Para a diretora de Administração e Finanças do Sebrae, Rachel Jordão, há uma mudança de paradigma no mercado maranhense
Denilza da Silva Oliveira iniciou a carreira de empresária com um salão de beleza em Porto Franco e já expandiu os negócios

Há 11 anos, a empresária Denilza da Silva Oliveira ganhou de presente de aniversário do marido uma inscrição na primeira turma do Empretec de Porto Franco. Foi o que ela precisava para se tornar uma das 259 mil mulheres que são donas de negócios no Maranhão e diz que no Dia Internacional da Mulher tem muito a comemorar.
“Antes de fazer o Empretec, tinha medo de arriscar e não sabia gerir meu negócio. Após a formação, passei a ter coragem para enfrentar riscos calculados. Lembro sempre de uma lição do curso: nunca deixe de tentar; se não der certo, recue e tome novos rumos. Depois que conheci o Sebrae, nunca mais me separei dele”, brinca Denilza, que há 11 anos é proprietária de um salão de beleza em Porto Franco.
Ela tem o perfil da nova empresária maranhense, levantada pela pesquisa “Donos de Negócios no Brasil: análise por gênero (2003-2013)”, feita pelo Sebrae. Preparou-se para ser empresária, é mãe, atua no setor de serviços, tem menos de 35 anos de idade e empreende por oportunidade.
Segundo a pesquisa do Sebrae, no Maranhão, a mulher tem se preocupado mais com a qualificação. Não é à toa que elas têm quase dois anos a mais de escolaridade que o homem e quase metade - 49% - das mulheres donas de novos negócios têm pelo menos o segundo grau completo.
Hoje elas são 7,3 milhões de empresárias, o que significa que elas representam 30,1% do total de empreendedores ativos no Brasil. No Maranhão elas avançaram um pouco mais e são 259,7 mil empreendedoras, e representam 33,5% do total de empreendedores ativos no estado, o que quer dizer que um em cada três empresários maranhenses é do sexo feminino.

Avanço

Apesar da participação da mulher no empresariado representar pouco mais de um terço do universo total, este perfil deve mudar nos próximos 20 anos, uma vez que outra pesquisa – a Global Entrepreneurship Monitor (GEM) realizada pelo Sebrae em parceria com a FGV e com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) – mostra que dos novos empreendimentos, 49% deles são tocados por mulheres. Há 13 anos elas representavam apenas 42% dos novos empreendimentos, o que quer dizer que houve um ganho de sete pontos percentuais em 13 anos.
“Estes números mostram mudança de paradigma. A mulher está cada vez mais ativa no mercado, seja como empregadora ou como empregada. E em alguns segmentos importantes para a economia do Maranhão já vemos isso de uma maneira mais enfática, como no varejo de confecções e nos serviços estéticos e de beleza. O Sebrae percebeu estas mudanças no mercado maranhense e está pronto a oferecer produtos e soluções adequadas para este novo cenário”, explicou a diretora de Administração e Finanças do Sebrae, Rachel Jordão.
O perfil da empresária maranhense é diferente do registrado no início do século XXI, quando elas empreendiam por necessidade, tinham escolaridade parecida com a do homem empresário e trabalhavam quase sempre por conta própria.

Seis anos de preparação antes de abrir o negócio próprio

 

A história de Denilza como empresária começou bem antes de abrir as portas em 2011. Seis anos antes, em 2005, ao fazer um curso técnico na área, teve despertado o amor pela atividade no segmento de beleza. Foi o ponto de partida para o investimento na área da beleza. Aos 34 anos, casada e mãe de três filhos pequenos com idades de 7, 9 e 13, nunca deixou que a rotina do dia a dia a impedisse de fazer capacitações e buscar novas oportunidades.
“Sempre investi em cursos de aperfeiçoamento técnico para mim e toda minha equipe, sempre convidei minhas colegas de profissão com o pensamento de que juntas somos mais fortes. Nunca medi sacrifícios para meu crescimento profissional, já me desloquei pra outras cidades, a fim de fazer os cursos de interesse e ainda grávida”, comenta.
Ao fazer essas capacitações técnicas, sua agenda de clientes no salão ficava mais disputada, em contrapartida faltava-lhe ainda o conhecimento em gestão, pois o bom volume de dinheiro que entrava não era suficiente para pagar as contas.
Depois da experiência com o Empretec, um dos principais produtos do Sebrae e uma das soluções mais procuradas por empresários de todo o país, Denilza expandiu seu salão e viu a abertura de novos caminhos, com a oferta de revenda de cosméticos para outros salões nas cidades próximas a Porto Franco, devido ao seu desempenho com vendas de produtos no salão e aceitou o desafio.

Novo negócio

Ainda com algumas dificuldades, iniciou a revenda percorrendo de moto com seu esposo, sem mostruário, apenas com catálogo e a confiança em conquistar clientes. Três meses depois, foi construindo seu capital de giro e já possuía carro e um pequeno estoque.
Assim seu negócio foi crescendo, viu a necessidade de colocar vendedores para ajudá-la e que ainda faltava-lhe conhecimento administrativo para conduzir. Procurou novamente o Sebrae, na Unidade Regional de Imperatriz, que atende sua região, e fez mais cursos de capacitação, como a oficina prática Sei Planejar Meu Dinheiro (SEI), em seguida foi atendida por meio de consultorias no seu estabelecimento, que a direcionou a tomar o caminho correto e a ter estabilidade financeira.
Esse apoio permitiu que montasse uma distribuidora em Imperatriz, com a estrutura necessária para atendimento e ampliasse as condições de seu salão em Porto Franco, no qual reveza entre os dois empreendimentos.
Hoje, ela lidera uma equipe com oito vendedores na distribuidora Versátil Cosméticos em Imperatriz. Cada vendedor atende em média 8 a 10 clientes por dia, funcionando de terça a sábado. Já no salão Versátil Cabeleireiros, localizado em Porto Franco, são atendidos em média 35 clientes por semana, e comanda outra equipe com cinco profissionais que a auxiliam nos trabalhos.
“Após as experiências com o Sebrae, passamos a ter nossa empresa na palma das mãos, conhecemos nossos clientes, faturamento, contas a receber e pagar. A precificação foi uma das coisas mais importantes que aprendi com o Sebrae, que é praticando o preço justo, assim as duas partes ficarão satisfeitas. Isso, com certeza, é um dos principais fatores que levam à continuidade do meu negócio”, acrescenta Denilza.
Para a gestora do Sebrae, responsável pelas ações executadas na área da beleza em Porto Franco, Aline Maracaípe, o trabalho com essas profissionais empreendedoras tem contribuído para o desenvolvido do setor, por oferecer soluções que vão desde o conhecimento técnico do salão aos demais setores, que contribuem no fortalecimento, atendimento, gestão financeira e as consultorias in loco, como o caso de Denilza.
Porto Franco, onde mora a empreendedora Denilza, é atendido pela Regional do Sebrae de Imperatriz, que sempre promove capacitações para os profissionais do município, em favor do desenvolvimentos e sustentabilidade dos pequenos negócios.

Premiação organizada pelo Sebrae valoriza empreendedorismo feminino

Desde 2004, o Sebrae promove o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, um incentivo para as mulheres empreendedoras do Brasil contarem suas histórias de superação nos negócios, transformando realidades por meio do empreendedorismo.
A premiação reconhece empresárias nas categorias Pequenos Negócios, Microempreendedora Individual e Produtora Rural e tem como principal objetivo disseminar a cultura empreendedora no país entre o sexo feminino ao mostrar que, mesmo sendo frágil, a mulher não perde em determinação para o seu oposto. Quando o assunto é sobrevivência no mundo dos negócios, elas também podem matar um leão por dia e brilhar no caminho do sucesso.
Exemplo disso é a empresária Adriana Vieira, sócia proprietária da Intermídia Comunicação Integrada, vencedora estadual da premiação do Ciclo 2014 na categoria Pequenos Negócios. Com dedicação e muito trabalho, a empresária – que tem como profissão o Jornalismo e como sócia a irmã Danielle Vieira, enfrentou um difícil mercado em São Luís, há 21 anos, para convencer os empresários sobre a importância da comunicação para a construção e consolidação da imagem de suas empresas.
Ao falar do Prêmio Mulher de Negócios, a empresária destaca que 30% dos negócios privados no Maranhão são administrados por mulheres. “Portanto, premiar o empreendedorismo feminino é acima de tudo impulsionar a economia brasileira. O prêmio é mais do que um simples troféu. É a coroação de uma história de vida. Uma trajetória de muitas concessões, muitos sacrifícios em nome do profissionalismo, mas também de vitórias e muita satisfação”, disse Adriana Vieira.
Neste ano, a premiação estadual do Ciclo 2015 do Prêmio Sebrae Mulher de Negócio acontece no auditório Armando Gaspar (Sebrae Jaracaty), às 8h, na próxima terça-feira (15), onde serão divulgados os nomes das vencedoras estaduais Ouro, Prata e Bronze nas categorias Pequenos Negócios e Microempreendedora Individual. O prêmio é uma promoção do Sebrae em parceria da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) e a Federação das Associações de Mulheres de Negócios e Profissionais do Brasil (BPW).