Maria das Graças Carvalho de Souza, colega de faculdade
Conheci o Lamarck em 1980, quando fomos aprovados no concurso vestibular e ingressamos no curso de Direito na Universidade Federal do Maranhão, em Imperatriz, fazendo parte da primeira turma e inaugurando a extensão daquele curso no interior do estado. Ele era o mais velho da turma e todos brincávamos com isso chamando-o de decano. Em contrapartida, ele nos brindava com muitas estórias e piadas.
Em razão das muitas dificuldades encontradas, pois a UFMA não possuía prédio próprio nesta cidade, vivíamos mudando de local e sofrendo restrições variadas e muito desconforto, inclusive a falta de energia que, na época, era constante, e nos obrigava a estudar à luz de velas, além de não dispormos de lanches, biblioteca, nem de espaço de convivência.
Entretanto, ao invés de reclamações, vivíamos celebrando a possibilidade de conquistar um diploma de nível superior, que nos levaria a galgar posições melhores na vida, o que de fato se materializou para quase todos os quinze colegas que concluíram o curso, colando grau em 1985, mas só recebendo o diploma, reconhecido pelo MEC, depois de uma longa batalha judicial.
Lamarck era uma pessoa alegre, positiva, sempre com um sorriso no rosto, atendia a todos que o procuravam em busca de esclarecimentos sobre assuntos variados, pois possuía uma cultura geral ampla e estava sempre disposto a compartilhar o seu conhecimento.
Ideologicamente, se declarava de direita, defendia as ideia de Maquiavel, John Locke e Adam Smith, e detestava Karl Marx o que, vez por outra, gerava longas discussões ente mim e ele. Defensor do "governo de poucos", costumava elogiar Sarney, a quem reconhecia como um gênio da política brasileira.
Cidadão, pai de família, amigo e profissional competente, Lamarck marcou a vida política e jurídica de Imperatriz, deixando, com a sua morte, um vácuo que certamente vai demorar a ser preenchido.
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