Ônibus parados no Terminal de Integração

Hemerson Pinto

Passageiros de dezenas de ônibus da empresa Viação Branca do Leste foram pegos de surpresa na tarde de ontem, quando os motoristas resolveram parar os veículos em sinal de protesto no Terminal de Integração de Imperatriz. Dois quarteirões da Rua Coriolano Milhomem e um da Rua Urbano Santos, Centro, serviram como estacionamento para os ônibus. Centenas de pessoas ficaram prejudicadas. Motoristas e cobradores informaram que estão há três meses sem receber salários.
“Eles estão dizendo que não vão seguir com a gente, que depois do protesto vão levar os carros para a garagem. Eu moro em Davinópolis. Com essa criança nos braços, como é que eu vou ficar no meio do caminho?”, questionava uma passageira, sem saber se o veículo no qual pretendia chegar ao destino seguiria viagem.
Durante a paralisação, que teve início por volta de 15h e durou cerca de duas horas, estudantes também se perguntavam como fazer para chegar em casa. “A gente depende desse transporte. Queremos chegar em casa, tem gente que está indo ou voltando do trabalho. Se parar, vai ficar complicado”, diz Mariana Carvalho.
O motorista Osmar Vitorino de Araújo afirma que está há três meses trabalhando sem receber salário. “Estamos passando necessidade sem saber o que fazer”, comentou. Osmar explica que a empresa adotou calendário de pagamento dos funcionários por ordem alfabética, “mas só chegam até a letra C”, diz.
Outro motorista, identificado como Daurismar, também reclamou atrasos na pagamento. “A gente não pode comprar uma balinha fiado, pois não sabe que dia ou hora vai receber. Trabalhamos cuidando dos veículos deles e infelizmente somos tratados assim”, declara.
O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Imperatriz (STTRI) informou que o protesto foi provocado pelo não cumprimento de um acordo extrajudicial feito entre o sindicato e a empresa no último mês de agosto. O acordo teria ajustado para até 60 dias a realização do pagamento de encargos trabalhistas, a mudança no formato de pagamento, que passaria a ser em depósitos bancários em contas dos trabalhadores, além do pagamento de salários, entre outros direitos dos trabalhadores. Segundo o presidente Oliveira da Silva Lima, o acordo não estava sendo cumprido.
A assessoria de imprensa da VBL informou que a empresa já trabalha no sentido de aderir uma nova forma de pagamento dos salários, que deverá ser feito, como ajustado em acordo, por meio de contas bancárias nos nomes dos funcionários, e no quinto dia útil de cada mês. Quanto ao atraso no pagamento, a assessoria afirma que o calendário por ordem alfabética foi prejudicado este mês devido aos feriados dos dias 12 e 15.
O STTRI confirmou que ao final do protesto 70% da frota foram recolhidos para a garagem da empresa. Cerca de 25 ônibus apenas continuaram o transporte de passageiros. Muita gente seguiu o restante do percurso a pé, em táxi-lotação ou mototáxi.