Hemerson Pinto
Quem visitou a Praça de Fátima na manhã de ontem se deparou com um grupo vestido de azul, liderado pelo juiz eleitoral Marlon Reis, um dos fundadores do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral. Com uma mesa cheia de canetas e fichas, o juiz e seus auxiliares abordavam quem passava pela praça e explicavam em detalhes o que é o projeto “Eleições Limpas”.
“Queremos mudar os padrões eleitorais brasileiro. Queremos atingir as causas da corrupção que acontece já nas eleições. Se queremos administrações limpas, mandatários honestos, teremos que fazer com que as regras facilitem a candidatura de pessoas de bem. Elas (regras) não podem ser caras como são. Estamos propondo a retirada das doações feitas por empreiteiras, bancos e mineradoras, que são a base das doações eleitorais atualmente. Até o narcotráfico participa financiando campanhas. Queremos disciplinar isso. Empresa nenhuma doa por amor à democracia. Doa para receber de volta com licitação fraudulenta”, revela o juiz.
No corpo a corpo, Marlon Reis também informava que o MCCE trabalha há 13 anos com a metodologia de estar nas praças, escolas, levando a ideia de mudança no sistema eleitoral, “de baixo para cima”, como ele diz. Em 1999 o movimento criou a primeira lei de iniciativa popular do Brasil, que foi contra a compra de votos. Em 2010, cerca de 1 milhão e seiscentas mil assinaturas garantiram a aprovação da conhecida ‘Lei da Ficha Limpa’. Para a aprovação da lei de ‘Eleições Limpas’, o magistrado afirma que também é necessário o mínimo de 1,5 milhões de assinaturas, o que representa 1% do eleitorado do país.
“Precisamos mudar o sistema político brasileiro, acabando com o chamado ‘efeito tiririca’, onde o cidadão vota em um e acaba elegendo outro sem ter consciência disso. Não é um processo transparente. Queremos substituir este modelo por um modelo com menos candidatos, com impossibilidade da transferência do voto de um para outro”, complementa.
Outra mudança necessária, aponta Marlon, está relacionada aos partidos políticos brasileiros. “Eles estão degenerados”, declara apontando outro desejo do MCCE: “resgatar os partidos para democratizá-los”. A coleta de assinaturas para o projeto “Eleições Limpas” começou no dia 24 de junho em todo o país.
Após assinar a favor do projeto de lei de iniciativa popular, o aposentado Antônio Fernando Costa desabafa: “Estou enojado, perdi o entusiamo, o estímulo de entrar numa seção, de ir até uma urna para votar, o que eu tinha antigamente. Assinei porque estou enojado com a corrupção política no país. Penso nos meus netos, que já estão por aqui”.
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