Hemerson Pinto

“Recebemos ameaças em cada plantão, ganhamos pouco e o prédio não tem estrutura”, disse uma das pessoas que trabalham no monitoramento dos internos da Fundação da Criança e do Adolescente em Imperatriz, localizada no bairro Três Poderes. Segundo a fonte, que aceitou falar com nossa reportagem desde que não fosse identificada, a casa que deveria ressocializar está longe de cumprir este papel.
A última fuga de adolescentes foi registrada na manhã de segunda-feira, 06 de janeiro, quando nove deles aproveitaram a saída das celas para atividades do dia e ameaçaram monitores e educadores com chuços (arma artesanal com pontas de ferro). Em seguida, pularam o muro e tomaram direções até agora ignoradas.
A última tentativa de fuga (informações antes do fechamento desta edição) aconteceu na tarde do mesmo dia e só não foi concretizada porque homens da Polícia Militar faziam ronda de rotina no bairro e notaram movimentação estranha dentro da casa. Quando entraram, os policias se depararam com monitores rendidos pelos internos. A polícia necessitou disparar em advertência para impedir a continuidade da ação de mais sete garotos.
Em 2013 foram vários os casos de fugas e tentativas de fugas. Segundo a pessoa que trabalha na instituição, o prédio alugado não oferece a mínima estrutura para abrigar e educar os adolescentes infratores encaminhados para a Funac.
“Todas as vezes que nós vamos buscá-los nas celas para as atividades com pedagogo, psicólogo, assistente social e atividades esportivas, recebemos ameaças de morte. Muitos deles sequer querem ir para as atividades. Foi o que aconteceu no dia da última fuga. Quando se viram fora das celas, colocaram o plano em ação e fugiram. Não tem polícia pra fazer segurança. Somos monitores desarmados e que ganhamos um salário mínimo”, desabafa.
Quem trabalha na função de monitor na Funac de Imperatriz, segundo a fonte de O PROGRESSO, tem plantões de 12 horas no prédio, acompanhado de mais um, dois ou às vezes três monitores, para observar os movimentos de 34 internos, número de adolescentes antes da fuga de segunda-feira. “Não tem capacidade pra tudo isso”, reforça.
Quanto à estrutura do prédio da Funac de Imperatriz, a pessoa com a qual conversamos afirma que a casa dispõe de oito celas com ‘camas de pedras’, onde são colocados os colchões. “Os muros são baixos e ele têm fácil acesso depois que saem das celas. Está deteriorado. Os chuços que eles usam para nos ameaçar e garantir a fuga são feitos com pedaços de ferro que eles retiraram da estrutura do prédio. Quebram as paredes e retiram pedaços das barras (de ferro)”, denuncia.
Mesmo com medo do que possa acontecer durante um de seus plantões, a fonte com quem conversamos afirma que vai ao trabalho por necessidade, mas não sente segurança, e que gostaria de ver a instituição com estrutura suficiente para ressocializar adolescentes infratores de Imperatriz e de algumas cidades da região, deslocado para a Funac do Três Poderes.