*Dijé Guedes
O jornalista enquanto profissional da imprensa tem nas mãos, digo na profissão, um poder que ele mesmo muitas vezes desconhece. Estudiosos de comunicação e semiótica consideram a imprensa, na atualidade, não o quarto, mas o primeiro poder. Isto devido ao seu desenvolvimento, ao avanço tecnológico e à forma ostensiva como a mídia faz parte da vida das pessoas e da sociedade em geral. Se não verdadeiro, este pode ser considerado um pensamento muito próximo da verdade, mas sem dúvida, presente na realidade atual das comunidades e dos guetos da vida.
Para concordarmos, basta observarmos o comportamento das pessoas e das sociedades com relação à presença ou participação da imprensa nos acontecimentos de qualquer natureza e em qualquer que seja a situação ou circunstância. Nos protestos populares, nos movimentos grevistas, nas mediações entre polícia e delinquentes, nas catástrofes ou nas premiações glamorosas, lá está a figura do jornalista. Não só como mero registrador de fatos ou contador de histórias, mas como parte fundamental no desfecho de tais situações. Às vezes para as pessoas figura como uma espécie de anjo da guarda, para garantir, por exemplo, atendimento a alguém que peregrina de hospital em hospital em busca de socorro médico. Outras vezes como garantia de segurança e até de vida. É o caso de malfeitores que se valem do poder do testemunho da imprensa para garantir sua integridade física ao se render a quem por dever legal e institucional deveria lhe garantir tal direito. O poder da profissão de jornalista é tão real para as comunidades que muitas vezes os casos de polícia e de justiça se confundem com o trabalho da imprensa. Se alguém sofre algum tipo de agressão ou se sente ameaçado, lesado, etc., logo se defende: "vou chamar a imprensa". E esta, quando solicitada, muitas vezes soluciona o problema, apenas dando direito de voz a quem clama por isto.
Como fundamental espaço público de discussão, a imprensa exerce um papel fundamental para o aprofundamento da democracia. O que o jornalista (que desfruta de credibilidade) mostra na tv, diz no rádio ou escreve no jornal é lei para quem vê, ouve ou lê. O jornalista é o porta-voz do pensamento do povo para o próprio povo. Por isso deve ter total responsabilidade com o que publica. Deve ter compromisso com a verdade, com o pluralismo, checar informações e não fabricar a verdade, a sua verdade. Deve estar "em cima do muro" não por indecisão, mas para ter uma visão ampla dos fatos, investigá-los e publicá-los com imparcialidade. A liberdade de pensamento e de expressão deve limitar-se no direito do respeito ao anonimato. O jornalista deve exercer o seu ofício - tão árduo quanto doce - se possível, sem vaidade, mas com muito esmero. Se assim agir, manterá sempre uma linha direta com a comunidade.
Aos nobres colegas, parabéns pela data e vamos à luta "matar" o leão de hoje.
Publicado em Cidade na Edição Nº 14973
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