*Roberto Wagner

A agenda dos grandes debates nacionais sofre alterações periodicamente, até porque, tal como acontece nas agendas dos pequenos debates do nosso cotidiano, certos assuntos terminam ficando datados, tornando entediantes as discussões travadas em torno deles. A roda, então, precisa girar, já que, para usar uma frase de conhecida música sertaneja, a fila anda.
No girar dessa roda, passou-se a falar, de uns tempos para cá, com mais intensidade, entrando  tal assunto na agenda dos grandes temas nacionais, em mobilidade urbana. Penso até que a discussão dessa questão fundamental, tão fundamental, ouso acrescentar, quanto a questão do meio ambiente, com a qual, por sinal, se entrelaça, chegou com certa demora. Tudo bem, como reza o dito popular, antes tarde do que nunca.
Sem nenhum exagero, as cidades, notadamente as médias e grandes, transformaram-se em verdadeiro tormento para os que nelas vivem. Para se ficar só num ponto dessa complexa e preocupante questão,  gasta-se, cada vez mais, um tempo enorme para ir de casa para o trabalho e vice-versa. Quem precisa, além disso, ir a um supermercado ou a um hospital, e praticamente todo mundo precisa, esse tormento se transforma em pesadelo.
Exatamente porque essa questão é complexa e desafiante,  devemos comemorar o fato de que tenha partido do vereador Esmerahdson de Pinho a iniciativa de pôr na pauta da Câmara a discussão sobre a instituição, aqui em Imperatriz, cidade onde, entre outros graves problemas nessa área, o sufoco do trânsito tem tirado a paciência e o bom humor da população, de uma política municipal de mobilidade urbana. Aliás, tenho comentado com os amigos com os quais dá para conversar com um mínimo de racionalidade, que esse parlamentar, que nem mesmo conheço pessoalmente, vai longe. Competência, dedicação e espírito público, pelo que vejo, não lhe faltam.
Acho que, a pretexto de melhorar a vazão do tráfego em nossa cidade, equívocos evidentes foram e continuam sendo cometidos. Sei muito pouco sobre a problemática do trânsito, eu que sequer sei dirigir um veículo, mas entendo, por exemplo, que dar a uma rua, que outra coisa não é senão uma rua, o pomposo nome de avenida, sem que a largura dessa rua tenha sido aumentada em um mísero centímetro, tem representado, que me perdoem as autoridades municipais, perigoso desserviço à causa pública, já que as novas “avenidas” (as aspas, obviamente, são intencionais) surgidas na cidade nos últimos tempos, “avenida” Santa Teresa e “avenida” Ceará, as duas que me vêm à mente nesse momento, terminaram se transformando em corredores onde os motoristas, levados a crer que estão trafegando por avenidas de verdade, têm abusado da velocidade, com acidentes se sucedendo numa sequência alucinante, inclusive com elevado número de vítimas fatais.
Recapear o asfalto de uma rua e sinalizá-la com esmero é algo inquestionavelmente positivo mas não tem, e não tem mesmo,  o poder miraculoso de transformá-la, por decreto municipal, em avenida. Rua é rua, avenida é avenida, uma coisa não se confundindo com a outra e ponto final.
A hora, portanto, é de se repensar essa e outras questões. Com bom senso e equilíbrio, haverá grandes avanços. Que prevaleça, enfim, entre os que estejam envolvidos nessa discussão, a disposição para o diálogo construtivo.
Até a próxima.

Advogado*