Willian Marinho

“Nosso pai foi um grande homem, um grande pai de família, um exemplo a ser seguido, um motivo de orgulho e admiração para todos aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo”. É com essas palavras que o deputado Léo Cunha, Alzira, Ribamar Filho, Leowdson, Neilamy, Edson, Karla e Daniele Cunha, filhos de José de Ribamar Cunha, o definem, ao falarem da sua trajetória de vida, que se iniciou no dia 12 de junho de 1931 e foi interrompida no último domingo (09), no Rio de Janeiro, após ter sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC), quatro dias antes, em Imperatriz.
Ribamar Cunha era natural de Pastos Bons, mas foi em Imperatriz que ele se estabeleceu desde a década de 60, sendo motivado pelo desenvolvimento promissor que caracterizava a cidade naquele momento. E foi em Imperatriz que ele deu asas ao seu espírito empreendedor, que fez com que sua cidade natal ficasse pequena diante de tanta vontade de avançar.
Quando chegou a Imperatriz, ele trouxe dois caminhões carregados de secos e molhados, os quais vendeu. Por conta disso, decidiu permanecer de vez na cidade, onde montou seu primeiro negócio: de artífice e relojoeiro, em um quarto de pensão na Rua 15 de Novembro.
Dias depois, retornou a sua cidade natal, onde havia deixado sua esposa Maria Odenice de Sousa Cunha, a “Didi”, com quem foi casado durante mais de cinquenta anos, grávida de sua primeira filha, Alzira Cunha. Quarenta dias depois, o casal e a filha recém-nascida subiram na carroceria de um Chevrolet e mudaram-se para Imperatriz. Na bagagem, apenas a cama, um colchão de mola, uma cristaleira, malas, três caixas e dois sacos de estopa. Foram três trocas de caminhão e oito exaustivos dias de viagem – um percurso que, hoje, é feito em apenas oito horas.
Em Imperatriz, suas habilidades como artífice e relojoeiro eram muito requisitadas. Não havia quase nada que não consertasse.
Como resultado do seu empreendedorismo e de muito trabalho e dedicação, ele comprou o Café Viana, em 1969, que mais tarde tornou-se um dos produtos que mais contribuíram para a projeção do nome de Imperatriz no cenário econômico estadual e regional.
A cidade de Imperatriz sempre teve um lugar especial no coração de Ribamar Cunha, que chegou a recusar diversos convites para transferir seus negócios para outros locais, inclusive capitais. Para os convites, ele respondia: “Conheço e valorizo o potencial e a liderança de Imperatriz. Aqui comecei, aqui cresci, aqui vou ficar”.
Ao longo de mais de quatro décadas, ele criou, ampliou e consolidou empreendimentos nos diversos setores da economia. No setor primário, desenvolveu atividades agropecuárias com diversas fazendas em Imperatriz e região.
No setor industrial, despontou a empresa-líder do grupo, a Produtos Alimentícios Ribamar Cunha, que faz o produto-líder no gênero em diversos pontos do Maranhão e outros Estados. Ainda no ramo alimentício, teve uma indústria de salgados (Snacks). Nas duas empresas industriais, trabalham cerca de 200 colaboradores.
Ainda no setor industrial, fundou a empresa Marabella, uma indústria de cerâmicas que já atua no mercado desde janeiro de 2008, com capacidade instalada de 2 milhões de peças, entre tijolos e telhas, agregando nesta, ainda, um grande e novo negócio: a distribuição, em todo o Sul do Maranhão, de cimento, com exclusividade, a marca APODI (Grupo M.Dias Branco). Nesta empresa trabalham cerca de 60 colaboradores diretos.
No setor terciário (comércio e serviços), o Grupo Ribamar Cunha tem distribuidora e postos de gasolina, onde trabalham perto de 40 pessoas. Ao todo, pode-se estimar que mais de 500 famílias, o equivalente a duas mil pessoas, são mantidas por intermédio de suas relações de trabalho nas empresas do grupo. Ribamar Cunha trouxe para as empresas a filosofia de união e estabilidade que imprimiu na própria família e, como exemplo, há diversos funcionários que estão há quase 30 anos trabalhando e convivendo no grupo.
Muito antes de surgirem os conceitos de cidadania empresarial ou responsabilidade social, ele já assistia e apoiava iniciativas em favor de instituições, pessoas e comunidades, em seus projetos sociais, comunitários e profissionais.
Muitas dessas iniciativas permanecem anônimas, guardadas apenas nos registros contábeis e na memória dos beneficiados. Entretanto, algumas entidades, reconhecendo esse esforço, decidiram voluntariamente homenagear Ribamar Cunha e seu grupo empresarial.
Entre essas entidades, citem-se a Universidade Federal do Maranhão (campus de Imperatriz) e o Centro Acadêmico de Ciências Contábeis, a Associação Médica de Imperatriz, Justiça Estadual de Imperatriz, Igrejas, Escolas, Ministério do Exército (50º BIS), 3º Batalhão da Polícia Militar, Prefeituras de Porto Franco e de Imperatriz, entre outras. Ribamar Cunha foi um dos fundadores da Maçonaria e dos clubes Juçara e Tocantins.
Uma de suas ações sociais mais gratificantes é o apoio prestado à Escolinha de Esportes Janduí, uma das mais tradicionais e reconhecidas de Imperatriz e região, que trabalhou com cerca de 460 crianças e adolescentes, sendo 260 jovens atletas de times de futebol.
Ele também foi ativo membro para a organização e o fortalecimento de entidades representativas de suas atividades empresariais, contribuindo, por exemplo, para a fundação do Sindicato Rural de Imperatriz, que lhe homenageou por ter sido um dos seus cinco primeiros sócios. A Associação Comercial e Industrial de Imperatriz igualmente lhe reconheceu o mérito, homenageando-o como “Empresário do Ano”.
Ribamar Cunha foi um homem abençoado, afilhado de “Padim Ciço” Romão Batista, como reza um documento guardado por ele com muito carinho. E é por conta de tudo isso que seus 8 filhos e 14 netos sentem tamanho orgulho de sua história.
Uma história de muito trabalho, coragem, dedicação, lutas e conquistas, reconhecida não somente pelos mais próximos, mas entre pessoas de vários setores, inclusive pela própria governadora Roseana Sarney, que em nota, onde lamentou seu falecimento, afirmou: “Lamento profundamente a perda de Ribamar Cunha, que sempre será lembrado por contribuir com o desenvolvimento econômico do Maranhão”. Uma demonstração de que o seu trabalho deixa um legado tão amplo que vai além da região onde implantou seus negócios, pois os benefícios elevaram não apenas o nome de Imperatriz, mas de todo o estado do Maranhão.