas. Merece nosso reconhecimento e homenagem”.
Sobre o título: “É uma dádiva de Deus. Uma honra receber essa homenagem, a qual me atestou de fato e de direito cidadão imperatrizense. Agradeço a Deus em primeiro lugar, aos meus familiares e ao vereador que teve a iniciativa de reconhecer nossos valores e as prestações de serviço ao povo de Imperatriz. Agradecer na sua totalidade a Câmara de Vereadores, que votou por unanimidade”, diz o homenageado.
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