Livaldo Fregona - Divulgação
Livaldo Fregona
 
Conforme pesquisa, em janeiro de 2020, o Corona Vírus foi detectado no Brasil. Nessa data, o povo mais incrédulo do mundo foi convocado à guerra para combater o invasor indesejado. Mas, a maioria pilheriava: para que se preocupar? Um doentezinho só, entre 230 milhões de habitantes, não significa nada. Não bastasse, esse unzinho entre os 230 milhões, é claro, não serei eu. Afinal, jogo na Quina desde que foi criada e nunca consegui marcar dois pontos! Milhões de raios caem por dia e não é possível que, em mais de sete bilhões de pessoas, ele venha cair exatamente sobre mim. Não, comigo não acontecerá!
Em 14 de maio de 2020, estávamos já com mais de 200.000 infectados no País, e parte do povo continua do mesmo jeitinho, não acreditando. Afinal, com ele não irá acontecer. Ainda tem uma larga margem percentual a seu favor. Se fosse na loteria, ele teria apenas uma infinitesimal chance.
Na verdade, não resolvi escrever sobre isto, senão para usar - perigosamente - o direito de expor minha opinião. Digo, perigosamente, porque o que há de esburgadores do que dizemos ou escrevemos, não é fácil!
Lembro bem o dia em que eu escrevi: "Os Henry Howard Holmes "serial killer", os Fernandinhos Beira Mar, os Pedrinhos Matadores, …; os estupradores contumazes de crianças de um a cinco anos; aqueles que passam anos na prisão e, ao ganharem a liberdade, logo voltam a cometer os mesmos crimes..., e tantos outros que, nem presos param de cometer crimes, comandando da cela, a criminalidade.... Estes e alguns mais com os mesmos perfis, para mim, deveriam ser eliminados da face da Terra".
Na semana seguinte, alguém publicou em O Progresso seu desabafo dizendo-se estupefato, incrivelmente surpreso, como eu, católico praticante (?) podia ser a favor da pena de morte. 
Se ao menos tivesse esclarecido em que situação eu me declarava a favor, ele estaria justificado. Esqueceu-se, intencionalmente, que há uma grande diferença entre "ser a favor da pena de morte; com ser a favor da pena de morte aos que estupram e matam criancinhas de um a cinco anos".
Bem, agora estamos aqui, vivendo outro problema, no caso, mundial: a pandemia da COVID-19. Até agora, um ou outro gato pingado se diz a favor da liberação do comércio e demais trabalhos pela sobrevivência. 
Mesmo à revelia da censura, valendo-me mais uma vez da Liberdade de expressão, eu afirmo: SOU A FAVOR DA LIBERAÇÃO COM RARAS RESTRIÇÕES. Vai dar certo? Não sei! Mas, sou a favor.
Esta opinião arriscada me lembra Nemo e Dóry engolidos por uma baleia. Sem saída, Nemo disse à Dóry que ele iria tentar uma estratégia, posicionando-se na saída do esguicho da baleia e, em seguida, estimulá-la a esguichar. Isso era uma tentativa arriscadíssima, devido à brutalidade do cetáceo e a fragilidade dos dois peixinhos. Tremendo de medo, Dóry perguntou ao Nemo, se ele tinha certeza que aquilo iria dar certo. Ao que Nemo foi conciso e inseguro, respondendo:
- Sei não!
Pois é, minha resposta é a mesma do Nemo: sei não! Mas, tentaria. Afinal, contra todos os prognósticos negativos, Nemo e Dóry resistiram à pressão do esguicho e foram lançados bem vivos de volta ao mar. Podiam ter morrido? Muito provavelmente, mas, quando não se tem outra alternativa, o mais sensato é arriscar. Se eu for infectado, com certeza arriscarei a cloroquina e outros remédios similares que, para alguns, deram certo; para outros, apenas acabaram de matar os infectados. Haveremos de ser muito simplórios e inocentes para saber que só temos duas saídas: a vacina ou a descoberta da medicação específica. Sem a vacina, seremos infectados, dia menos dia, ainda que demore muitos anos.
Por isso, MINHA OPINIÃO, HOJE 16 DE MAIO DE 2020 é que tudo volte a funcionar como antes dessa maldita pandemia: exceção feita às pessoas do grupo de risco. E a todos aqueles que precisam trabalhar e pretendem continuar vivos, que se protejam com os meios recomendados pelos Tedros Adhanom da vida. 
É claro que há alguns pormenores a serem considerados. Por exemplo: vocês sabem o que acontecerá a um jovem atlético que pule do vigésimo andar de um prédio? E sabem o que também acontecerá a um idoso que não pule? Proteger-se é como caldo de galinha: não faz mal a ninguém.
Quanto ao uso de medicamentos esdrúxulos que nunca se sonhou usá-los contra a COVID-19, entre outros, a hidroxicloroquina, acho que devemos seguir - enquanto não houver vacina - aquela mesma saída do Nemo. "Se não tem tu, vai tu mesmo". Muitos remédios que salvaram milhões de vida foram criados casualmente. A penicilina, descoberta pelo médico e bacteriologista escocês Alexander Fleming, em 1928, por exemplo. Naquele tempo não houve remédio que tenha salvado mais gente no mundo, e foi descoberto por acaso.
É claro que sem a vacina, temporariamente, o mais aconselhável e ficar em casa, mas não poderá ser indefinidamente: nem para aqueles que têm, todo final de mês, um salário polpudo na conta. A COVID-19 num organismo sem anticorpos é como você ter, sob a cama em que dorme, uma mortal cascavel. É preciso se livrar dela, e não fugir dela até o fim da vida. Precisamos dormir em paz, e não há outro caminho senão enfrentar a cascavel. 
Se não descobrirem a vacina, TODOS os seres humanos deste planeta serão acometidos pelo vírus. E nem por isso o mundo irá se acabar. A maioria sobreviverá, criará anticorpos e vencerá o vírus, e o mundo voltará à normalidade, automaticamente. 
Faz-me lembrar, também, a historinha de nosso psicólogo do seminário, quando eu estudava lá. Ele contava - para passar o tempo - que um menino vivia dizendo a ele que existia um jacaré sob a cama em que dormia. O psicólogo insistia que aquilo era fantasia da cabeça dele. Como tratamento, ele deveria enfrentar o medo, vencê-lo, descer da cama, ir ao banheiro e levar uma vida normal. Depois de muitas sessões, o menino resolveu aceitar o conselho do psicólogo: foi comido pelo jacaré.
Assim também considero válido, enquanto possível, usar os meios possíveis de se livrar do "jacaré".  Mas, já passou da hora de o enfrentarmos. Nós, do grupo de risco, já cansados e velhos, dificilmente venceremos o réptil, mas os caçadores saudáveis, certamente conseguirão. E assim, o mundo continuará mais renovado e sadio. Deus sabe o que faz!
Afinal, se somos eternos, que diferença nos fará um dia a menos por aqui? Que diabo de fé é a nossa que não acredita nas promessas de Cristo? 
 
(CRÔNICA ESCRITA NO DIA 16/5/2020)