Quisera eu ter o poder de tomografar as nossas andanças sob os holofotes da então TV Educativa de Imperatriz, da CRC, da TV NATIVA, e a de tua propriedade – REDE TV – TV CAPITAL, ou, reviver aquelas entrevistas feitas com os microfones da RÁDIO IMPERATRIZ e da RÁDIO CAPITAL, quando, por inúmeras vezes, fora convidado a falar sobre os problemas de nossa saúde local e regional, com um destaque maior ao trabalho de Incentivo ao Aleitamento Materno em nossa Imperatriz e suas adjacências geográficas.

A princípio, na TV EDUCATIVA, participei como convidado seu, a exemplo do colega José Valter (neurologista). Posteriormente, por seu intermédio e de Marcelo Rodrigues, ganhei um horário exclusivo nas manhãs de sábado para fazer o Programa – VIDA E SAÚDE. Nele, abordava a importância da saúde da família, com ênfase aos fatos ligados à problemática da saúde pediátrica e da mulher. Temas como: aborto, suicídio na infância, desnutrição infantil, gestação na adolescência, abuso sexual, dentre outros, sempre fizeram parte de nossas abordagens. O telespectador podia escrever pra tirar suas dúvidas sobre os problemas de seus filhos e, assim, por diante.
Na rádio Imperatriz, por seu intermédio, tornei-me amigo de Janete Espósito, Moacir Espósito, Clodomir (Corró), além de outros ícones da imprensa local, dentre eles Jurivê de Macêdo, Coquinho, Arimateia Júnior, Roberto Chaves, Nilson, Luiz Brasília, Tereza Eugênia, Maria Leônia, Sérgio Macêdo, Zezé Macêdo, Ediana, Iara Paiva, Orlando Meneses, pelos quais fora entrevistado inúmeras vezes, para falar dos problemas de saúde de nossas crianças e adolescentes. Em nossas entrevistas, as questões políticas e administrativas sempre estiveram na pauta.
Lembro-me, quando em um de nossos trabalhos em nome da Imprensa local, ao visitarmos a comunidade Farra Velha, visitando casa por casa, conversando com as vítimas da prostituição, tivemos o dissabor de ouvir de algumas mulheres acerca de como eram tratadas, no caso de adoecerem de alguma patologia, o seguinte relato: “Nós, algumas vezes, tratamos determinados tipos de doenças genitais, do tipo verrugas – HPV – com cinza de cigarro”. Ficamos estarrecidos diante daquela triste realidade. A nossa queridíssima e saudosa irmã Neves – missionária Tereziana – ficou muito penalizada ao ouvir tão medieval relato. Na ocasião, conseguimos um atendimento no Hospital Regional de Imperatriz, recém-inaugurado como hospital geral.
Fizemos muitas reportagens sobre saúde, inclusive, em bairros como a Vila Fiquene, acompanhados de Irmã Rhina, antes mesmo da chegada de asfalto a essa localidade. Água potável, nem pensar. Muitas famílias faziam uso da água das cacimbas a céu aberto existentes nas portas de diversas casas. Uma situação de fato, muito triste. Apesar de nossos desencantos com a realidade médico-social àquela época, o nosso trabalho de divulgação, sobre tão trágica realidade, permaneceu intocável.
Numa tarde de sábado no bairro de Vila Nova, convidado por mim, dessa vez, fomos à maternidade Mater Cristo, a qual funcionava com o apoio do então gestor municipal – Dr. José de Ribamar Fiquene. Era administrada por nossas irmãs Canossianas, na pessoa de Irmã – Rhina. Lá, tivemos a alegria de ouvir depoimentos de mães da comunidade sobre o tratamento humanizado, recebido desde o pré-natal. Irmã Rhina comentou-nos, quando lhe perguntei, sobre suas maiores dificuldades no trabalho de parto das parturientes, afirmando: “É quando o pai não adota o filho desde o ventre materno. Nesses casos, a parturiente tem um parto mais demorado e, muitas vezes, temos de levar pro Hospital Regional de Imperatriz, para realizar a cesariana. Diferentemente, quando a gestante vem acompanhada por um “companheiro grávido”, o parto ocorre quase sempre sem complicações e rápido”. Às vezes, quando a mulher não tem um companheiro certo, mas vem acompanhada por algum familiar que lhe dê carinho e apoio sob todos os aspectos, o trabalho de parto transcorre bem, de modo tranquilo”.
Meu amigo, conversamos há poucos dias atrás, quando aproveitei a oportunidade para te agradecer pelas lágrimas por ti derramadas num de teus programas, quando estiveste te reportando à situação na qual eu havia sido removido para São Paulo, onde, até agora me encontro, depois de estar quase desembarcando em PARSÁGADA, tudo por causa da insensibilidade política e administrativa dos nossos governantes municipais, estaduais e federal. Pois, é inadmissível, que em pleno século XXI, pessoas ainda estejam expostas às doenças transmitidas por mosquito. Novamente, quero agradecer ao teu espírito solidário, que, certamente, está sobrevoando sobre nós, rumo à eternidade tão sonhada por todos os cristãos que somos.
Ainda ontem, meu amigo, havia dito ao meu filho Paulo de Tharso para gravar um vídeo ou um áudio para ti, com a finalidade de convidá-lo para, através do teu canal de televisão, desencadear uma campanha nunca vista em Imperatriz, para erradicar o maldito mosquito da DENGUE, da ZICA, da CHIKUNGUNYA e o da FEBRE AMARELA. Infelizmente, o meu desejo não chegou aos teus ouvidos, que sempre valorizaram as minhas conversas e posturas como médico-pediatra. Isso, do Studio ao consultório.
Tive a honra de cuidar de todos os teus maravilhosos filhos: Poliana, Conor Júnior, Rômulo, Thiago, Conor segundo, Laura, Ítalo e Smile, acompanhei por algum tempo, o filho de Conor Junior, de Poliana e o filho de Ítalo.
Não há como negar a forma dolorosa como lidamos com os nossos múltiplos lutos neste passeio terreno. Seríamos mentirosos, se negássemos a nossa insatisfação diante de nossa finitude. Todavia, suplico aos céus do nosso Bondoso Deus e Maria Santíssima e a todos os seus anjos que te recebam carinhosamente, como acredito terem feito, com aquelas criancinhas que te fizeram chorar algumas vezes em nossos programas, quando mostravas suas fotos recebidas do UNICEF, apresentando os danos produzidos em seus corpos pela Desnutrição Infantil.  
Aos teus filhos e às mães de cada um deles, quero externar todo o meu carinho e respeito por cada um de vocês, notadamente nesse momento de profunda dor pela perda temporária, acredito, do nosso bom amigo – CONOR FARIAS.
Um abraço aos parceiros como Orlando Meneses e outros de tua equipe de trabalho.
À querida Renne, desejo muita sabedoria neste momento difícil e extremamente doloroso para você que há muitos anos tem sido o braço direito de meu amigo CONOR. Deus te ilumine muito para dar continuidade a esse magnífico trabalho.
Um grande abraço pra você. Meu muito obrigado pela parceria que tivemos em prol da saúde de nossa comunidade por mais de 34 anos. Vá em paz, meu amigo. Obrigado!

São Paulo, 26 de Março de 2017. 
Dr. Itamar Dias Fernandes