Raimundo Primeiro
A inteligência é algo que está intrinsecamente ligada ao ser humano desde a tenra idade. A criança, talvez por saber que tem atenção especial garantida, quer ser o centro do universo. Os estudos mostram que, ainda cedo, durante o período compreendido entre os 4 e 6 anos, se diz absolutamente dona da razão – ou seja, é o cerne do seu mundo. Paralelamente, sabe que o que fizer terá o respaldo, a guarida, o endosso dos pais. Sabe que eles são seus protetores, principalmente as mães. Por elas, elas fazem de tudo... Enfrentam até feras! Os registros e as pesquisas ratificam tal constatação.
Pouco tempo depois, dos 6 aos 8 anos, percebe que outras pessoas podem interromper uma situação de forma diferente. Antes, no período conhecido por Operação Concreta, mostra-se mais realista e não mais com o mesmo potencial de “dona de tudo”, de absoluta liderança. É aí que se encontram abertas as portas para as múltiplas escolhas. Entende que fantasia é algo diferente, que nada tem a ver com a realidade, sabe ou tenta discernir as coisas.
Por não ser adulta, não pode compreender as situações sérias, os emaranhados que a vida lhe apresenta cotidianamente. Seu raciocínio ainda encontra-se em processo de efetivo desenvolvimento.
Durante o período que termina aos 12 anos, conhecido como adolescência, tem preocupação norteada em compreender os princípios da moralidade. Isto é, pouco imagina as perspectivas de uma terceira pessoa e aceita que pessoas diferentes pensam de forma diferente. Nesta fase, aumenta sua capacidade de interpretação e compreensão.
Quer respostas novas, diferentes, incomuns para as perguntas – aí que entra a necessidade de brincadeiras com jogos. O estímulo, mas, sobretudo, a criatividade, tem de ser aguçada. É preciso instigá-la, verdadeiramente.
Os estudos sobre crianças são muitos. Entretanto, vale frisar, a propósito, a conclusão de Jean Piaget, destacando que o pensamento infantil passa por quatro estágios, desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade de raciocínio é atingida.
De acordo com o psiquiatra e educador Içami Tiba, o erro mais frequente na educação do filho é colocá-lo no topo da casa. O filho não pode ser a razão de viver de um casal. O filho é um dos elementos. O casal tem que deixá-lo, no máximo, no mesmo nível que eles. A sociedade pagará o preço quando alguém é educado achando-se o centro do universo.
Criar filhos não é tarefa fácil. Algo que, além de extremamente complicado, faz surgir um conjunto de tarefas imprescindíveis, sobretudo o senso de envolvimento e responsabilidade que se deve ter. Por tais razões, que muitos pais e/ou casais, amadurecem o assunto quando entra em cogitação a pauta cujo tema é “vamos ter uma criança”.
O também psiquiatra, palestrante e educador, Augusto Cury, diz que submeter as crianças a um excesso de informação e de atividade “é quase um crime contra a formação de um ‘Eu Saudável’”.
Finalizando, da adolescência em diante, percebe que existem valores diferentes.
Para refletir: “A criança julga-se proprietária do mundo, e às vezes o é, de berço”. (Carlos Drummond de Andrade)
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