Chamas ganharam altura após serem alimentadas por sofás velhos

Em poucas horas de protesto, os moradores da Avenida São Sebastião e Rua J, na divisa dos bairros Vila Nova e Jardim Lopes, conseguiram reunir várias equipes de reportagem e três vereadores. A manifestação na manhã de ontem interditou a avenida com uma fogueira alimentada por pneus, papelão, pedaços de madeira e dois sofás velhos.
Convivendo há quase uma década com esgoto a céu aberto passando em frente às residências, a população não suportou quando a rede de esgoto entupiu e a água suja começou a retornar para dentro das casas, pelas pias e pelo ralo do banheiro. “Nós queremos uma providência, conseguir junto à prefeitura alguns canos e a autorização para quebrar o asfalto para fazer um paliativo, fazendo a água escoar. Deu certo, mas piorou para alguns vizinhos, pois a água escorreu para frente de outras residências”, diz a estudante Maria do Socorro.
A moradora afirma que a situação piorou após o aterro de alguns terrenos na Rua J, para a construção de residências. Ela afirma que procurou respostas junto às secretarias de Meio Ambiente e de Infraestrutura, além de solicitar atendimento da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão, mas o problema não foi resolvido. “Vamos manter o protesto, o fogo, e se ninguém aparecer vamos para a Secretaria de Meio Ambiente. Alguém tem que tomar uma solução”, desabafa Maria do Socorro.
A dona de casa Jesuína Maria afirma que o esgoto incomoda com o mau cheiro e oferece riscos à saúde de quem mora nas proximidades. “Até a água usada para lavar o banheiro está voltando porque o esgoto está entupido”, garante. Já dona Maria do Carmo conta que o problema atrapalha o bom relacionamento da vizinhança. “Os vizinhos da outra rua implicam, achando que a água suja vai pra lá porque a gente tenta tirar da nossa porta”, rebate.
O proprietário dos terrenos aterrados para a construção de casas explica que sua obra não tem ligação com o esgoto a céu aberto na Avenida São Sebastião. “Esse loteamento do Jardim Lopes tem mais de 20 anos. A tubulação da Avenida Pedro Neiva de Santana é jogada pra cá, que é uma área mais baixa, a área ficou alagadiça. Não tem como construir no alagado, por isso tivemos que elevar a altura do solo para construir a rua. Chegamos a abrir três ruas aqui por conta de um empreendimento particular. Isso, inclusive, valorizou imóveis dos vizinhos, que antes tinham uma rua ‘morta’”, defende o construtor Noadir.
Os vereadores Richard, Eudes Pires e Fidelis Uchoa compareceram ao protesto e ouviram a população. Segundo Richard, “tem mais de duas semanas que estamos sabendo desse assunto e pedimos com urgência para o secretário olhar a situação desses moradores. Iremos com alguns moradores ao secretário de obras para falar com ele sobre esse problema”.
Homens do Corpo de Bombeiros acompanharam o movimento e informaram aos manifestantes que apagariam o fogo por questões de segurança, já que as chamas começaram a ganhar altura.

Hemerson Pinto