Fogo foi a arma utilizada para interditar a BR-010
Pessoas furam o bloqueio por caminhos nas laterais da ponte

Hemerson Pinto

Um grupo formado por motoristas e funcionários de outros setores da empresa Viação Branca do Leste interditou a BR-010 na ponte sobre o Riacho Cacau por volta das 4h da manhã de ontem. Dezenas de pneus foram usados para alimentar o fogo que até 10h40 segurou o trânsito nos dois sentidos da rodovia federal.
Motoristas, motociclistas e até pedestres que precisam entrar ou sair da cidade foram impedidos pelas chamas e pelo grupo de funcionários. Uma ambulância que se deslocava para atender chamado em bairro após a ponte (sentido Centro/Conjunto Vitória) não conseguiu passagem, assim como um casal que transportava um homem doente no banco traseiro do veículo para tratamento em Goiânia-GO. Um homem que conversava com nossa reportagem, reclamando que precisava seguir viagem, por pouco não foi agredido.
“Eu também não tenho o direito de falar? Agora uma meia dúzia de pessoas com responsabilidade junto à empresa, dizendo que é culpa da promotoria. Por que não vão levar os pneus para a promotoria e tocar fogo lá e na frente da prefeitura? Ficam aqui dizendo que tem ônibus novo, mas você passa numa esquina e vê é ônibus quebrado. Isso é papo”. Isso foi o suficiente para o motorista ser cercado por alguns funcionários indignados com o depoimento de José Ferreira de Sousa. O caminhoneiro é de Imperatriz e precisava levar carga para fora da cidade.
O motorista Francisco Sousa Cruz é uma das pessoas que está à frente das manifestações promovidas por funcionários da VBL. Segundo ele, o grupo deveria ficar ali até que a Prefeitura ou o Ministério Público se manifestasse. “Queremos saber o motivo de mandar apreender todos os ônibus, inclusive os que estão com documentação em dias, fazendo com que a empresa pare 100%”, justificou. Cruz afirmou que 75 veículos da empresa estão apreendidos e que ontem nenhuma linha urbana seria atendida.
A preocupação do grupo é quanto ao salário, “pois como a gente vai receber se a empresa não gira, porque não tem como arrecadar. A população perde porque não tem carro para levar as pessoas ao trabalho, o comércio perde porque os funcionários não podem chegar ao trabalho”, comenta. O funcionário garante que a empresa já dispõe de dez veículos novos e aguarda a chegada de outros, o que deve acontecer até o próximo dia 19. Cruz também cobra eficiência da Secretaria de Trânsito em relação à liberação da circulação dos novos ônibus.
O protesto encerrou quando a Polícia Rodoviária Federal e a Tropa de Choque da Polícia Militar convidaram os manifestantes para negociarem. Houve resistência e três pessoas foram conduzidas à Delegacia Regional. José Elias, Antônio Carlos e Francisco Sousa foram ouvidos pelo delegado.