Geovana Carvalho
Abandono, sujeira e medo fazem parte da rotina de comerciantes do Camelódromo de Imperatriz.
Pelo menos 30 barracas comercializam seus produtos na Praça Tiradentes. Os proprietários reclamam da atual situação em que se encontra o lugar. Eles alegam que a maior parte dos donos de box do interior do camelódromo montaram barracas nas ruas.
De acordo com os lojistas que continuaram no local, os boxes e corredores abandonados atraem ratos e animais que se alimentam de lixo acumulado. “Uma vez, pagamos um chaveiro para abrir um box que tinha um bicho morto dentro. A gente não estava aguentando, aí foi obrigado fazer isso pra gente limpar. O mau cheiro daqui afasta os clientes”, diz Franci Pereira, que trabalha no camelódromo há mais de doze anos. Ela denuncia que desde que os camelôs foram removidos das ruas – no início da década de 1990, na gestão do então prefeito Davi Alves Silva – e remanejados para a Praça Tiradentes nunca houve um banheiro para uso de quem trabalha no local. “Tem um espaço que era para construção do banheiro, mas nunca construíram. A gente faz as necessidades numa latinha e joga fora”.
Proprietários de box dizem que têm documentos expedidos pela Prefeitura dando-lhes direito ao uso dos boxes. Segundo eles, já houve até um “sindicato dos camelôs da Tiradentes”, no entanto como ao longo dos anos muitos foram retornando às ruas, o sindicato se desfez.
Antonieta Taveira, uma das únicas comerciantes que continuam no “meio” do camelódromo, conta que sente medo em trabalhar no local. Além disso, as vendas são cada vez mais raras: “Medo faz demais de tá aqui. Tem gente que chega e diz que pensava que não tinha mais ninguém aqui pra dentro. Passo é dias sem vender nada, tô me mantendo porque faço venda nas feiras, depender só daqui, não dá nem pro pão”.
No setor de calçados, lado mais movimentado, onde ficam as paradas de ônibus, a vendedora Rayane da Silva afirma que as vendas são satisfatórias, mas a clientela tem se afastado devido ao mau cheiro que incomoda. “Aqui atrás as pessoas jogam lixo, defecam, urinam. O mau cheiro tem dia que é insuportável. Tem gente com problemas mentais, bêbados... que passam por aí direto. À noite é muito perigoso, depois das 7 horas não dá pra esperar ônibus aqui”.
Outros problemas que afetam os comerciantes da “frente” da “Praça dos camelôs” é o calor provocado pelos ônibus parados. Segundo Rayane, o tempo que os coletivos ficam parados dificulta a ventilação. Ela explica que a cobertura das barracas é de aço e a temperatura que, nessas condições já é elevado, torna-se insuportável.
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