Roberto Wagner *

A queda do ministro Nelson Teich deixa evidente pelo duas coisas: (a) não há um único médico realmente sério que esteja disposto a referendar, por muito tempo, o que diz e pensa Bolsonaro no quesito combate à pandemia da COVID-19 e (b) é muito pouco provável que ele, Bolsonaro, venha ter a chance de nomear um quarto ministro da Saúde.
Explica-se: a não que surja um irresponsável qualquer pregando, como deseja o presidente, o fim das medidas de distanciamento social como solução para os gravíssimos problemas do país, é certo, ou quase certo, que ninguém de peso cometerá a suprema ousadia de chancelar, tal e qual, as maluquices sustentadas por Bolsonaro no que se refere ao enfrentamento do novo coronavírus.
Lado outro, uma altamente provável futura demissão daquele que vai substituir Nelson Teich haverá de coincidir, pelo que dá para prever a partir do andar da carruagem, com a queda, finalmente, do próprio presidente, o que fará com que seja o general Mourão aquele que se incumbirá de escolher e dar posse ao quarto ministro da Saúde.      
É que a crise que arrasta o país para o centro de um turbilhão cada vez maior e mais incontrolável, começa a dar sinais de que a solução passa, inarredavelmente, pela renúncia do presidente, cujo governo já está há um bom tempo na UTI, funcionando por aparelho. Entubado e em coma induzido, Bolsonaro já não responde, satisfatoriamente, a qualquer estímulo, levando a crer que a sua saída, por via de inexorável renúncia, é uma questão de dias, ou semanas, no máximo.
Afirmo, categoricamente, que nenhum brasileiro de minha geração viu crise institucional pior do que a que estamos vivendo nos dias de hoje. O Brasil, sem nenhum exagero, está simplesmente sem qualquer comando responsável, enquanto passamos a assistir, completamente indefesos e atordoados, perto de 1.000 brasileiros morrerem de COVID-19 todos os dias, enquanto o presidente, qual um doidivanas, faz de conta que nada está errado, que nada está fora de controle.
Está tudo de ponta cabeça, o país está mergulhado em um caos sem precedentes, a nação está em lágrimas e já não há lenços suficientes para secá-las. Ou sai Bolsonaro, ou continuaremos a assistir esse triste espetáculo que está enlutando o já tão sofrido povo brasileiro.
Até a próxima.

* É advogado