*Dijé Guedes
Na cozinha, no quarto, na rua ou no Palácio do Planalto, lá estão elas. Mães, profissionais, amantes, estadistas, ou simplesmente mulher. Os avanços conquistados pela mulher nas últimas décadas são incontestáveis. Indiscutível também é o valor que elas representam seja no âmbito familiar ou na sociedade como um todo.
Relatos bíblicos comparam o valor da mulher virtuosa ao de finas joias. E afirmam que a mulher sábia edifica a própria casa. Virtuosa ou não, sábia ou tola, a mulher é um ser sublime, sensível, sentimental, sobretudo forte. Quando atingida, a boca muitas vezes se cala; os olhos denunciam através da lágrima que teima ao cair; no rosto o semblante testemunha; na alma a ferida que sangra.
Talvez por isso, também é chamada de sexo frágil, um pensamento equivocado, convenhamos. Como considerar frágil alguém que com a mesma presteza com que serve o café da manhã em casa despacha no gabinete, escritório, consultório, sala de aula, amamenta o filho, ensina a lição de casa, ora, malha, vai ao salão de beleza, comenta a novela, fala ao celular, atualiza os contatos nas redes sociais?
No trajeto para o trabalho lê o jornal, retoca a maquiagem, faz o chek list na agenda, vê as vitrines e à noite, após a dupla ou tripla jornada, ainda encontra ânimo pra escolher a lingerie predileta e no dia seguinte está disposta a começar tudo de novo? Como considerar frágil alguém apontada como "a força que move o país"?
No início do século, a mulher que não tinha o direito de escolher nem mesmo o marido hoje é destaque nas estatísticas econômicas e nos números dos programas sociais do Governo Federal. A mulher também é responsável pelo sustento de 40% dos lares. No empreendedorismo são as principais representantes das vinte maiores economias mundiais. 44% das franquias brasileiras estão nas mãos de mulheres. Isso prova que as mulheres brasileiras representam maioria nos quesitos quantitativo e qualitativo.
Do machado e porrete à sombra de uma palmeira de babaçu ao gabinete da Presidência da República, passando pela colher de pedreiro, o volante de caminhão, as telinhas e telões e os campos de futebol. E tudo isso sem descer do salto e, é óbvio, sem perder a feminilidade e a sensibilidade, ao ponto de inspirar versos na música e na poesia. Esse só pode ser chamado de sexo forte.
Nós mulheres somos o sexo forte sim, senhor. E como tal, temos o direito de exigir o mínimo que já nos pertence enquanto cidadãs: o direito à liberdade de escolha do que queremos, como, onde e quando. Respeito é bom, não só pelo mérito de algo considerado relevante, mas pelo simples fato de sermos mulher.
Se está ao lado, na frente, ou atrás de um grande homem, não importa. Desde que ela esteja onde queira estar. Portanto, lugar de mulher é onde ela quiser.
Parabéns a todas as mulheres e homens que acreditam na igualdade de direitos.
Publicado em Cidade na Edição Nº 14955
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