Raimundo Primeiro

Fazendo referência às tradicionais barracas espalhadas ao longo das rodovias federais e estaduais que cortam o Maranhão, sobretudo as que ficam localizadas no povoado Trecho Seco, entre Imperatriz e Açailândia, pontos de vendas de vários produtos, aproveito para perguntar: “você já se imaginou morando em um país onde as mercadorias seriam colocadas à venda sem ninguém tomando conta?” 
Parece ser imaginação, algo surgido da mente criativa de um autor de roteiros para o cinema e a televisão. Mas, evidentemente, não é.
O país do qual estou lembrando, porém, não consta de obra de ficção. É real. Ele existe e fica situado na Oceania. Estou falando da Nova Zelândia, local com a menor percepção de corrupção do mundo, de acordo com a Transparência Internacional, Organização Não Governamental (ONG), sediada na Alemanha, que levanta o nível de corrupção nos países.
Os “pague-pegue”, as chamadas “caixas da honestidade”, com as pessoas comprando e pegando no ato, sem ninguém olhando, mostram que ainda é possível acreditar no Brasil. 
Uma terra, que, apesar das adversidades, a maioria, obviamente, advindas do meio político em decorrência da conduta antiética dos nossos chamados “representantes políticos”, que criam um amontoado de leis impraticáveis, à cata da solidificação de seus projetos políticos, ainda tem jeito. 
O país é gigante pela própria natureza!
É vergonhoso saber que os políticos continuam vitimizando os brasileiros ante aos descalabros praticados nas diversas esferas da área pública, burlando leis e desdenhando dos brasileiros, principalmente a menor camada da população, que se distancia meteoricamente cada vez mais dos meios capazes de transformá-la, fazendo-a sair do senso comum e, a partir daí, esclarecida, capaz de reagir, criticar, colocar a “boca no trombone”. 
Tamanhas são as atrocidades decorrentes do descompromisso por parte de nossos “representantes políticos”, nos diversos cantos do Brasil, que, infelizmente, grande parte da classe média tendeu a não comparecer às urnas, já no pleito passado. 
Não obstante, inclusive em solo maranhense, o povo, já sofrido, passou a ser algoz de políticos que se omitem, não mostram verdadeiramente os resultados das ações que realizam (será que isso acontece?). 
Os rearranjos são vistos com maior intensidade, numa demonstração inequívoca de que deputados federais e estaduais, além de prefeitos e vereadores, permanecem sem vínculos verdadeiros com as aspirações advindas dos diversos setores da população.
Sem falar dos senadores, em suas castas, afastam-se da massa, tão logo assumem seus cargos; função conseguida, todos sabem, por meio do voto, do crédito dado por número significativo de pessoas que acreditaram em suas propostas, os tais discursos de palanques, durante suas campanhas eleitorais.
O legado que deixarão, pelo visto, em nada honrará as próximas gerações. 
Enquanto isso, todos continuam ávidos por aumentos patrimoniais, como mostraram os escândalos ocorridos no âmbito político ao longo dos anos, com ênfase para os mais recentes, incluindo-se, no bojo da discussão, o da “Lava Jato” e da Petrobras, que, em sessenta anos de existência, quase fora derrocada em pouco mais de uma década.
Durante treze anos, os desvios de dinheiro balançaram as suas estruturas. Quase a nossa estatal do petróleo teve suas portas fechadas. Andou perto da falência, da bancarrota. E o Mensalão?
Não é um povo inculto que vai julgar as artes, serão as artes que vão julgá-lo. 
Diante de tal premissa, faz-me questionar o sistema político brasileiro. Que futuro terá o país e sua população? Pergunta cuja resposta permanece uma incógnita. 
Que bom seria se os pseudos políticos, os tais “representantes do povo”, 
atentassem para a relevância da frase que li dia desses, cujo nome do autor não constava no material, observando o seguinte: “quem semeia honestidade colhe frutos perfeitos, mesmo num pomar repleto de pragas”.
Ou seja, quando a pessoa atua com bons propósitos, focada em efetivamente atender as necessidades de sua comunidade, apesar de a mesma ficar no meio daqueles descompromissados, com interesses próprios (e escusos), não se mistura, não se esquece dos ensinamentos repassados por seus pais e/ou responsáveis; o aprendizado de vida tem de falar mais forte. E a mesma obtém êxito.
Infelizmente, aqui parafraseando Victor Lasky, “na política não há amigos, apenas conspiradores que se unem”.
A propósito, reforço que eles se unem, firmam as tais alianças, em detrimento das reivindicações dos brasileiros de um modo geral, lamentavelmente.
Em 2020, teremos eleições, portanto, pensemos, analisemos bem os nomes. E, só 
depois, obviamente, conscientes, iremos às urnas. Aí, estaremos contribuindo com o real processo de desenvolvimento do Brasil. E nosso também.
Segundo o dicionário, desonesto é: “quem não é honesto, que denota intenção de enganar, de ludibriar; insincero, falso, torpe”.
O povo mudou de comportamento. Que a pandemia sirva para reflexão para os nossos políticos!
Abençoado fim de semana!