A suspensão de cirurgias eletivas, consultas a especialistas e exames laboratoriais pelo sistema público de saúde de Imperatriz aos municípios vizinhos está na pauta da reunião do Conselho Municipal de Saúde, que será realizada hoje (11). A ideia dos representantes da saúde de Imperatriz é que o atendimento às cidades que compõem a regional de saúde de Imperatriz seja normalizado nos próximos dias.
Ontem os secretários de saúde da região se reuniram em Imperatriz para discutir o problema, que na última terça-feira também foi tema de uma reunião provocada pela Secretaria de Estado da Saúde, da qual participaram o prefeito Madeira e a secretária Conceição Madeira.
A secretária municipal de Saúde, Conceição Madeira, explicou que, com o restabelecimento do atendimento, os municípios ficarão limitados às suas cotas. Assim que os recursos destes municípios acabarem, Imperatriz suspende o atendimento. “A partir deste momento, a confirmação será feita em cima do dinheiro e não em cima de procedimento. Então, se o município tem 100 mil reais por ano, na hora em que acabarem estes 100 mil, automaticamente, o atendimento será suspenso, a não ser que o município venha e banque [pague] este atendimento”, explicou.
Na reunião de hoje deve ser definida uma nova data, provavelmente dia 18, para a realização de uma reunião extraordinária. A intenção desse novo encontro é poder contar com a participação de vereadores e outros representantes da população para discutir a situação do atendimento a outras cidades.
Segundo o coordenador do Sistema de Regulação de Imperatriz (SisReg), a população de Imperatriz será a grande beneficiada pela nova realidade. “A partir do momento em que você tira esse déficit da região, o dinheiro sobra para a nossa população. Se parte do nosso dinheiro estava sendo usado para atender a estes municípios, agora ele vai voltar para a nossa população que, consequentemente, será a grande beneficiada por esta intervenção”, garantiu.

Reunião regional
Ontem (10), a secretária de saúde, Conceição Madeira, e o coordenador do Sistema de Regulação (SisReg), Irisnaldo Félix, reuniram-se com representantes de 14 municípios, dos 42 municípios que compõem a regional de saúde de Imperatriz. Na ocasião, foi discutida a nova realidade do atendimento de saúde da cidade aos municípios vizinhos. A reunião aconteceu na sede da Unidade Regional de Saúde de Imperatriz.
A secretária de saúde de João Lisboa, Val Mota, considera justa a atitude tomada pela prefeitura de Imperatriz. Segundo ela, os municípios precisam cobrar do estado e do Ministério da Saúde o aumento dos repasses. “Tem que ter uma mobilização [dos municípios] junto ao estado e o Ministério da Saúde para cobrar a revisão da situação de Imperatriz em relação a estes repasses. Nós entendemos as dificuldades que o município [de Imperatriz] passa, mas não podemos deixar de prestar atendimento a nossa população”, explicou.
A secretária de saúde de Itinga, Marluce Lins, também declarou apoio a atitude local. “É uma situação de emergência. O Prefeito já havia nos informado essa situação, nós já havíamos realizado outras reuniões, elaborado documentos, relatórios. Tanto o Ministério da Saúde quanto o estado já estavam sabendo. É uma situação de muita gravidade, porque é uma falta de recursos para a saúde de Imperatriz, e isso prejudica toda a macro-região”, garantiu ela.

Recursos do estado
Na última segunda-feira (9), representantes da Semus reuniram-se com o secretário estadual de saúde, Ricardo Murad, em São Luis. Murad reconheceu o déficit da região e demonstrou interesse em ajudar, com a destinação de mais recursos. Antes, é necessário que os municípios da região se reúnam e definam quais suas reais necessidades, o que começou a ser feito na reunião de ontem.
No ano passado, a saúde de Imperatriz registrou déficit de cerca de cinco milhões de reais. O valor acabou saindo dos cofres da cidade, já que os demais municípios da região, o estado e o Ministério da Saúde se recusaram a reembolsar o município. Irisnaldo Félix garante que a suspensão do atendimento a outras localidades é a única solução encontrada para evitar novo saldo negativo no fim deste ano. “Desde 2008 que vem ficando déficit para Imperatriz. Então, para preservar a população de Imperatriz foi que o município decidiu cancelar estes procedimentos, até que se veja um novo teto financeiro para a saúde pública de Imperatriz”, esclareceu.
Ao todo, mesmo com uma área que compreende apenas 42 municípios, estima-se que Imperatriz atenda mais de 60 municípios, já que a cidade também recebe pacientes de outras cidades, inclusive, dos estados de Pará e Tocantins. (Comunicação)