Hemerson Pinto
Ver a família correr riscos sob a mira de uma arma, ter o local de trabalho invadido e até explodido por bandidos, ser assaltado durante a entrega de encomendas são situações que os funcionários dos Correios em Imperatriz e região vivenciam com frequência. Amedrontados, ameaçam paralisar atividades se nenhuma providência for tomada.
O que parece exagero é comprovado com números repassados pela direção do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos no Maranhão. Segundo dados do Sintect-MA, somente em Imperatriz aconteceram seis assaltos a motoristas e entregadores de encomendas nos últimos oito meses.
“Isso tinha ficado sem divulgação, não levamos à imprensa. Tudo ficou apenas nos registros de boletins de ocorrência. Mas os trabalhadores não aguentam mais, querem ver de fato isso ser noticiado, pois passa a ser uma tragédia para os trabalhadores. São assaltos onde os bandidos levam todas as mercadorias”, revela o secretário de assuntos intersindicais do Sintect-MA, Mariano Dias.
Os casos teriam acontecido em bairros diferentes. As vítimas foram carteiros motoristas, os profissionais que entregam encomendas em veículos dos Correios. Geralmente trabalham sozinhos. O último caso, segundo Mariano Dias, aconteceu na semana passada. Antes, no dia 27 de junho, outro motorista foi vítima dos assaltantes. “Alguns motoristas querem até mudar de função. Motorista trabalha só, queremos pelo menos um ajudante”, propõe o secretário.
Das quatro unidades dos Correios instaladas em Imperatriz, duas operam os serviços disponíveis em Banco Postal. Um perigo. Os trabalhadores se tornam alvos fáceis para bandidos especialistas na modalidade de crime chamada ‘sapatinho’, onde um parente próximo, geralmente da gerência da agência, é mantido refém até que os bandidos recebam o valor exigido pela liberação. O último caso em Imperatriz aconteceu há pouco tempo.
Na região, seis unidades dos Correios permanecem fechadas há uma semana, após terem sido assaltadas no curto período de tempo. “Buriti Bravo, São Raimundo das Mangabeiras, Porto Franco e Bom Jesus das Selvas”, diz Mariano Dias. Em Governador Edison Lobão, a unidade permaneceu fechada durante cinco meses depois de um assalto. Com uma semana reaberta, sofreu nova ação dos bandidos.
Uma tentativa de assalto à unidade dos Correios de Cidelândia, na semana passada, terminou com a morte de um vigilante, assassinado com um tiro na cabeça.
O entrevistado de O PROGRESSO falou sobre a necessidade de portas giratórias nas agências, “como em São Luís, o que reduziu o número de assaltos”, e lembrou a necessidade de ampliação dos espaços onde funcionam os Correios.
A possível paralisação dos funcionários dos Correios foi anunciada na última quinta-feira à nossa reportagem pelo presidente do Sintect-MA, Maximiliano Velazques, que esteve em visita a Imperatriz e cidades vizinhas, fiscalizando as condições de trabalho dos funcionários. Os representantes do sindicato visitaram as cidades de João Lisboa e Governador Edison Lobão.
“Há previsão de paralisação e primeiro estamos fazendo os trâmites legais, denunciar. Tem um prazo para os Correios tomarem providência. Em 15 dias poderemos paralisar o atendimento na Região Tocantina. Tem companheiros que estão com medo de entregar em determinados bairros de Imperatriz. Isso não pode acontecer, é um absurdo”, declarou Maximiliano Velazques.
Nas visitas aos funcionários das agências dos Correios, que frequentemente são vítimas de assaltantes, o Sintect-MA recolheu boletins de ocorrências de cada trabalhador, para os quais vão procurar ações de indenização e até acompanhamento psicológico.
Comentários