Pela manhã são vendedores de frutas e verduras estreitando a Rua Aquiles Lisboa, freteiros com seus carrinhos de mãos de um lado para outro, muitos clientes, caminhões, carroças e barulho. À tarde o Mercadinho parece ser outro. Poucos feirantes na rua, a chegada de caminhões para descarregar mercadorias diminui e o número de clientes e freteiros é bem menor. Para quem fica resta um ambiente calmo.
Francisco de Sousa, o ‘Chico Raizeiro’ ou ‘Doutor do Mercadinho’, conhece bem a rotina de um dos maiores centros do comércio varejista e atacadista da região. São 26 anos dedicados à venda de garrafadas, raízes, sementes e óleos medicinais. Durante todo este período costuma abrir a barraca por volta de 5h da manhã, saindo sempre às 20h.
“À noite costumo ficar até mais tarde com os vigias, só para arrumar minha mercadoria. No início da manhã a movimentação começa é cedo. Muita gente, muito caminhão descarregando, bancas no meio da rua. Quando chega à tarde é só a gente aqui esperando o tempo passar. De vez em quando aparece alguém para comprar alguma coisinha”, afirma ‘Chico Raizeiro’.
Apesar de especular a redução do movimento todas as tardes, Chico declara não entender o que realmente faz o Mercadinho ‘mudar de cara’ após o meio dia. “É como se fosse uma tradição, tem um mistério nisso. Ficam só os donos das bancas”, diz.
Em uma barraca de temperos, a vendedora Arenilda afirma que os vendedores estão acostumados com o ritmo lento que invade a feira. “Estamos há 20 anos aqui e todas as tardes é assim. Acredito que o público maior, que faz o Mercadinho movimentar, são pessoas de outras cidades que vêm fazer compras. Elas sempre escolhem o período da manhã, ficam até o meio dia, depois começam a tomar suas direções”, conta.
Conhecendo a rotina do mercado, a feirante costuma agendar compromissos particulares para o turno vespertino. “Resolvo minhas coisas à tarde e deixo o marido olhando a banca. Quando ele precisa sair, então eu fico aqui”. Arenilda informou que diariamente, por volta das 17h, o setor onde se concentra a venda de temperos e medicamentos naturais volta a receber movimentação razoável de clientes. “Estes, sabemos que são moradores de Imperatriz, e quem vêm ao Mercadinho no horário de saída de seus trabalhos”.
Aproveitando a redução do número de concorrentes, o vendedor de frutas e verduras Adércio Gonçalves permanece a tarde inteira com a banca na Rua Aquiles Lisboa, trecho entre ruas Rio Grande do Norte e Paraíba. A exemplo de pouco mais de uma dezena de feirantes, ele cuida em organizar os produtos e aguarda a chegada de quem prefere ir à feira após o meio dia. “Fico o dia inteirinho. Nesse horário fica mais calmo e a gente que fica sempre vende um pouquinho a mais. O movimento é pouco, mas é bom”, diz Adércio. (Hemerson Pinto)
Publicado em Cidade na Edição Nº 14788
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