Illya Nathasje
Depois de anos de puxa e encolhe e até objeto de disputa política entre um deputado federal, Davi Alves Silva Júnior, e um suplente, Francisco Escórcio (nenhum dos dois, apesar da reivindicação da paternidade da obra, resultou eleito nas eleições de 2014), a Duplicação e Adequação da Capacidade e Segurança da Rodovia BR-010 na Travessia Urbana de Imperatriz foi finalmente iniciada (depois de 3 anos) há quarenta e cinco dias. Vencedora da licitação, a empresa Edeconsil – Construções e Locações Ltda fez divulgar nota onde solicitava num prazo de 72 horas a retirada de placas de outdoor e placas luminosas colocadas na faixa de domínio da rodovia. Até agora, tem sido pouco atendida.
Vindas do sentido norte, Ribeirão da Lagoa Cercada, nas proximidades do posto da Polícia Rodoviária Federal, máquinas trabalham diariamente. O ritmo dos trabalhos é lento, quase que imperceptível. Na lateral direita da rodovia é possível perceber o alargamento da faixa de terra, onde tratores promovem a retirada de pedras, tocos de árvores, cascalho e outros objetos para que, a seguir, retroescavadeiras “patrolem” a área, buscando preparar o terreno ao nível mínimo para as etapas seguintes.
Conclusão prevista em 3 anos
Mais que necessária para desafogar o trânsito ao longo de Imperatriz, a Duplicação e Adequação da Capacidade e Segurança da Rodovia BR-010, mais conhecida como duplicação da BR, tem seu tempo previsto para 3 anos. Placa do DNIT afixada na BR na altura do KM 260 (posto Vale do Sol) aponta como valor a ser gasto na obra a quantia de R$ 168 milhões e 750 mil.
Com o compromisso de não terem seus nomes revelados, mais de uma pessoa consultada afirmou que o prazo de 3 anos é curto e que a obra pode chegar a seis anos. Já o valor tende a ser aditivado. E há justificativas: um exemplo reside na antiguidade da confecção do projeto, de quase seis anos atrás, tempos em que o Shopping Imperial não existia e o Terminal Rodoviário era na confluência da BR, com as ruas Tupinambá, Alagoas e rua Sergipe. Duas situações que exigem adequações ao projeto por serem obras não projetadas, não calculadas, o que significa aumento de despesas.
A primeira pelo volume de tráfego que passou a acarretar e a segunda pelo tráfego de ônibus, táxis e outros, que deixou de existir, transferido que foi para o novo terminal, com acesso pela marginal direita (sentido Imperatriz-Açailândia) no Jardim Tropical, depois da Tocauto e antes da Avenida Jacob. Além dessas, uma incógnita é o que será feito com o viaduto existente em meio à BR no Entrocamento. Construído ainda no Governo Lobão, apesar de sua solidez técnica, já que nunca apresentou problemas, o viaduto construído para ser uma passagem de um lado a outro da cidade, é uma dor de cabeça. Simplesmente tira o tráfego de uma marginal para alimentar outra, obrigando o motorista que já havia disputado faixa de trânsito de um lado a disputar de novo, desta vez para sair. Viaduto Sumô! Você não sabe como entra, nem como sai, classifica quem o utiliza todos os dias.
A princípio, já que o projeto de Duplicação e Adequação da Capacidade e Segurança da Rodovia BR-010 na Travessia Urbana de Imperatriz não contempla o atual viaduto, seu destino será a demolição, afirmou um dos engenheiros responsáveis, ao final da obra. Feita a observação que seu aproveitamento poderá ser efetuado. “Mais isso é outra questão... a ser analisada”.
Travessia terá 8 viadutos
A rodovia Belém-Brasília ou BR-010, como é conhecida entre nós (no Tocantins ela é BR-153), uma das mais importantes do Brasil e classificada em seu perímetro urbano como uma das 100 mais perigosas entre as rodovias federais, é problemática e seu diagnóstico é crítico: além da interferência do comércio e serviço nas vias marginais, possui geometria inadequada nos viadutos de retorno, deficiência de sinalização e alto risco de acidentes nos acessos, notadamente na altura da Capri Veículos e nos acessos das avenidas Liberdade e JK. Esse quadro, agravado pela imprudência ou irresponsabilidade de muitos, já provocou mais de 600 acidentes e inúmeras mortes em apenas um ano.
Sua parte urbana compreende desde a divisa ao sul, do município de Davinópolis (altura dos trilhos da Ferrovia Norte Sul) e ao norte, até o Barra Grande (altura do posto da Polícia Rodoviária Federal) aproximadamente dez mil veículos, a maioria caminhões, trafegam todos os dias. Automóveis, motocicletas e bicicletas compõem o quadro, isto é, o caos, agora agravado pelo tráfego de “julietas”, bitrens com até 29,90 metros de comprimento das empresas que prestam serviço para a Suzano Papel e Celulose e vêm contribuindo para aumentar as ocorrências, com mortes, inclusive. A essa movimentação, acrescenta-se, em seu cruzamento, algo em torno de oito mil veículos de todos os tipos, de passeio a serviço, que trafegam no sentido Imperatriz-João Lisboa e municípios além (Senador La Rocque, Buritirana e Amarante); e ainda para os municípios vizinhos no entorno de Imperatriz e seu acesso ao estado do Tocantins, com suas 23 cidades localizadas no Bico do Papagaio e que fazem daqui seu entreposto comercial para o abastecimento de grãos e cereais. Melhor, então, deixar aos descrentes suas incertezas e melhor ficar com as expectativas.
Seus 14,4 quilômetros de extensão, planeja o inicio da obra na altura do Posto Vale do Sol e concluída na Ponte do Ribeirão Lagoa Cercada (nas proximidades da Polícia Rodoviária Federal), as obras da travessia urbana de Imperatriz por sua complexidade suscita dúvidas e expectativas. As dúvidas são oriundas dos descrentes e relacionadas a sua conclusão.
A proposta da duplicação é uma melhor fluidez no tráfego, condição de acesso seguro para entrada e saída na BR, integração nos dois sentidos para o tráfego local, além de drenagem. O eixo central terá duas pistas, com quatro faixas de tráfego no sentido mão e contra mão. Já nas laterais cada pista marginal (direita e esquerda) serão três faixas em um sentido único. Em seu bojo, oito viadutos e acessos tipo agulha para cada entrada e saída. Os acessos serão efetuados da seguinte maneira: marginal para marginal será efetuado por baixo dos viadutos; acesso das marginais para a BR e da BR para as marginais serão efetuadas por agulhas. Quatro pontes serão construídas, em substituição as atuais, no Cacau e no Ribeirão da Lagoa Cercada. As outras duas serão construídas nos acessos à ponte Dom Felipe Gregory. Os viadutos ficarão assim localizados: 1º Viaduto: Posto Vale do Sol; 2º Viaduto: em frente ao Parque de Exposições Lourenço Vieira Silva; 3º Viaduto: Estádio Pereirão; 4º Viaduto: Posto Texaco (altura da ponte do Cacau); 5º Viaduto: na altura do Shopping Imperial; 6º: em frente à Hyundai; 7º viaduto: quase nas imediações do Novo Terminal Rodoviário e 8º viaduto: proximidades do Fribal (antigo Frigorífico Vale do Tocantins).
Ritmo lento é explicado por inércia de empresas
À empresa Edeconsil, a reportagem de O PROGRESSO questionou o andamento lento das obras. Ouviu de volta que empresas de telefonia e a Cemar contribuem para o atraso. Fato esse endossado pela supervisora da Unidade Local do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), engenheira Marlice Magalhães Ramos, ao confirmar as dificuldades no andamento das obras e sua preocupação com o atraso provocado pela não retirada dos cabos, acrescido da chegada do inverno. “Já promovemos todas as reuniões necessárias com esse objetivo, e não temos uma resposta que atenda à demanda”. A permissão para implantação dos cabos foi concedida pelo DNIT, que cedeu o espaço a título precário e já de algum tempo solicitou às operadoras Embratel, OI, Vivo e TIM que procedessem a retirada. Dessas, apenas a Embratel já atendeu plenamente a exigência.
O xis da questão se encontra na retirada dos cabos de fibra ótica que, implantados ao longo do leito da rodovia, impedem o avanço das máquinas. Das quatro empresas, Embratel, Oi, Tim e Vivo, apenas a primeira fez sua parte. Consultada, a OI, através da assessora Filomena Brandão, enviou resposta técnica onde afirma: “(...) que já está trabalhando no remanejamento dos cabos de fibra ótica no trecho mencionado pela reportagem”. Na semana que passou, trabalhadores terceirizados quando encontrados trabalhando em postes instalados na rodovia, afirmaram à reportagem terem concluído o bloqueio dos cabos e que a etapa seguinte seria a fusão. Na explicação deles, se dependessem daquela empresa, os trabalhos seguiriam em ritmo normal. Tim e Vivo não se pronunciaram.
Por fim, através de sua assessoria de imprensa, sob o título CEMAR ESCLARECE SOBRE AS REDES DE ENERGIA ELÉTRICA NA BR-010 EM IMPERATRIZ, a empresa de energia enviou a seguinte nota: A Cemar informa que, ao ser comunicada pelo DNIT sobre a duplicação da BR-010, iniciou os estudos de viabilidade técnica para a relocação dos postes em um trecho de 14 km. Esse estudo está em fase de conclusão e dentro do prazo alinhado nas reuniões já realizadas, uma vez que envolverá o deslocamento de uma Linha de Transmissão em 69 KV, duas Linhas de Transmissão em 34,5 KV e de diversas Redes de Distribuição de energia elétrica na área urbana de Imperatriz.
Na condição de concessionária de distribuição de energia elétrica, a Companhia tem realizado diversas intervenções nas redes de distribuição em parceria com o DNIT, tanto para o fortalecimento do sistema elétrico no estado como para obras de interesse do citado órgão.
Cabe esclarecer que esse tipo de intervenção obedece às regras definidas pelo setor elétrico brasileiro, com a elaboração do projeto de viabilidade e programação de execução, uma vez que tais obras envolvem o desligamento do fornecimento da energia elétrica, que será conduzido conforme estabelece a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL.
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