Hemerson Pinto
Depois da chuva que caiu entre a noite de sábado (15) e madrugada de domingo (16), as marcas ainda são visíveis em todos os bairros de Imperatriz. Não apenas as marcas de água nas paredes das residências, mas a destruição de móveis e eletrodomésticos, jogados fora depois das inundações.
“Temi até pela vida”, lembra o professor Antônio Rodrigues Soares, morador da Rua Pernambuco, bairro Santa Rita. Apenas ele e a esposa estavam na residência do momento da chuva. “Perdemos tudo. Ficamos apenas com o ventilador e uma TV”. O carro do casal ficou coberto de água durante oito horas. “A sorte é que depois que a água baixou e o carro secou, dei a partida e ele ainda ligou”, conta.
Temendo acontecer novamente, Antônio e a esposa estão com a mudança marcada. Sem nada pra levar, aguardam apenas o momento de entrar no outro imóvel alugado, em outro bairro, e começar a comprar tudo outra vez.
A exemplo de Antônio, o vizinho João Francisco e a vizinha Maria Batista Carmo também vão deixar o quarteirão da Rua Pernambuco, mas apenas por algum tempo. Os dois também tiveram as casas invadidas pelo Riacho Capivara, que passa a aproximadamente 200 metros das residências de João e Maria Batista.
“Acabou tudo: cama, três guarda roupas, geladeira, ficamos com apenas dois televisores. Estávamos todos em casa, mas não deu tempo salvar nada. Dos meus dois carros, um ainda está na oficina”, lamenta o taxista João Francisco. A alternativa foi mudar provisoriamente para a casa da mãe dele e fazer uma reforma na residência, onde mora há quase 30 anos. “Nunca tinha acontecido isso”, diz.
Maria Batista mora há 24 anos no mesmo endereço “e agora vou ter que sair de casa porque não tem condição de ficar aqui sem fazer uma reforma primeiro”. A mulher soma que vai necessitar de aproximadamente R$ 15 mil. “Fazer um aterro alto. Depois aumentar a altura das paredes, cobrir novamente, é como reconstruir”.
Maria aguarda pelo menos a substituição de rede de esgoto que passa no trecho da Rua Pernambuco, por uma de cano mais largo. “Essa não suporta nem a água que sai de nossas pias. Bocas de lobo e galeria tudo entupido. Até o que sai do banheiro volta para dentro de casa”, reclama. A dona de casa foi abrigada pela sogra, enquanto faz a reforma.
O motorista José Raimundo Pereira não estava em casa na hora da chuva. Quando retornou, a água tinha invadido a rua. “Geladeira, fogão, armário, guarda roupa, até o carro alagou. No meio da rua ficou um buraco que provoca acidentes”, lembrando o que aconteceu com um deficiente físico, que sofreu acidente após bater de moto na cratera coberta pela água.
Para sinalizar o perigo e como forma de protesto, os moradores interditaram a rua com o que restou depois da enchente. A expectativa é pela visita do poder público, principalmente por conta da lama acumulada na rede de esgoto. “Tem que ser feito algum serviço, pois não tem por onde a água sair”, diz José Raimundo.
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