Geovana Carvalho
“Cheguei aqui em 2003, não tenho parente nem aderente aqui, tava morando ali numa casa e adoeci, aí eu vim pra cá”, diz seu Luís Alves da Silva, 90 anos, morador do Lar São Francisco de Assis, também conhecido por Abrigo dos Velhos.
O Lar São Francisco de Assis tem hoje 47 moradores. Os “internos”, geralmente, não têm parentes na cidade. No entanto, o lugar abriga também casos de idosos encontrados nas ruas - a polícia recolhe e leva ao abrigo. Há situações em que a família passa por dificuldades e opta por deixar, em caráter provisório, o idoso no Lar e há ainda os casos em que o idoso é encaminhado pela justiça, após denúncias de sofrerem violência em casa. “Muitas denúncias são feitas aqui, então repassamos ao Conselho do Idoso, que toma as devidas providências”, explica o coordenador do asilo, Francisco Pereira Lima.
A maioria permanece no Lar até o fim dos dias. O coordenador afirma que desde a fundação – há mais de trinta anos – somente dois idosos, entre os “internos” permanentes, voltaram para suas casas.
No primeiro sábado de cada mês, é realizada missa no Lar. “Distribuímos a Comunhão aos presentes, os que não podem comparecer levamos até ele. Necessitamos da proteção e ajuda de Deus. (...) Aqui agradecemos a Deus por sua ajuda e pelo ânimo de viver esse tempo na terra”, diz Padre Gildásio, após a celebração. Na ocasião, pessoas da comunidade mais próxima comparecerem e interagem com os idosos. “A própria família exclui, a gente chega perto e é só isso que eles querem: sentir a presença de alguém, segurar a mão... só a presença para eles é confortante. Sinto-me útil, eles fazem mais bem a mim do que eu a eles”, comenta Valdecí Marques, visitante [do grupo religioso].
“Seu” Francisco Celestino, 76 anos, é morador e porteiro da casa. Ele conta que mudou em 2002 para o abrigo. “Minha mãe, Maria Carlota de Souza, foi uma das fundadoras do Lar, ela pediu para vir pra cá e eu acompanhei ela. Eu morava no Bacuri. Ela veio e eu passava o dia aqui [com ela] e passava a noite em casa. Quando minha mulher morreu, em 2005, eu fiquei [aqui] de vez”.
O coordenador Francisco Lima diz que o Lar São Francisco de Assis é mantido com recursos dos próprios idosos: “70% da aposentadoria são para custos com funcionários e 30% ficam com eles, para comprar remédios...”. Ainda conforme Francisco Lima, há voluntários que fazem doações, regularmente. Entretanto, o coordenador reforça que o lar está aberto a receber todo tipo de doações.
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