Mãe e filho na casa da família que ofereceu abrigo

Hemerson Pinto

O caso chegou ao conhecimento da redação do jornal O PROGRESSO na última quarta-feira. Aline Martins, 26 anos, afirma que dormiu durante algumas horas no chão, no Hospital Regional Materno Infantil em Imperatriz. A mulher estava prestes à ter neném, mas como a gravidez não era de risco e a previsão de condições naturais para o nascimento seria em até  48 horas, o hospital não acolheu a mulher grávida, que é da cidade de Arame-MA.
Sem ter para onde ir, Aline Martins resolveu colocar lençóis no chão, em um dos corredores, e dormir ao lado da filha de seis anos e do filho de 12, os únicos acompanhantes. “Eu não tenho família aqui e não tinha como voltar para Arame, pois além de tudo estou separada do pai do meu bebê. O hospital disse que eu não poderia ficar internada porque sou de fora. Eu não iria pra rua com meus filhos e outro na barriga”, diz Aline.
A cena chamou atenção da dona de casa Rosa Ferreira, que visitava uma paciente na maternidade quando viu a mulher e as crianças no chão. “Fiquei chocada com o que vi e no mesmo instante acordei ela. Quando me contou a situação a convidei para ficar na minha casa. Ficou dois dias até chegar a hora de ganhar o menino. Depois trouxe ela pra cá e isso já tem nove dias. Eu não podia deixar essa família jogada assim”, contou dona Rosa.
O pequeno João Victor nasceu saudável e a mãe Aline passa bem. A família continua abrigada na residência de dona Rosa, na Vila Redenção II, e agora precisa de ajuda, como roupas e, principalmente um local pra ficar após deixar a casa da família que a acolheu.
No Hospital Regional Materno Infantil, o coordenador administrativo, José Vieira Lima Júnior, considerou o caso como isolado e informou que tomou conhecimento sobre assunto por meio da nossa reportagem.
“O hospital é porta aberta e atendemos pessoas de todo o Maranhão, do Pará e Tocantins. Toda gestante atendida aqui passa pelo acolhimento, que é uma consulta feira com uma enfermeira onde se verificar se é urgente ou não é urgente e passa para o médico. Este avalia se está próximo a ter o neném ou não. Caso esteja tudo normal, infelizmente a gente não tem local para abrigar essas pessoas de outras cidades se não estiver em trabalho de parto”, declarou o coordenador.
Segundo o representante do HRMI, o hospital dispõe de 153 leitos. Do total, 63 são Unidades de Tratamento Intensivo neonatal. “Não é uma quantidade grande, ainda mais para atender essa região inteira. Mais o fato dela não ter ficado internada é porque foi avaliada e constatado que ainda não estava em trabalho de parto”.