Aqui no Maranhão, de acordo com a pesquisa “Relatório Especial - Empresa Familiares”, produzido pelo Sebrae Nacional, 69% das empresas de micro e pequeno porte (MPE) são empresas familiares, ou seja, que tem parentes como sócios ou empregados.
Ainda de acordo com pesquisa do Sebrae, esta é a maior proporção de empresas familiares do país, à frente de Santa Catarina, que ficou em segundo lugar com 68%, e do Espírito Santo, que ficou com o terceiro lugar com 64%.
Para o diretor superintendente do Sebrae no Maranhão, João Martins, há mudanças no cenário global que cria a necessidade de profissionalizar a gestão dos negócios para garantir a sobrevivência a longo prazo.
“No mundo atual, onde o mercado está cada vez mais competitivo, é muito importante que as empresas familiares profissionalizem a gestão. Temos acompanhado várias empresas com este perfil e que já estão atentas a este desafio. Só crescerá quem se preocupar em ter processos estáveis e que possam atender às demandas emergentes do mercado em que atua. O processo de profissionalização deve abarcar todas as práticas e sistemas, desde a área financeira, a gestão de pessoas, de operação até a gestão de riscos”, comentou.
Exemplos
Há 31 anos, o empreendedor José de Ribamar Morais teve a ideia de montar seu próprio negócio. Funcionário da Caixa Econômica Federal em sua cidade natal, Pedreiras, viu que a convivência com o trabalho do pai, técnico em eletrônica, renderia a chance de investir no mundo dos negócios e realizar o sonho de se tornar empresário. Na semana do Dia dos Pais, ele é mais um caso de sucesso vitorioso, que em tempos de crise econômica tem dado continuidade à empresa familiar, com a ajuda da esposa e do filho.
Ribamar veio para Imperatriz na década de 80, casado, levantou capital necessário e abriu o negócio. Ainda empregado na Caixa, a esposa, Darlene Cavalcante Morais, era quem conduzia a empresa “Eletrônica Morais”, que nos primeiros anos funcionava em um ponto alugado. As vendas foram dando resultados, começou a ganhar dinheiro e cresceu o suficiente para comprar uma área fixa para a loja.
“Investi no ramo de vendas eletrônicas, por influência do meu pai, que concedeu a oportunidade de trabalhar com ele. Vendo a falta de lojas que vendiam aparelhos eletrônicos e sabendo quem era meu público, resolvi abrir a loja. Em 1996 saí do emprego e fui cuidar da empresa ao lado de minha esposa. Eu tinha conhecimento prático, mas não experiência comercial, e por conta disso fui cometendo erros, aprendendo com eles. Quase fali, pois fui abrindo outras lojas sem estrutura, mas consegui superar as dificuldades”, revela.
Com o tempo foi mudando de ramo, saindo dos eletrônicos, passou a investir mais na área de som. Hoje, chamada “Morais Som”, a loja vende instrumentos musicais, de iluminação, acessórios e outros equipamentos de som, dispõe de nove funcionários. Instalado em uma boa área comercial da cidade, o empreendimento é conduzido por ele e o filho Ricardo, em uma parceria direta de trabalho que ocorre há um ano.
“Vim para a empresa pra ajudá-lo na gestão, passei a assumir o gerenciamento da loja, recursos humanos, ajudar na liderança e em outras partes que estava precisando. Hoje o pai fica mais no controle da gestão financeira, nas decisões que envolvem investimento financeiro”, comenta Ricardo Cavalcante Morais, que é formado em Direito e também professor.
“Minha vontade é que ele me substitua nessa sucessão, a relação familiar no início tinha um ou outro conflito, pois tenho uma prática e não aceitava algumas mudanças que sugeriam. Mas hoje é diferente, quero essa ajuda dele operacional ainda mais nesse momento de reestruturação da economia, até porque o empreendimento é dele também. Nesse período de mudanças, o Sebrae apareceu no momento certo no meu empreendimento”, afirma José Morais.
A Morais Som hoje é atendida pelo Sebrae em Imperatriz, por meio do programa Agentes Locais de Inovação (ALI), que leva melhorias e soluções inovadoras aos empreendimentos gratuitamente por meio de orientações personalizadas de acordo com a necessidade das empresas de pequeno porte.
Há dez meses pai e filho recebem atendimento do programa ALI em seu estabelecimento. Quem acompanha a agente do Sebrae e instala as mudanças é o filho Ricardo. Ele conta que o programa foi o pontapé que precisava para ir pra empresa e ajustar as melhorias. Inicialmente, viram que precisavam estruturar os atendimentos, regras de funcionamento da empresa, decisões de gestão, pessoal e melhorar o marketing. Após a elaboração do plano de ação com base no diagnóstico, tem colocado em prática as mudanças, dentre elas registro da marca, formação do organograma, plano de cargos e outras ferramentas de gestão.
“Estamos tendo mudanças significativas por meio do programa ALI, que nos instiga a querer crescer mais, de forma saudável. São ferramentas simples, que não percebíamos e tem feito a diferença dentro da empresa. Já fiz cursos pelo Sebrae como o Empretec e outros que deram visão de gestão e mudança, sempre com o desejo de empreender e ajudar meu pai”, destaca Ricardo.
O pai José revela que o auxílio do Sebrae tem gerado um comportamento melhor no ambiente da empresa. “Muito boas as ideais e ferramentas que trouxeram pra loja, inovação e mudanças simples sem altos gastos, ideias inovadoras para nos ajudar a ter um comportamento diferente e ser mais competitivo, alternativas que se adéquam à nossa realidade. Eu estava precisando muito”, frisa.
Para o gerente regional do Sebrae em Imperatriz, Danilo Borges, o programa ALI permite que as empresas evoluam, que os empresários tenham mais condições de garantir melhor qualidade dos negócios e de vida à sua família, especialmente aqueles que, junto aos seus filhos, conduzem o negócio da família, em meio aos desafios diários do cenário econômico. “Por isso o programa ALI presta um relevante serviço para dezenas de micro e pequenas empresas de Imperatriz, no incentivo à inovação constante, com atendimento focado em resolver questões estratégicas, que tendem a atrapalhar o dia a dia das empresas. Nosso desejo é que esses pais e filhos empreendedores se fortaleçam mais e ajudem nosso município a crescer mais economicamente”, pontua.
PRIMOS Transportadora
Outras soluções inovadoras que o ALI tem gerado no mercado de Imperatriz é na empresa Primos Transportadora. O nome que carrega surgiu no início do empreendimento há 15 anos, quando Gervan Bravim resolveu, juntamente com um irmão e o primo, abrir uma transportadora. Eles iniciaram com algumas dificuldades, mas vendo a ausência de serviços de transporte para as cidades de Paragominas, Ulianópolis e Dom Eliseu, ficaram motivados e resolveram encarar o desafio.
Com o tempo, os parentes saíram, mas Gervan continuou o negócio, ainda na informalidade. Foi fazendo contatos necessários para expandir, nesse percurso o caminhão que transportava foi assaltado, o ponto fixo não tinha estrutura, era um prédio aberto. Sua persistência e vontade foram superando os desafios e hoje comanda a Primos Transportadora e seus oito funcionários, com uma ajuda especial, seu filho único Felipe Ruan Bravim.
“Meu filho já me ajudava com serviços de banco, contabilidade, despachos para clientes em outros estados, diretamente há uns oito meses, quando estava precisando de ajuda na gestão. Momento também em que o Sebrae veio nos ajudar com o ALI e tem orientado em umas necessidades que barravam o nosso crescimento”, explica.
A Primos Transportadora atua em dois tipos de serviço, um com a rota fixa que transporta cargas fracionadas urgentes e encomendas para rota no percurso de Paragominas. A outra é de transporte de cargas fechadas em que fazem entregas em outros locais fora de sua rota habitual com um caminhão próprio para isso. O pai Gervam faz a parte operacional, coletas, visita os clientes e organiza a logística de transportação.
“Percebi a necessidade de ajudar meu pai e sei também do potencial do ramo. A empresa é um patrimônio nosso, vim gerenciar para expandir ainda mais os trabalhos já realizados. Hoje sou responsável pela parte financeira, relacionamento com o pessoal e gerencio essa otimização da gestão. Temos um bom produto, mas precisava de uma boa divulgação pra vender ainda mais, conforme nossa demanda suporta. Foi quando conheci o programa ALI, que há cinco meses tem auxiliado para essas mudanças e orientado com o plano de ação que fizemos juntos, além do incentivo da agente na empresa pra melhorar a qualidade”, explica o filho Felipe Bravim.
A relação de pai e filho facilita na condução do empreendimento, afirma o pai Gervam, que diz conseguir conduzir melhor os negócios por ter alguém de inteira confiança todos os dias e ainda acrescenta. “Com o ALI tenho tido um momento de aprendizado, chegou na hora certa, sabia cuidar os negócios somente na prática, operacional. Hoje tenho esse controle de gerenciamento, implantando ações simples, mas que guiadas por um profissional do Sebrae, faz a diferença, especialmente com as vendas otimizadas que precisamos ter”, pontua.
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