Leia Mais possui mais de três mil títulos

“Leia Mais!”. Esse é o nome da banca de revista de Moisés da Silva Aquino. Há dez anos, Moisés fixou a banca na Praça Tiradentes. Hoje são mais de três mil títulos à venda.
Moisés da Silva veio para Imperatriz ainda na adolescência. Em 1975, aos quinze anos, morava em Pedreiras-MA, quando um irmão, residente em Imperatriz, enviou uma carta ao pai dando notícias de que na cidade haviam muitos empregos. A família, então, decidiu deixar Pedreiras. “A carta dizia que aqui tinha muito emprego, a cidade tava crescendo e tinha muito dinheiro, meu pai ficou animado e veio”.
A família morou em algumas ruas do centro. Moisés descreve o que ficou na lembrança: “A rua Hermes da Fonseca era só um areal. Morei também na Maranhão e na Gonçalves Dias, mas também as duas eram só areia. Tinha algumas casas... ali onde é hoje o Centro de Convenções tinha uma lagoa. A gente brincava, pescava... a água era limpa. Quando chovia, toda aquela área perto dessas ruas era alagada, virava uma lagoa só, entrava água nas casas”.
No local onde hoje trabalha, diz Moisés, ficava o aeroporto. “Aqui na praça era só piçarra. Tinha funcionado o aeroporto, ele ia adiante de onde fica hoje o [estádio] Frei Epifânio, passava por onde é a Mané Garrincha. Mas nessa época não pousava avião, tava desativado, de longe a gente via a piçarra da pista”.
Enquanto relata sua história, na “Leia Mais”, clientes chegam, folheiam, buscam títulos e Moisés recorda que a primeira banca funcionava na rua Ceará: “Lá vendia muito mais, era no centro. Tive que mudar, a dona do ponto pediu que eu saísse. Então pedi autorização à prefeitura pra trabalhar aqui”.
O jornaleiro diz que as vendas são regulares. A renda mensal chega a dois salários mínimos. Em quase vinte anos de trabalho no ramo, Moisés Aquino afirma não ter ideia de quantos livros e revistas vendeu. Contudo, em todo esse tempo muitos clientes tornaram-se amigos, e desses amigos vêm os produtos que são vendidos: “As pessoas doam livros e revistas. Aqui eu vendo livro pra engenheiro, advogado, médico...”. Ao falar da diversidade de compradores, Moisés aproveita e faz a publicidade: “Aqui é uma pechincha. A minha banca é a mais barata da cidade”.
Os preços são atrativos. Há livros de Medicina que custam 10 reais. “A gente recebeu doação e não tem porque explorar ninguém. Um dia desses veio um médico aqui e comprou dez livros de alta linha”, comenta o jornaleiro.
Voltando ao passado, Moisés Aquino recorda com saudades do tempo em que as “coisas”, segundo ele, eram mais calmas. “A cidade mudou muito, a lagoa foi aterrada, cada prefeito que entrou fez alguma coisa lá e hoje não existe mais. Naquele tempo era mais calmo, a gente não tinha medo de sair na rua... hoje não dá pra sair com um celular, porque alguém assalta a gente, não dá pra usar um relógio, porque alguém rouba”.