Carlos Gaby

O ideário do Brasil rural, do povo e das paisagens nordestinas, da liberdade e da contestação social povoa os sonhos de Washington Brasil desde a adolescência, quando trocou o sonho de ser jogador de futebol ao se ligar, definitiva e emocionalmente, ao jogo melódico do violão e da canção. Era também a procura da aventura da vida, conhecer gente, lugares, compor, tocar.
Lá se vão 21 anos desde a primeira apresentação pra valer – quando antes era uma brincadeira em mesas de bares e festinhas em casas de amigos.
Hoje, Washington Brasil apresenta seu “A Notícia”, no Teatro Ferreira Gullar, para marcar sua trajetória musical em terra que nasceu e começou a carreira, em lugar que lutou pelo reconhecimento e se firmou entre os melhores da geração dos anos 1980/90, que marcou época na produção musical local.
No show, o cantor e compositor presta homenagens a gigantes da MPB, como João do Vale, Ruy Mauriti, Zé Geraldo, Geraldo Azevedo e Renato Teixeira. Mas o marcante da apresentação é a homenagem que faz a Luiz Gonzaga Júnior, o Gonzaguinha, no centenário do pai, o Gonzagão, Luiz Gonzaga Rei do Baião, e o forró pé-de-serra de seu terceiro CD, lançado ano passado em São Paulo.
“É um show que já apresentei em Brasília, no Teatro dos Bancários, em 2010, ocasião em que estava finalizando meu segundo CD, ‘Filhos do Tempo’”, explica o artista.
Com a participação do cantor, compositor e violeiro amazonense GG Gonzaga, o show tem duração de 1 hora e 30 minutos.
“A ideia de fazer esse show com músicas desses compositores consagrados e a homenagem a Gonzaguinha veio com essa necessidade que sinto há alguns anos de resgatar a MPB aqui em Imperatriz. Nada contra outros ritmos ou outros públicos, mas tem que honrar nossa tradição de formar grandes artistas, artistas comprometidos com nossa arte, nossa gente, nossos lugares. Temos nosso público e esse público está precisando de locais e oportunidades que resgatem essa tradição. Disso não abro mão”, desabafa.
O show marca ainda o início de uma turnê que incluirá, além do Maranhão, cidades do Pará e Tocantins. “Vou levar o show a São Luís. São Luís precisa conhecer o meu trabalho. Quero retomar minha carreira no meu estado mostrando meu amadurecimento profissional, o que aprendiz na estrada, com grandes artistas do sul e sudeste do país”.
Carreira - Banquinho, voz e violão era a moda em Imperatriz, começo dos anos 1930, época do surgimento de nomes hoje conhecidos, como Zeca Tocantins, Nenem Bragança, Erasmo Dibel, Celim Galhães, grupos de música e de teatro, espaços alternativos responsáveis pela formação de um público fiel que até hoje acompanha esses artistas.
Nascido em Imperatriz, Washington Brasil surgiu e se firmou nesse cenário com sua voz grave, suave, levemente rouca, e seu violão marcante.
Cravou sua marca com “Viração”, seu maior sucesso, em 1995 no festival histórico que resultou na gravação do CD “Canta Imperatriz”.
Em 2000, jogou a mochila nas costas e o violão no ombro e se mandou para São Paulo. Correu a noite e ganhou reconhecimento. Resolveu “brigar” em Brasília e ficou por dois anos (2008/10) na Capital Federal, “rodando barzinhos” e casas de shows, e pontuando com apresentações marcantes no Teatro dos Bancários. Em 2012, baixou acampamento em Campinas, onde evoluiu, conheceu grandes artistas e temperou seu trabalho, amadurecendo sua criação e ganhando consciência da importância do profissionalismo.
Tem três CD’s gravados (todos em Campinas): ‘Vem Ver’; ‘Filhos do Tempo’; e ‘Washington Forró Brasil’. Participou das coletâneas ‘Canta Imperatriz’ e do Festival de Música de Maringá (PR).
Participou de mais de 30 festivais no Maranhão, Pará, Tocantins, São Paulo e norte do Paraná.
O último CD é de raízes, como define, o “legítimo forró pé-de-serra”. No trabalho, há parceira com o amigo Adriano Rosa, poeta, jornalista e fotógrafo de Barretos (SP).
“Sou assim um virador, um lutador, e espero que meu trabalho agrade esse público de Imperatriz que sempre me prestigia. Minha obra é minha vida, meu chão, minha gente, minhas veias de violeiro e cantador”, poetiza o poeta da alma nordestina.

SERVIÇO

Show ‘A Notícia’
Washington Brasil; participação GG Gonzaga
Teatro Ferreira Gullar
21h
Sexta, 22/03
Ingresso: R$ 10 (venda antecipada na Banca do Chico, Praça de Fátima e na bilheteria do Teatro Ferreira Gullar)