Jovem aos 90 anos, é como se sente ‘Seu’ Luís Madeira. Quem o acompanha percebe que é um homem daqueles para quem o tempo conta, mas que não conta o tempo. Vivência tem muita e a acrescentar também. Comemorar mais um aniversário não lhe faz pensar que é mais um ano que passa diminuindo o tempo que resta, ao contrário é mais um ano que chega, rumo aos 91. Daí essa felicidade de ter a esposa, Elisabete, com quem casou em 17 de junho de 1947, e os filhos Sebastião, Dinária, Aparecida, Terezinha, Levi, Irismar e Luís reunidos. Noras, genros, netos e bisnetos.
Família e trabalho são dois entre três valores. Dádiva de Deus, na qual ‘seu’ Luís coloca sua labuta. Deus põe e o homem dispõe. Assim é a vida. Os hábitos simples, o sorriso fácil, as mãos duras e o semblante marcado não permitem olhar para trás sob a trilha do pessimismo. O olhar é largo, altaneiro, onde a verticalidade se soma ao horizonte daqueles a quem o passado é que menos importa – pra frente é que se anda – e descobrem ter mais futuro.
Filho de Manoel Antonio Madeira e Maria Teresa de Jesus, Luís Antonio Madeira nasceu no Lago, povoação que integra o município de Passagem Franca, aos 22 de fevereiro de 1926. De lá foi mudando para os povoados de São João do Major Anjo, Buriti dos Novatos, Bacabinhas dos Bandeira, todos no mesmo município, e daí pro Piau, município de Graça Aranha. Tantas mudanças era porque o pai, Manoel, trabalhava como agregado e não “pegava pau no ouvido”, isto é: “quando o desaforo era grande, respondia à altura e não queria mais conversa”.
Em 1955, saiu do Piau ou ‘Japão’, como o povo de lá chama aquelas bandas situadas do “lado de lá do rio Itapecuru”, e atravessou o Maranhão para se encontrar com o pai que havia vindo um ano antes. Chegou à Gameleira, hoje João Lisboa, onde fixou residência no Tanque e à época município de Imperatriz no dia 14 de setembro, no que pode ser classificado para a época de uma travessia memorável, 14 dias depois da partida, de muito andar a pé e no lombo de uma pequena tropa de jumentos. Entre esses, Navio, jumento que já ficou famoso de tanto ser citado nos comícios do filho mais conhecido, Sebastião Torres Madeira, quatro vezes deputado federal e prefeito reeleito (2009/2012-2013/2016) de Imperatriz, segunda maior cidade do Maranhão.
De “Seu” Luís há muito para se ressaltar, inclusive seu espírito empreendedor, mesmo tendo já todos os filhos criados, netos também, “não sossega”. Recentemente, contraiu empréstimo junto a uma instituição bancária “para ter o que fazer”. - Estou construindo um curral para abrigar melhor meus animais, disse. Quando perguntado o que gostaria de ganhar de presente, a pronta resposta: “Mais uns 10, 15 anos de vida”; e a ressalva: - Com a bênção de Deus e muita saúde.
- Deus lhe ouça. Vida longa, “Seu” Luís.
LUIS ANTÔNIO MADEIRA 90 anos
Em versos vou falar
De um grande cidadão
Que completa seus noventa
Com saúde garra e ação
Num lugar chamado Tanque
Interior do Maranhão
Perto de Buritirana
Há sessenta anos chegou
Por ali tudo era mata
E suas mãos calejou
Construiu uma fazenda
Este sertão desbravou
Casado com Elizabeth
E que tanto lhe ajudou
Sete filhos todos vivos
Bom caráter lhes moldou
Dos sete seis são formados
Muito bem lhes educou
Para nós foi um modelo
De trabalho e retidão
Se da linha desviássemos
Sofria no cinturão
Ser honesto e trabalhar
Sua maior instrução
A meu pai Luis Madeira
Eu aqui tiro o chapéu
Há anos nesta labuta
Se queimou num fogaréu
Trabalha feito um trator
Merece o nosso troféu
Que Deus lhe dê aos noventa
Nesta comemoração
Mais outros anos de vida
Pra nos deixar a lição
De como a vida é tão bela
Leveza de coração
Levi Madeira Médico e cordelista
Reside em Fortaleza-CE
Comentários