“... o que capacita sábios, soberanos e bons generais a combaterem e alcançarem resultados além dos obtidos pelos homens comuns é o conhecimento antecipado, que não é adquirido da experiência ou deduzido a partir de cálculos, porém extraído de outros homens.” (SUN TZU)

   A ICE constitui as estruturas físicas, os serviços, bens e sistemas, que se forem interrompidos ou destruídos, total ou parcialmente, poderão provocar impactos social, ambiental, econômico, político, internacional e afetar a segurança do Estado e da sociedade.
As forças de segurança dos Estados, com aproximadamente 500 mil integrantes, não conseguem prover as necessidades básicas de segurança, tanto é que estamos em conflito não declarado com os 60 mil homicídios que ocorrem anualmente. Observe-se que durante 20 anos de Guerra no Vietnã morreram cinquenta e oito mil norte-americanos.
As Forças de Defesa da União, com cerca 320 mil militares, não têm um programa estratégico para proteger a ICE, embora chamadas esporadicamente a apoiar as ações de Garantia da Lei e da Ordem, mas não aplicam o remédio constitucional na dose prescrita e ficam com a capacidade de ação limitada.
A segurança privada tem atribuição limitada para complementar e apoiar a segurança pública, pois o Estado lhe delegou o menor grau de segurança e sua operacionalidade é duvidosa. O crescimento da segurança privada resulta da necessidade de ocupar espaço deixado pela segurança pública decorrente de vários fatores, principalmente a limitação de efetivos para enfrentar a criminalidade cada vez maior e mais ousada. 
De acordo com a Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores (Fenavist) existem cerca de 700 mil vigilantes regularizados no Brasil e cerca de 2 milhões e 100 mil atuando na ilegalidade. A Lei nº 13.022, de 8 de agosto de 2014, dispõe sobre o Estatuto Geral das Guardas Municipais que poderão atuar na proteção da população e na prevenção à violência, incluindo- as no sistema nacional de segurança pública, garantindo-lhes, inclusive, poder de polícia e porte de armas. Porém, ainda não foi criado um sistema formal e efetivo de segurança e inteligência.
A questão da proteção das Infraestruturas Críticas ou Estratégicas começou a ganhar relevância, a nível internacional, após o “11 de Setembro” de 2001 e dos atentados terroristas que se seguiram em Madrid e Londres.
A principal fonte de recursos do narcoterrorismo, na atualidade, é a venda de petróleo. No México, as ações do Crime Organizado retiram combustíveis dos dutos petrolíferos e o país está perdendo 15 mil barris diários porque não existe uma  política de segurança para inibir o delito. A Colômbia, em 2002, passou também por um pico de furtos nos seus dutos com a perda de 7270 barris por dia com participação de maus policiais no chamado Cartel da Gasolina.
No Brasil, as ações criminosas em dutos têm sido intensificadas nos últimos anos. Contudo, por falta de mentalidade de segurança os responsáveis não dão publicidade ao tema e arcam com os prejuízos. Assim, não podemos avaliá-los. Quando o fato é de natureza grave a população local tem contribuído favoravelmente com o Estado na apresentação de denúncias.
Não há um programa com participação de interagências voltado para a proteção dessa estrutura. Falta até mesmo vontade política. A legislação pode ser considerada branda para inibir esse delito, necessitando agravar as penas, confiscar e dar perdimento de bens dos bandidos.  O órgão fiscalizador não garante o controle da cadeia de suprimento e os dutos ficam vulneráveis. Não há grupo policial capacitado e especializado em combater furtos de combustível. Suas atribuições deveriam ser as seguintes:
- fortalecer as condições de segurança dos dutos, estabelecendo convênios e aumentando a capacidade preventiva;
- realizar atividades de Inteligência com intenso trabalho comunitário;
     - combater as organizações criminosas incrementando a capacidade de investigação;
 - reduzir furtos, roubos e danos ao meio ambiente com patrulhamento, instalação de Postos de Observação em sítios críticos, controle das vias rodoviárias e fiscalização na legalidade do transporte de combustível;
- atuar em equipe, identificando os processos de adaptação e mudança de comportamento dos agentes do crime;
- detectar a infiltração criminosa nas comunidades;
- proteger a infraestrutura e desenvolver uma doutrina adequada fruto da experiência.
A empresa petrolífera não tem Gerência de Controle de Perdas para implementar estratégias e operacionalizar as técnicas de controle, prevenção e mitigação do furto de combustível.
Não existe Centro de Monitoramento de roubos/furtos com funcionamento 24h, o qual deveria ter as seguintes responsabilidades:
- monitorar com câmeras os principais pontos de localização dos dutos;
- empregar GPS nos caminhões tanques;
- implantar a detecção de intrusão por fibra ótica e sensores magnéticos para identificar válvulas ilícitas;
- processar as informações recebidas do centro de controle operacional, dos inspetores de faixas, das comunidades, da população local e das autoridades;
- acompanhar as ocorrências e as situações de crise.
O agente do crime tem tempo e meios para realizar sua ação criminosa. A criminalidade organizada está globalizada. Deve haver vontade política para realizar um plano de ação exequível no Brasil haja vista a grande quantidade de infraestruturas estratégicas. A segurança nos dutos petrolíferos passou a ter prioridade maior, no mundo, pois além de prejuízo direto nos negócios há a depredação ambiental em muitos casos.
Deve ser implantado um dispositivo de pronta-resposta às ações criminosas e melhor emprego dos recursos tecnológicos disponíveis. A Comunicação Social é de fundamental importância para motivar o pessoal, inclusive para a observância das normas de segurança, obtenção da colaboração e apoio às medidas preventivas.
Sun Tzu já dizia que “quem chegar primeiro ao terreno estará em vantagem”. E, neste particular, os criminosos chegaram na frente, infelizmente.

DIÓGENES Dantas Filho é Coronel R1 do Exército Brasileiro, Doutor em Planejamento e Estudos Militares, Forças Especiais, Consultor de Segurança, Cidadão Imperatrizense e Ex-Comandante do 50º Batalhão de Infantaria de Selva (50º BIS).