Dema de Oliveira

A manifestação iniciou por volta de 6 horas dessa quarta-feira (10), quando cerca de 800 operários da empresa Paranasa, que presta serviços na construção da fábrica da Suzano Papel e Celulose em Imperatriz, impediram, através de piquete, que os ônibus que transportavam operários de outras empreiteiras adentrassem no canteiro de obras.
Os trabalhadores que iriam iniciar e os que estavam deixando o turno de trabalho foram impedidos de entrar e sair.
Parte dos operários da prestadora de serviços Construcap também aderiu ao movimento, que tornou-se violento com o aumento do número de pessoas.
Dois ônibus, sendo um da empresa Zanchetur e outro da Rodonorte, foram incendiados e totalmente destruídos pelo fogo, tendo perda total. Vários outros ônibus foram depredados, sendo que os vidros foram quebrados e os pneus furados. Um caminhão da empresa Limp Fort, que presta serviços à Prefeitura de Imperatriz no recolhimento de lixo, foi parcialmente queimado. Toda a cabine foi destruída pelo fogo.
Todos os ônibus que chegavam ao local da manifestação, que fica a cerca de 2 km da entrada do canteiro de obras da Suzano Papel e Celulose, foram retidos pelos manifestantes. Milhares de trabalhadores foram obrigados a retornar a Imperatriz a pé, em um percurso de 10 km, do local da manifestação.
Em função da violência da manifestação, a Polícia Militar foi acionada e sob o comando do próprio Tenente Coronel Edeilson Carvalho, foi para o local com várias viaturas e policiais da Força Tática (FT) e do Grupamento de Operações Especiais (GOE).
O Tenente Coronel Edeilson Carvalho determinou que todos os ônibus retidos fossem liberados e levassem quem quisesse trabalhar.
Quatro pessoas consideradas as cabeças do movimento e que teriam incitado a violência foram presas e conduzidas para o Plantão Central da 10ª Delegacia Regional de Imperatriz. São elas: Francisco de Assis Araújo Brito (marceneiro), Emerson Siqueira Brandão (servente),  Danilo Santos Brandão (servente) e Gylliard Cruz de Castro (servente).
Todos foram autuados em flagrante delito pelo delegado regional Assis Ramos, sob as penas do artigo 250, § 1º, inciso II, alínea C, do Código Penal Brasileiro, que é causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem. A pena prevista é de 3 a 6 anos de reclusão e multa.
O comando do movimento informou à imprensa que o objetivo da manifestação foi chamar a atenção da direção da empresa Paranasa para o pagamento de um reajuste de salário e pagamento de horas extras de cem por cento aos sábados e feriados. Ainda na pauta constam as reivindicações do pagamento de ajuda de custo no valor de R$ 300, melhorias nos alojamentos e o pagamento das atividades que envolvem risco à integridade física e à saúde. Na lista de reivindicações, consta ainda melhoria no transporte com a colocação de ônibus com ar condicionado.
Em nota oficial, a Suzano Papel e Celulose esclareceu que o movimento foi restrito a colaboradores da empresa Paranasa e de uma parte de colaboradores da Construcap, que ficaram impedidos do direito de ir e vir no bloqueio, quando saíam do turno que iniciou na noite de terça-feira e terminou no início da manhã de ontem.