A escritora Kalyne Cunha e sua obra “Palco Iluminado”

Domingos Cezar

A memória do teatro local está sendo resgatada no livro/reportagem “Palco Iluminado: Histórias do Teatro em Imperatriz”, de autoria da jornalista Kalyne Cunha. A obra de caráter histórica será lançada no próximo dia 8, às 19h30, no auditório “Vito Milesi”, na Academia Imperatrizense de Letras (AIL), localizada na Rua Urbano Rocha, Praça da Cultura, Centro.
Apesar de alguns confundirem como uma abordagem literária, a autora enfatiza que sua obra, na verdade, é uma extensa reportagem. “Não há ficção; as histórias descritas utilizam termos literários fazendo o leitor imaginar como se estivesse assistindo a uma TV. Isso é bem característico no jornalismo cultural. A descrita minuciosa de ambientes, cheiro e gostos fazem parte do processo jornalístico dado ao texto”, esclarece.
O livro-reportagem retrata histórias da origem do teatro à atualidade em uma narrativa linear com fala em mosaico usando a alternância dos sujeitos. Os cinco capítulos estão expostos em 135 páginas. O primeiro, Memórias Lúcidas, é protagonizado pela senhora Izabel Moreira Ribeiro, filha de Simplício Moreira e irmã de Renato Cortez Moreira, ambos ex-prefeitos do município, e sua filha Maria Lúcia Ribeiro.
Elas são responsáveis por relembrar as primeiras mostragens teatrais em forma de catequização por intermédio das freiras capuchinhas, na Escola Santa Teresinha. O capítulo traz ainda as abordagens mais primitivas do teatro por meio dos Festejos de Bom Jesus e São Sebastião.
O segundo capítulo, Ferreirinha: trupe pioneira, retrata a luta dos artistas para rever o terreno da Rua Simplício Moreira visando à construção de um local adequado para comportar as mais diferentes abordagens artísticas da cidade. A autora mostra também a efervescência dos grupos teatrais, em meados de 1970 a 1990, que já estiveram em mais evidência do que hoje.
Em meados de 70, um grupo de jovens, sob a direção do teatrólogo Pedro Alves Silva, o Pedro Hanaye, formou o grupo PRITEI – Príncipe Teatro de Imperatriz, o qual, em 1976, encenou a peça “Gente no Sertão”, que participou da I Mostra Maranhense de Teatro, em São Luís. O sucesso da peça teatral foi tão grande que, no ano seguinte (1977), a II Mostra foi trazida para Imperatriz e o PRITEI apresentou a famosa peça “Pedro do Mato”.
O terceiro, Roda gigante: o teatro de formação e ensino, a jornalista reflete o trabalho das companhias teatrais Cia. Ilustre de Teatro, do professor e diretor Pinho Gondinho, e Em Cima da Hora, do maestro Giovane Pietrinni. No quarto capítulo, Os irreverentes: Cia. de teatro Okazajo, a autora retrata o surgimento do grupo, os bastidores, assuntos polêmicos como a homossexualidade, os problemas sociais das mais diversas formas.
No último capítulo, Horizonte Distante, traz a retórica da luta da classe, para um local adequado para a disseminação das mais variadas manifestações artísticas. A jornalista encerra tornando sua obra forma de protesto. “Nele as vozes dos artistas ganham força, como se juntos gritassem contra a corrupção, o descaso das autoridades com a cultura local, a pistolagem e a reivindicação geral por melhores condições de trabalho”, afirma Kalyne.
Entre estas reivindicações, a ampliação e melhoria do Teatro Ferreira Gullar e a construção de um Centro Cultural, onde está localizado o prédio abandonado da CAEMA, no bairro da periferia de mesmo nome. Kalyne Cunha observa as dificuldades de apoio na área cultural e enfatiza que o mercado gráfico da cidade não é atrativo. “E isso faz com que o valor final do livro aumente”, conclui a autora.