Por muitos anos, o terreno baldio localizado às margens do riacho Capivara, na Avenida Sabiá das Laranjeiras, bairro Santa Inês, serviu como depósito de lixo. Inconformado com a poluição e falta de educação de alguns moradores, o comerciante José Linhares (80) tomou a iniciativa de transformar o local.

Segundo José Linhares, a ideia inicial não era fundar uma praça, mas evitar que o lixo continuasse a se acumular naquela região. “O terreno estava se tornando um lixão aqui em frente das nossas casas, então eu capinei e tirei 15 carroças lotadas de lixo, depois plantei as duas primeiras árvores”, afirma.
Com um trabalho diário, o comerciante foi dando forma ao terreno, que - aos poucos - foi sendo transformado em uma pequena praça: atualmente, conta com várias espécies de árvores, ainda em crescimento, canteiros com flores, bancos de madeira, iluminação extra e placas educativas, tais quais “Não jogue lixo” ou “Não estacione”, essa próxima ao semáforo.
“É simples, mas aí agora tudo é vida”, fala emocionado José Linhares. Ele conta ainda que não teve ajuda de ninguém, nem dos moradores, nem da prefeitura e muito menos de políticos. “Aí ninguém ajudou. Não foi prefeitura, não foi nenhum político, fui eu. Agora eu fico feliz de estar sendo visto como uma pessoa do bem”, diz. 
Embora a construção da praça tenha evitado que os moradores jogassem lixo no local, a falta de estrutura impede que pessoas a frequentem. Por ser à beira de um riacho muito poluído, o mau cheiro incomoda quem passa por ali. “Atitudes como a desse senhor devem ser aplaudidas porque atitudes assim tornariam nossa cidade mais bonita e arborizada, mas a praça está muito próxima a um córrego que tem um forte odor e que serve como criatório para mosquitos, além do risco de desabamento”, afirma Marília Vânia (21), estudante que passa todos os dias pelo local.
“Por um ponto é bom porque o pessoal parou de jogar lixo, por outro os pneus que ele usou como canteiro ficam acumulando água e isso pode trazer doenças. São vantagens e desvantagens”, diz o vendedor Ezequias da Luz (29). Ele afirma ainda que era comum ver pessoas jogando entulho e lixo, poluindo tanto o local quanto o riacho e que depois da construção da praça as pessoas se conscientizaram.
O criador da praça afirma que fica feliz com o seu trabalho e espera que outras pessoas se inspirem em sua atitude. “Se todos nós de Imperatriz fizéssemos um pouquinho, nossa cidade pareceria uma princesa, mas ninguém faz, todos só querem destruir”, diz. José Linhares fala ainda que a população tende a culpar sempre os governantes, porém ninguém se propõe a fazer nada para mudar a situação do seu bairro ou comunidade. (Thaylissa Jorge)