Hemerson Pinto
A chuva demorou a passar, e quando amanheceu o domingo a cidade inteira pôde ver o que moradores de bairros atingidos por enchentes haviam enfrentado durante a madrugada. Água invadindo residências, arrastando lixo, arrancando asfalto, abrindo crateras e até arrastando automóveis com o condutor dentro. Ruas e avenidas com características de rios.
Na Avenida JK, que liga a BR-010 ao bairro Nova Imperatriz, no início da tarde de segunda-feira a água do Riacho Capivara e córregos próximos ainda não havia deixado a pista. Na manhã de domingo, o cenário era comovente. O Corpo de Bombeiros recebeu apoio de voluntários e de um grupo de bombeiros civis para resgatar famílias ilhadas, nos bairros Invasão, JK e Boca da Mata.
Um bote foi usado para transportar pessoas e animais domésticos para um local seguro, longe da água barrenta. Em alguns trechos da avenida, o volume da água cobria o canteiro central. Cerca de dois quilômetros da avenida ficaram intrafegáveis. A água chegava até o cruzamento com a Rua Alagoas, na Nova Imperatriz, e impressionava.
“Eu nunca tinha visto a JK ficar cheia assim. Também, desta vez choveu a noite de sábado até hoje (domingo) de manhã. O riacho encheu até jogar água fora e ficar desse jeito. Tenho medo é de acontecer outra vez, pois o inverno promete castigar”, diz Cícero Alves, morador de um dos bairros atingidos.
No cruzamento das avenidas Newton Belo, Ceará, Sabiá das Laranjeiras, Rua Floriano Peixoto e Rua Padre Cícero, a água do Riacho Capivara cobriu as pistas, interrompendo o trânsito. O acesso aos bairros Santa Inês, Jardim São Francisco, Nova Imperatriz e região do Grande Santa Rita ficou impossibilitado.
“Eu não garanto passar com meu carro aí, apesar de ser um veículo alto. Posso me livrar da água, mas e se na hora da passagem tiver uma cratera ou a rua tiver rompido? Cai no riacho. Prefiro voltar pela Nova Imperatriz, pegar a BR-010 e tentar chegar ao Bonsucesso”, comentou a comerciante Maria de Lourdes.
As enchentes também prejudicaram moradores da Vila João Castelo, na região da Grande Cafeteira. “Muita lama dentro das casas, pessoas que perderam móveis, mulheres com crianças nos braços, homens com móveis na cabeça procurando um lugar alto pra colocar. Foi terrível, é uma sensação que não tem como explicar. Não gostaria de ver meu bairro passando por isso novamente”, desabafa o servidor público Adão Ramos.
Trecho da Rua Godofredo Viana ficou interditado, como em outros pontos do bairro Bacuri. O Riacho Bacuri também ganhou volume com os 167 milímetros de chuva que caíram entre a noite de sábado e madrugada de domingo.
Na região da Lagoa Verde, uma casa desabou depois que a água carregou parte da estrada. Ninguém se feriu. Os moradores do povoado Centro Novo ficaram sem acesso para entrar ou sair do bairro.
Defesa Civil – A Superintendência da Defesa Civil do Município de Imperatriz informou que equipes atuaram no domingo e na segunda-feira nos bairros atingidos pelas chuvas do final de semana. “Já na manhã de segunda-feira estamos com equipes visualizando as situações em toda a cidade. A JK, por exemplo, ainda tem trecho coberto pela água, como em algumas ruas do Bacuri e Vila Redenção. Toda a cidade foi atingida”, explica o superintendente Francisco das Chagas.
Segundo a Defesa Civil, entre a madrugada de sábado e manhã de domingo choveu o aguardado para os próximos 15 dias. Apenas na manhã de ontem, a cidade recebeu, de acordo com Francisco das Chagas, mais 63 milímetros de chuva.
Rio – As chuvas que caem na região também provocaram aumento no leito do rio Tocantins. Segundo a Defesa Civil, o estado é de alerta. A água atingiu 4m e 60cm acima do nível normal. “A sorte é a vazão baixa da hidrelétrica de Estreito, decorrente das poucas chuvas que caem na região mais próxima da barragem”, diz Francisco das chagas.
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