Elson Araújo

Discutir, debater saúde pública sob o ponto de vista pessoal ou político/eleitoreiro não conduz a lugar nenhum. Denuncismo, “ouvirdizerismo”, não vai resolver o problema e não trará nenhuma  contribuição fática para o enfrentamento do problema, exceto espaço para “o denunciador” na mídia.
É bom que se diga que a nossa Constituição Federal  coloca a vida como sendo o bem maior dos direitos fundamentais, preceituando em seu art. 196 que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado. Contudo, em que pesem os louváveis diplomas legais criados para garantir e viabilizar a efetivação do direito à saúde no Brasil, enquanto direito fundamental de todos, é observada atualmente pela sociedade a decadência da saúde pública em todos os estados brasileiros e o consequente sucateamento do SUS, assistido na mais completa inércia nos últimos doze anos.
Dito isto, voltemos à nossa “paróquia”. Pode se criticar o atual governo municipal de tudo, menos de falta de gestão, como os oposicionistas/oportunistas tentam passar, no caso da saúde. É na escassez que se faz o mestre e é nesse sentido que, mesmo com recursos congelados há sete anos, mesmo com o aumento estratosférico da demanda pelos serviços prestados pelo SUS em Imperatriz, o sistema de saúde gerido pela Prefeitura funciona, enquanto em muitos municípios do Brasil os gestores já jogaram a toalha. Para se ter ideia, em 2009 o número de atendimento no Hospital Municipal não chegava a dez mil por mês, hoje são quase 19 mil, conforme o seu diretor, o médico Alison Mota.
É consenso que existe uma crise nacional no campo da saúde pública e não é culpa de prefeito A, B ou C, mas da engrenagem estatal que, assim como já o faz com a segurança pública e outros setores estratégicos, parou de investir em saúde pública e até fez cortes. Os serviços não aparecem na mesma velocidade e grau de eficiência como a máquina de arrecadação. Essa ineficiência termina por prejudicar toda a sociedade e afetar serviços básicos como o de saúde, talvez o maior deles.
O filme é igual em todo o País: uma situação que podemos chamar de caótica. A população sofre com a falta de atendimento médico adequado e com a crescente privatização do sistema. Longas filas para atendimento ambulatorial e hospitalar, unidades de assistência médica superlotadas. Uma vergonha nacional. A diferença de Imperatriz para outros centros é que, mesmo a duras penas, a coisa ainda funciona. Pode é demorar, por causa da demanda,  mas o atendimento chega.
E aqui uma pausa para uma pergunta: a quem interessa o sucateamento da saúde pública no Brasil?
Feita essa pergunta, continuemos. Essa é uma boa oportunidade para se discutir seriamente essa situação como um todo, e não subjetivar o problema por não gostar ou não simpatizar com a gestão municipal.
Daqui, centro que atende a pacientes do SUS do Maranhão, Tocantins e Pará, poderia sair uma espécie de “CARTA DE IMPERATRIZ POR UMA SAÚDE DE QUALIDADE” com um clamor público  em curto prazo pelo aumento do teto financeiro (o grande gargalo) e em longo prazo pela construção de um Hospital Federal de Alta Complexidade, o que seria uma espécie de Socorrão Federal. Há um projeto da Prefeitura de um hospital desse porte engavetado no gabinete do Ministério da Saúde. Seria o caso de lutar, com a ajuda do governador Flávio Dino, pelo “desengavetamento” desse projeto.
A luta poderia não resultar em nada, mas pelo menos se tentaria fazer algo. Essa já seria uma grande contribuição, diferente de usar uma rede social apenas para satisfazer a lascívia oposicionista para atingir a gestão municipal, atitude que sai do nada para lugar nenhum.