Hemerson Pinto
Foram praticamente dez dias com ações focadas para as regiões atingidas pela cheia do rio Tocantins. Isso sem falar dos quase 15 dias de visitas dos técnicos da Defesa Civil aos bairros que compõem a zona ribeirinha, no trabalho de recadastramento que catalogou mais de 600 famílias.
Antes de concluir a coleta de informações para o banco de dados do órgão, os agentes precisaram iniciar visitas já com o objetivo de alertar as famílias sobre a possibilidade de necessitar sair a qualquer momento das margens do rio. Foi o que aconteceu.
No dia 25 de janeiro, os agentes batiam porta a porta transmitindo o recado. O rio começava a dar sinais de que este ano iria invadir as ruas do Porto da Balsa e outros bairros próximos às margens. Dia 27, as proporções já eram grandes e as famílias começaram a ser retiradas, as que não tinham condições de sair por meios próprios.
O dia mais difícil para os ribeirinhos e para a frente de serviço montada para dar suporte foi 28 de janeiro. Quem ainda não havia deixado suas casas precisou ser retirado às pressas, pois o nível alcançou nesta data 8,20m acima do normal. Nesse ponto até a mesmo as balsas já haviam mudado o local de atracar no lado maranhense, o que passou a ser feito no Cais, próximo às peixarias.
Até aí a Defesa Civil havia levado para o abrigo no Parque de Exposições o total de 33 famílias. Outras 167 estavam em casas alugadas ou de parentes (809 pessoas). Foram as que saíram por conta própria. No Parque de Exposições foram abrigadas 39 crianças, 20 adolescentes e 82 adultos, pessoas que receberam apoio do Município.
A água começou a recuar na noite de 29 de janeiro, sexta-feira, e no sábado 30 o nível caiu para 7,30m. A partir daí não subiu mais e na terça-feira à tarde os pontos de táxi, mototáxi e o posto da Polícia Militar já estavam funcionando, enquanto famílias e proprietários de lojas reorganizavam o ambiente para o retorno. Na quarta-feira à tarde as famílias levadas para o Parque de Exposições retornaram para suas residências com auxílio da Defesa Civil.
Em conversa na manhã de sábado com o jornal O PROGRESSO, o superintendente da Defesa Civil do Município, Francisco das Chagas, afirmou que o momento ainda não é de tranquilidade e sim de continuidade do monitoramento diário das vazões da hidrelétrica de Estreito, que ontem operava 4 mil metros cúbicos de água por segundo, resultando no nível de 3,4m acima do normal.
“A tendência é diminuir com a possibilidades das vazões serem reduzidas nas próximas horas, chegando abaixo de 4.000m³ por segundo. Mas até a segunda quinzena de maio devemos ficar atentos sobre as vazões e nível, pois somente na segunda quinzena (maio) é que podemos considerar o fim do período de inverno da região”, comentou Francisco das Chagas.
O superintendente afirmou que para monitorar 24 horas o volume de água liberado pelas hidrelétricas de Estreito, Serra da Mesa e Lajeado, além dos volumes de 11 riachos do lado maranhense e oito do estado do Tocantins - que desaguam no rio Tocantins - conta com o sistema de comunicação com as barragens e com os dados coletados com base nas informações de uma régua telemétrica fixada pela Agência Nacional das Águas na localidade ‘Descarreto’ – município de Itaguatins. Por isso, não só resultados são melhores, assim como o tempo resposta no caso da necessidade de retirada das famílias.
Francisco das Chagas destacou a importância do trabalho feito em grupo pelos agentes da Defesa Civil e agradeceu o apoio do Corpo de Bombeiros e do 50º Batalhão de Infantaria de Selva. Este último, segundo o secretário municipal, atendeu ao chamado somente no sábado, 30, quando a situação já estava amenizada. “Gostaríamos de ter contado com um apoio maior”, afirmou, mesmo assim agradecendo a atenção oferecida diante do chamado.
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